Brasil esteve sequestrado por um governo neofascista, diz João Barone

Em artigo no Estadão, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso fala sobre o combate à desigualdade que aflige o Brasil e pede por mais cidadania

Foto: Janete Watanabe/EBC

Nesta segunda-feira (21), o baterista da banda Os Paralamas do Sucesso, João Barone, dissertou em artigo no Estadão, que publica como colunista convidado, sobre a desigualdade social brasileira.

Ao longo do texto, Barone expõe suas preocupações com a ausência do estado em diversas instâncias da sociedade, o que acarreta o aumento da violência urbana (pelo tráfico e por milicianos) e no campo – em que a falta de reforma agrária criou um cenário de grilagem, desmatamento e garimpo ilegal.

Para completar, destaca que falta planejamento e mecanismos para otimizar o emprego dos recursos públicos no Brasil.

Este aspecto nefasto, para ele, fica completo quando a discussão rasa – que acometeu a sociedade – classifica como medidas “socialistas” e “comunistas” qualquer política social que atenda as camadas mais pobres.

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A situação, para Barone, ao trazer o elemento político para o debate, aponta para um cenário em que o Brasil “esteve sequestrado por um governo explicitamente neofascista” nos últimos quatro anos, em referência ao mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Neste ponto, dá a entender que foram quatro anos perdidos no combate às desigualdades.

Por outro lado, na continuidade do texto, Barone fala da superação nacional em optar por um novo momento político, no caso o governo Lula, que retoma medidas de sucesso para atacar as desigualdades no país, “como o combate à fome, a manutenção das cotas de ensino superior, o acesso à moradia e saúde popular, a defesa do meio ambiente e dos povos originários” – sem deixar de ponderar que ainda é necessário fazer mais.

O baterista, ao longo da coluna, faz um paralelo com a música “A novidade” (escrita por Gilberto Gil, parceria com os Paralamas). A letra traz o trecho “Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”, que deixado de lado o lirismo ainda carrega a chaga de ser atual no país – para o seu lamento.

Mas esta não é só uma mazela brasileira, pois enquanto milionários aumentam em todo o mundo, em especial EUA e China, barcos com refugiados africanos naufragam no mar, reforça. Outro paralelo feito é o do recorde de grãos que o Brasil bate ano a após ano, mas sem que o problema da fome seja realmente atacado.

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Segundo o Barone, que desde 1985 viaja em turnês pelo país, o Brasil é rico em recursos e potencial humano, porém é refém de políticas atrasadas em muitos momentos e lugares.

Este “pesadelo” da desigualdade exposto pelo músico, por fim, deve ser enfrentado com políticas de cidadania, longe de disputas ideológicas, para que se finde mortes por bala perdida, estupros de vulneráveis, assassinatos de LGBTQIA+, mortes de agentes pela classificada equivocada ‘guerra ao tráfico’, assim como se coloque um fim na ineficiência do caro sistema político brasileiro. Para tal, termina com o pedido de cidadania irrestrita.

*Informações Estadão. Edição Vermelho, Murilo da Silva.

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