Brasil perdeu 96 milhões de hectares de vegetação nativa em 38 anos

De 1985 a 2022, as terras para agricultura aumentam 219% e para pastagens 60%. A soja passou de 4,5 mi de hectares para 39,4 Mha, quase oito vezes mais, segundo o MapBiomas

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A rede colaborativa, formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia, MapBiomas, divulgou um novo levantamento que mostra o tamanho da perda de vegetação nativa, principalmente para pastagens, que teve aumento de 60% na área (61,4 Mha), e para a agricultura, aumento de 219% (41,9 Mha), entre os anos de 1985 e 2022.

No total as áreas de pastagem hoje ocupam 164,34 Mha e de agricultura 61,04 Mha. Somadas com outras atividades, a agropecuária como um todo ocupa 282,50 Mha, o que significa 33,21% da área ocupada do Brasil.

O “Mapeamento Anual de Cobertura e Uso Da Terra No Brasil entre 1985 e 2022” indica que no período todo pesquisado por meio de imagens de satélite foram 96 milhões de hectares de vegetação nativa perdidas. Para efeito de comparação é colocado que a área equivale a 2,5 vezes a Alemanha.

Esta perda faz com que a cobertura de vegetação nativa que antes era de 75% caísse para 64%.

A preocupação é grande, pois na somatória dos territórios que tiveram ação do homem (ex: cidade, agricultura) 33% passou a ser considerado ‘antropizado’ no período do levantamento, o que mostra um significativo avanço humano sobre os recursos naturais.

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A Amazônia teve 52 milhões de hectares antropizados (ação do homem) e o Cerrado 31,9 milhões ha, de 1985 a 2022. De forma proporcional ao tamanho, o Cerrado lidera as perdas de vegetação em 25% e na sequência o Pampa com 24%.

O rápido decréscimo da vegetação em 38 anos tem como um dos motivos o avanço de certas culturas como a da soja que passou de uma área de 4,5 milhões de hectares para 39,4 milhões de hectares. Para se ter uma ideia, a área urbanizada do Brasil é de 3,71 milhões de hectares. O bioma com maior área afetada pela cultura é o Cerrado, com avanço em 18 Mha de soja, seguido por 8 Mha na Mata Atlântica, 5,8 Mha na Amazônia e 3,1 Mha no Pampa.

O crescimento da agropecuária, como um todo, é a grande responsável pela perda de cobertura nativa. No período, a área ocupada pelo agro foi de 3% para 16%; no Pantanal, de 5% para 15%; no Pampa, de 29% para 44%; na Caatinga, de 33% para 40%; no Cerrado de 34% para 50%. O Brasil como um todo a agropecuária passou de 22% para 33,21% do território – como já citado.

Segundo o estudo, dois arcos de desmatamento tem servido como frente de expansão agrícola e contribuído para o cenário atual: Amacro (no oeste da Amazônia, a fronteira entre Amazonas, Rondônia e Acre) em que o agro cresceu 10 vezes no período do levantamento; e no Matopiba (fronteira entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) onde o agro já ocupa 35% do território.

Terras indígenas

A contraposição ao agro no sentido de observar a preservação ambiental encontra-se nas terras indígenas. Estas ocupam 13% do território nacional e contém 19% de toda a vegetação nativa, sendo que somente 1% dessa vegetação foi perdida nas áreas indígenas entre 1985 e 2022.

*Informações MapBiomas