78% dos ucranianos afirmam que Zelensky tem responsabilidade por corrupção

Pesquisa foi publicada após incontáveis casos de corrupção dentro das FFAA do país. Em agosto, o ministro da Defesa e todos os chefes de centros de alistamento foram demitidos

Foto: Reprodução

Apesar da imagem glorificada pela máquina ideológica do ocidente, a maioria dos ucranianos acreditam que o presidente Volodymyr Zelensky tem responsabilidade pela corrupção no governo e nas Forças Armadas. Apenas 18% dos entrevistados discordam da afirmação.

O levantamento foi publicado nesta terça (12) pela Fundação Iniciativas Democráticas, junto com o Centro Razumkov e o Instituto Internacional de Sociologia. A pesquisa foi realizada entre julho e agosto deste ano e ouviu 2.011 pessoas em áreas não ocupadas pelas tropas russas.

Em 2019, o comediante venceu o segundo turno das eleições presidenciais no país após realizar uma campanha eleitoral marcada pela promessa de combate a corrupção, além do rechaço à classe política.

Em agosto, a título de melhorar a imagem interna de Kiev, uma série de demissões entre oficiais das Forças Armadas ucranianas foram realizadas por Zelensky, após escândalos de corrupção pipocarem com mais intensidade.

O “rebranding” de Zelensky atingiu seu auge no início de setembro, quando o ministro da Defesa, Oleksi Reznikov, foi demitido sob a justificativa de combate a corrupção.

Até então outro símbolo ocidental da resistência ucraniana frente a invasão, Reznikov não resistiu aos escândalos de agosto, que envolveram todos os chefes regionais responsáveis pelo alistamento militar ucraniano.

Há quem diga também que o ex-número 1 da Defesa do país tenha caído por pressão ocidental, após o fracasso na contraofensiva, iniciada em 4 de junho.

No total, o Ocidente, capitaneado pelos Estados Unidos, já transferiu cerca de US$100 bilhões em auxílio de guerra para a Ucrânia.

Os casos de corrupção

Após a eclosão do conflito entre Ucrânia e Rússia, um dos maiores traficantes de armas do mundo, Serhiy Pashinsky, se tornou também um dos principais fornecedores para a Ucrânia.

Em agosto, o jornal americano New York Times, revelou que a empresa Ukrainian Armored Technology’s, de Pashinsky, aumentou 125 vezes seus rendimentos após o início da guerra. A empresa faturava US$2,8 milhões em 2021, passando a lucrar US$350 milhões em 2022.

O detalhe, no entanto, é que a empresa é uma intermediária que compra armas em países como Bulgária e Polônia, e as revende para as Forças Armadas ucranianas com um preço superfaturado.

Em 2002, Pashinsky já havia sido preso por corrupção. Em 2019, Zelensky criticou o empresário em rede nacional de televisão. “Saia às ruas e pergunte se Pashinsky é um criminoso (…) Garanto que em cada 100 pessoas, 100 dirão que ele é um criminoso”, disse Zelensky.

Também em agosto, os indícios de corrupção no centros de recrutamento militar estouraram com força nunca vista por Kiev. Um ex-comissário militar de Odessa, Yevhen Borisov, foi acusado ter aceitado suborno para isenção de alistamentos. Borisov teria comprado imóveis no valor de €4 milhões em um resort espanhol em Marbella, no final de 2022.

Uma auditoria também revelou que o comissário militar na Transcarpátia, oeste da Ucrânia, recrutou soldados para uma obra em sua propriedade. Já em Rivne, no noroeste do país, houve até mesmo casos de abuso.

Em Donetsk, leste da Ucrânia, outro chefe de escritório de alistamento foi preso por enviar subordinados próximos a uma brigada ucraniana. No entanto, seus auxiliares eram remunerados sem participar do combate.

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