UNE pede punição de alunos por “masturbação coletiva” durante jogo feminino

Vídeo de abril que viralizou neste domingo (17) mostra cerca de 20 homens com calças abaixadas tocando suas partes íntimas durante jogo feminino. Imagens causaram revolta nas redes sociais

Vídeo divulgado nas redes sociais mostra alunos ao fundo com as calças abaixadas simulando uma masturbação | Foto: Reprodução/Redes sociais

Estudantes do curso de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, estão sendo alvo de intensa crítica e indignação nas redes sociais após protagonizarem comportamento repugnante durante uma partida de vôlei feminino, parte da competição esportiva Intermed, que teria acontecido entre os dias 2 e 9 deste mês.

No entanto, segundo apuração feita pelo g1, o caso ocorreu em abril, no torneio Calo 2023, em São Carlos, no interior do estado, mas ganhou repercussão somente neste domingo (17), após um vídeo de repúdio ao ato viralizar nas redes sociais.

As imagens mostram aproximadamente 20 homens correndo na quadra com as calças abaixadas, simulando uma “Volta Olímpica” enquanto tocam suas partes íntimas. Já em outro vídeo é possível ver os estudantes na plateia, assistindo ao jogo feminino e simulando uma masturbação coletiva, chamada de “punhetaço”.

Os alunos fazem parte do time de futsal da faculdade. Eles abaixaram as calças enquanto o time de vôlei feminino jogava contra a Universidade São Camilo. Em nota, a Universidade São Camilo confirmou que o episódio aconteceu durante o campeonato.

“O Centro Universitário São Camilo informa que nossa Atlética do curso de Medicina não participa do Intermed. Porém, em abril deste ano participou de outro evento esportivo chamado Calomed, quando nossas alunas disputaram um jogo contra a equipe da Unisa. Os alunos da Unisa, saindo vitoriosos, segundo relatos coletados, comemoraram correndo desnudos pela quadra. Não foi registrada, naquele momento, nenhuma observação por parte das nossas alunas referente à importunação sexual. O Centro Universitário São Camilo apoia todos os nossos alunos e não compactua com quaisquer atos que possam atentar contra o pudor e os bons costumes.” Além disso, o Centro Universitário também alegou que o caso pode ser enquadrado como atentado ao pudor, crime de notificação individual, mas que nenhuma aluna da faculdade registrou a ocorrência.3

Onda de repúdio

O episódio gerou repúdio de diversos setores e entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Estadual dos Estudantes (UEE), que pediram a punição dos envolvidos, incluindo o Centro Acadêmico e a Atlética da própria universidade.

“Absurdas as cenas dos alunos de medicina da da Unisa durante os jogos universitários. Esses estudantes precisam ser responsabilizados pelos crimes cometidos em uma conduta inaceitável durante um jogo de vôlei feminino. Não podemos tolerar que casos como esse continuem acontecendo. A nossa luta sempre será por um ambiente universitário sem machismo e sem assédio!”, escreveu a UNE em suas redes sociais.

“A UNISA precisa se pronunciar, punir exemplarmente os envolvidos. A universidade e o esporte devem incentivar a coletividade, valorizar e cuidar dos seus atletas, não há espaço para tamanha violência”, comentou a UEE após classificar o episódio como um “absurdo”.

O Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda da Faculdade de Medicina Santo Amaro também condenou os atos, enfatizando que não representam a instituição.“Repudiamos as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais. Tais feitos são um retrocesso para a nossa universidade e, portanto, não representam a nossa querida Casa”.

A Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora (AAAJDD), da mesma universidade, disse que “as filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela AAAJDD. Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório”.

O Ministério das Mulheres declarou que tais atitudes não podem ser normalizadas e destacou a importância de combater a misógina cultural. “Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero. Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas”, disse a conta oficial do Ministério das Mulheres no X (antigo Twitter).

O episódio também foi criticado por parlamentares que expressaram sua indignação diante do comportamento criminoso dos estudantes, defendendo a necessidade de responsabilização e proteção.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), disse que “mais do que nunca, é preciso estarmos atentas e fortes. O fascismo, a violência, a misoginia seguem por toda parte”, após citar vários episódios machistas.  

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou “chocante a ação criminosa de importunação sexual, promovida por estudantes da UNISA, durante um jogo de vôlei feminino”. Segundo ele, as “cenas grotescas e repugnantes que mostram a baixeza sem limites desses machistas. Não foi molecagem, foi ação criminosa e os responsáveis devem ser punidos!”.

Outra que comentou o caso foi a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ). “Simplesmente nojento e criminoso o que estudantes de Medicina da Unisa fizeram no Intermed, torneio esportivo entre faculdades de Medicina de São Paulo. Esperamos que a Unisa tome providências, porque é um horror pensar que esses homens serão futuros médicos”.

O influenciador Felipe Neto, que tem 16,5 milhões de seguidores no X (antigo Twitter) compartilhou o vídeo mencionando o Ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino. “Olá, ministro. Sei que pode parecer ‘pouco’, mas não é. Que recado o país está dando ao deixar que esses alunos de medicina façam isso impunemente?”, escreveu. Na sequência, o influciador citou a Universidade e disse que o “Brasil está esperando o posicionamento de vcs quanto aos alunos de medicina q se masturbaram publicamente nos jogos universitários, cometendo crimes. A faculdade não vai se pronunciar? Não vai fazer nada?”

Até a publicação deste texto, a Universidade de Santo Amaro (Unisa) não apenas se manteve calada diante do ocorrido, como também limitou comentários dos internautas nas suas redes sociais.

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com agências

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