Há 100 anos surgia a seleção de futebol do Exército Vermelho

Com o auge em 1960, a seleção da União Soviética conquistou uma Eurocopa e uma medalha de ouro olímpico. A URSS foi o berço de lendas como Yashin e Shevchenko

Foto: Reprodução

Nesta terça (19), a criação da seleção de futebol da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) completou 100 anos de história. A partida inaugural se deu contra a seleção da Estônia, em 19 de setembro de 1923, quando os soviéticos foram a capital Tallinn e venceram o time local por 4 a 2.

Durante cerca de 68 anos, a equipe soviética, formada por 15 países, disputou sete Copas do Mundo, cinco Euro Copas e quatro Jogos Olímpicos. A equipe formou lendas do esporte, tais como Oleg Blokhin, Lev Yashin e o lendário goleiro Andriy Shevchenko.

O Exército Vermelho, como era apelidada a seleção soviética, teve seu auge na década de 1960. Antes, em 1956, conquistaram o ouro olímpico, na Austrália, após despacharem a Iugoslavia pelo placar mínimo de 1 a 0. Em 1960, a seleção da URSS venceu a primeira edição da Eurocopa, torneio entre as seleções europeias. Outra vitória contra os iugoslavos, 2 a 1.

Em 1972, 1976 e 1980, os soviéticos conquistaram a medalha de bronze nos jogos olímpicos de Munique, Montreal e Moscou, respectivamente. Ainda na década de 1960, a seleção atingiu seu melhor resultado em Copa do Mundo, chegando na quarta colocação em 1966, na Inglaterra.

Nos primeiros 20 anos, no entanto, os soviéticos encontraram resistência por parte da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Em meio as grandes guerras, a Fifa não reconhecia a URSS como membro federado, impossibilitando que o Exército Vermelho participasse dos torneios oficiais.

Por isso, os soviéticos deixaram de jogar as Copas do Mundo de 1930, no Uruguai, 1934, na Itália fascista, e em 1938, na França.

Por esse motivo, o futebol foi disputado nos países da cortina de ferro através de equipes formadas dentro das fábricas.

Após a Revolução de 1917, o Estado soviético fomentou o desenvolvimento futebol e favoreceu a formação de clubes, que em sua maioria estavam vinculados aos sindicatos. Assim, nasceu o Lokomotiv, que agrupava aos trabalhadores ferroviários; o Torpedo, que representava os trabalhadores do setor automobilístico; o CSKA, que se relacionava com os membros do exército; o Dínamo, que se vinculou ao Ministério do Interior e os serviços secretos. As fábricas e instituições estatais alimentavam as esquipes.

O Spartak era o único clube que não pertencia a nenhuma organização. Chamado de “O Clube do Povo”, já que representava as classes mais baixas. Esta equipe vencia frenquentemente os times patrocinados pelo Kremlin, como o CSKA e o Dínamo. Os irmãos Starostin, fundadores e jogadores do Spartak, sofreriam perseguições e seriam logo condenados a prisão.

Em 13 de novembro de 1991, pouco mais de um mês antes da dissolução da URSS, a seleção fez seu último jogo. Bateu o Chipre por 3 a 0 e assegurou a classificação para a Eurocopa do ano seguinte. No torneio, atuou sob a bandeira da CEI (Comunidade dos Estados Independentes).

O começo

Quando a revolução eclodiu na Rússia do czar Nicolau II, em 1917, o futebol já era bastante popular no país e tido como um esporte nacional. Sua chegada, porém, seguiu a mesma lógica da expansão do esporte por todo o mundo: ou seja, pelos portos e bairros proletários, em que ingleses chegavam para ensinar trabalhadores russos operar o maquinário na incipiente indústria do Império.

Assim foi por quase todo o globo. Na Itália, por exemplo, um dos principais clubes, o Milan, foi formado por ingleses que viviam em Milão, em 1899.

Na Rússia, não seria diferente, o primeiro clube de futebol foi formado exclusivamente por britânicos, o St. Petersburg Football Club, em 1879. A partir da década de 1890, outras agremiações foram surgindo, especialmente em São Petersburgo e Moscou. Os irmãos Charnock, empresários, fundaram por volta de 1890 um clube de futebol para os funcionários de sua fábrica na periferia de Moscou. Quase que concomitantemente, em São Petersburgo, outros emigrantes ingleses também formavam seus times.

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