Unctad aumenta previsão de crescimento do Brasil acima da média mundial

Organizações internacionais, como Unctad e OCDE, continuam a ser surpreendidas pelo crescimento da economia brasileira neste ano e fazem revisões enormes.

Após a pandemia, consumo interno volta a crescer expressando índices surpreendentes para analistas de mercado. Imagem da Abicalçados

A Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) quase triplicou a previsão de crescimento da economia brasileira para 3,3% em 2023, em comparação com a previsão anterior de 0,9%. Essa revisão significa que o Brasil crescerá acima da média mundial de 2,4%. No entanto, a previsão ainda coloca o país abaixo da média de crescimento de 3,9% esperada para os países em desenvolvimento em geral.

Em suma, as projeções da Unctad indicam um crescimento econômico surpreendentemente positivo para o Brasil em 2023. Assim como outros agentes do mercado e avaliadores de risco, a Unctad ignora os efeitos de políticas anticíclicas para combater o ambiente recessivo e políticas sociais de combate à desigualdade econômica, habituadas que estão aos ajustes fiscais e políticas de austeridade habituais na maioria das cartilhas econômicas neoliberais.

A revisão da previsão brasileira é a segunda maior entre os países examinados pela Unctad, ficando atrás apenas da revisão feita para a Rússia, que também tem sido resiliente às sanções econômicas da Europa e EUA. Recentemente, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também revisou sua estimativa para o Brasil em 2023, prevendo um crescimento de 3,2%.

Para 2024, a Unctad prevê um crescimento de 2,3% para o Brasil, enquanto a OCDE projeta uma taxa de expansão de 1,7%. Ambas as previsões ficam abaixo da média mundial esperada de 2,5% para esse ano. Além disso, caso se confirmem estes números, o crescimento brasileiro continuará abaixo da média do grupo de países em desenvolvimento, que é esperado que seja de 4%. No entanto, as surpresas que começaram no início do novo governo, podem continuar exercendo seus efeitos inesperados.

A Unctad observa que o Brasil está experimentando um aumento no crescimento devido às exportações de commodities e colheitas abundantes. Políticas salariais distintas do que vinha ocorrendo no governo anterior, pressões pela redução de juros, incentivo ao crédito e ao consumo interno, programas sociais turbinados e mudanças na política de preços de combustíveis, são apenas algumas das políticas do governo que exercem efeitos que irradiam por toda a cadeia produtiva nacional.

No entanto, a agência também ressalta que fatores negativos, como o aperto monetário e o aumento da dívida privada, estão afetando o crescimento. A expansão fiscal planejada para 2023 deve compensar esses fatores negativos, mas o impulso fiscal para 2024 pode se tornar negativo, reduzindo o crescimento do PIB para menos de 3%. O relatório revela como estas agências funcionam com raciocínios conservadores baseados em fiscalismo, se enxergar as possibilidades das políticas de combate a desigualdades.

Globalmente, a Unctad prevê que o crescimento econômico diminuirá de 3% em 2022 para 2,4% em 2023, com poucos sinais de recuperação no próximo ano. A desigualdade econômica e os desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento são preocupações importantes, e a agência enfatiza a necessidade de uma agenda de reformas para garantir a sustentabilidade financeira e estimular o investimento produtivo.

Essas previsões refletem a complexidade e os desafios que a economia global continua a enfrentar, e destacam a importância de políticas econômicas eficazes para impulsionar o crescimento e reduzir a desigualdade.

As projeções econômicas da Unctad para o Brasil e outros países apresenta uma análise do cenário atual e futuro da economia global. Aqui estão alguns pontos-chave a serem destacados:

  1. Crescimento Brasileiro em 2023: A previsão da Unctad para o crescimento econômico do Brasil em 2023 foi quase triplicada, passando de 0,9% para 3,3%. Isso indica um desempenho melhor do que o esperado e coloca o Brasil acima da média mundial de 2,4%.
  2. Comparação com Países em Desenvolvimento: Embora o Brasil esteja crescendo acima da média global, ainda está abaixo da média de crescimento de 3,9% esperada para os países em desenvolvimento em geral. Isso sugere que, apesar do aumento do crescimento, o Brasil ainda enfrenta desafios em relação a outros países em desenvolvimento.
  3. Revisões Positivas: O Brasil não é o único país a receber uma revisão positiva em suas projeções. A Rússia também viu uma revisão significativa, passando de -0,6% para +2,2%. A OCDE também revisou para cima sua estimativa para o Brasil, prevendo um crescimento de 3,2% em 2023.
  4. Desafios Futuros: A Unctad destaca os desafios que o Brasil enfrentará nos próximos anos, incluindo o impacto tardio do aperto monetário, o aumento da taxa de juros e o aumento da dívida privada, especialmente das famílias devido à crise da COVID-19. A expansão fiscal em 2023 é vista como uma forma de compensar esses desafios, mas o impulso fiscal para 2024 pode se tornar negativo, o que poderia reduzir o crescimento econômico para menos de 3%.
  5. Situação da Argentina: A Argentina é mencionada como enfrentando uma recessão e inflação acelerada, o que está impactando negativamente o poder de compra das famílias. Isso destaca as diferentes trajetórias econômicas na América do Sul em comparação com o Brasil.
  6. Desigualdade Econômica e Desafios Globais: A Unctad enfatiza a desigualdade econômica como um grande desafio, afetando desproporcionalmente os países em desenvolvimento. A desigualdade é exacerbada pelos efeitos do aperto monetário nas economias avançadas. Isso ressalta a necessidade de políticas que visem reduzir a desigualdade e promover um crescimento econômico mais equitativo.
  7. Chamado à Ação: A secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, faz um chamado à ação, destacando a importância de evitar erros políticos do passado e adotar uma agenda de reformas positivas. Isso inclui medidas fiscais, monetárias e do lado da oferta para garantir a sustentabilidade financeira, estimular o investimento produtivo e reduzir as disparidades no comércio internacional e no sistema financeiro.

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