Brasil cresce enquanto economia mundial desacelera, indica ONU

Banco Mundial também confirma tendência de crescimento brasileiro, enquanto situação da América Latina segue estagnada

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A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, na quarta-feira (4), o Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2023 em que aponta uma desaceleração da economia mundial, ao passo que o Brasil e algumas outras poucas nações irão se manter estáveis nesse período turbulento.

De acordo com os dados da ONU, o crescimento econômico global que foi de 3% em 2022 será de 2,4% em 2023. Caso o dado se confirme, a entidade indica que o valor atende aos critérios para uma recessão global.

E para o ano seguinte, 2024, a perspectiva não revela uma substancial recuperação, apenas uma leve melhora, com crescimento de 2,5%.

“O atual cenário econômico global é caracterizado por crescentes desigualdades e divergências nas trajetórias de crescimento entre regiões-chave. A economia mundial voa a “velocidade de estol”, com projeções de um crescimento modesto de 2,4 por cento em 2023, correspondendo à definição de recessão global. Cautelosamente, as perspectivas para 2024 sugerem uma melhoria modesta do crescimento (2,5 por cento), que depende da recuperação da zona do euro e de que outras economias líderes evitem choques adversos”, traz o relatório.

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A velocidade de estol utilizada como metáfora é considerada a velocidade mínima que uma aeronave deve manter para sustentar um voo seguro. 

Crescimento

Enquanto o mundo registra essa desaceleração, o relatório mostra que o Brasil avança. O país registou crescimento de 2,9% em 2022 e deve marcar 3,3% este ano após revisão (antes era 0,9%). Para 2024, a projeção é de 2,3%.

A maior projeção de crescimento este ano é o da Índia, com 6,6%. Apesar disso o país asiático teve leve redução em 0,1% em comparação com o ano anterior.

China e México também são exceções no cenário global de recessão e crescerão 4,6% e 3,2%, conforme o relatório (acima da média global em de 2,4%).

Abaixo da média, mas com crescimento notável em relação a 2022, a ONU destaca Japão e Rússia. O primeiro país pode chegar a 2,3%, o que seria um salto de 1,3%. O segundo pode reverter saldo negativo e marcar 2,2% de crescimento.

 202220232024
Índia6,7%6,6%6,2%
China3%4,6%4,8%
Brasil2,9%3,3%2,3%
México3%3,2%2,1%
Japão1%2,3%0,9%
Rússia-2,1%2,2%1,9%
Fonte: UNCTAD

Ainda há outros países que crescerão acima da média, porém em clara desaceleração ao se comparar com o ano anterior, como nos casos de Turquia e Indonésia.

A preocupação, segundo apontam, fica em relação a zona do Euro, com desempenho fraco de 0,4% em 2023, mesmo resultado do Reino Unido. O que traz o alerta de recessão no horizonte europeu.

No caso dos Estados Unidos registra-se a permanência no nível de “estol”, com crescimento abaixo da média e manutenção do crescimento entre os anos, pois registrou 2,1% no ano anterior e deve fechar o atual em 2%.

Os dados da ONU são de responsabilidade da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), que traz na publicação o alerta para trajetórias de crescimento divergentes em um cenário de desigualdades cada vez maiores e crescente concentração de mercado, situações apontadas como ameaça para as perspectivas da economia mundial.

Confira abaixo a tabela completa:

Fonte: UNCTAD

América Latina

No relatório “Conectados: tecnologia digital para a inclusão e o crescimento”, divulgado na quarta (4), pelo Banco Mundial, a previsão para o Brasil este ano é de crescimento de 2,6%. Para 2024 é de 1,3% e 2025 de 2,2%.

O números para este ano é acima da média de crescimento regional da América Latina e Caribe que registram 2% para esse ano. No entanto, a região cresce para o Banco em 2,3% em 2024 e 2,6% em 2025.

Os números indicados para América Latina e Caribe são tidos como insuficientes para a região dar conta de seus problemas e crescer como outras regiões do mundo, coloca o relatório

Para comparação, o relatório da ONU indica para a América Latina e Caribe 2,3% (2023) e 1,8% (2024).