Queda nos preços dos alimentos alivia inflação para os mais pobres

Indicador Ipea aponta deflação de 0,02% em setembro para as famílias de renda muito baixa. Entre as de renda alta, houve um aumento de 0,57%

Foto: Helio Montferre/Ipea

A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), revelou uma desaceleração em setembro, atingindo 5,1%. Entretanto, essa taxa não afetou todas as camadas da população da mesma forma. Segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta terça-feira (17), as famílias de renda mais baixa experimentaram uma inflação menor, registrando 3,9% no mesmo período.

Para as famílias de renda muito baixa, setembro apresentou uma pequena deflação de 0,02%, impulsionada principalmente pela queda nos preços dos alimentos. Em contrapartida, as famílias de alta renda enfrentaram uma inflação de 0,57%, especialmente devido aos aumentos nos preços dos combustíveis.

Considerando o acúmulo do ano, as famílias de renda muito baixa tiveram uma inflação menor, com uma variação de 2,3%, enquanto as de renda alta enfrentaram uma variação de 4,4%. Nos últimos doze meses, a menor taxa de inflação foi registrada novamente entre as famílias de renda muito baixa, com 3,9%, contrastando com a mais alta, que foi de 6,4%, no estrato de renda alta.

Uma análise detalhada por grupos revela que a deflação dos alimentos e bebidas teve um papel importante na redução da inflação para todas as faixas de renda, especialmente para as famílias de menor poder aquisitivo. Entre os produtos que ficaram mais baratos em setembro estão: o feijão (-7,6%), farinha de trigo (-3,3%), batata (-10,4%), carnes (-2,9%), aves e ovos (-1,7%), leite (-4,1%) e o óleo de soja (-1,2%).

Outros gastos

No entanto, os reajustes de 1,0% nas tarifas de energia elétrica e de 2,8% da gasolina fizeram dos grupos “habitação” e “transportes” os principais focos de pressão inflacionária, em setembro, para todas as classes de renda.

Por sua vez, os itens que pesam mais no orçamento dos segmentos de maior poder aquisitivo também tiveram altas em setembro, como passagens aéreas (13,5%) e transportes por aplicativo (4,6%). Para essas mesmas famílias, os aumentos de 0,7% dos planos de saúde e de 0,5% dos itens e serviços de recreação explicam o impacto dos grupos “saúde e cuidados pessoais” e “despesas pessoais” sobre a inflação.

Ao comparar com o mesmo mês do ano anterior, setembro de 2023 apresentou uma inflação global mais alta para todas as faixas de renda, principalmente devido ao aumento nos preços dos combustíveis. A deflação dos alimentos foi menos intensa em comparação com 2022 (-1,02% neste ano, ante -0,85% em 2022), afetando o desempenho da inflação para todos os grupos, mas de forma mais acentuada para as faixas de renda mais alta.

Em resumo, a análise do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda em setembro de 2023 evidencia que a dinâmica da inflação continua a impactar de maneiras distintas os diversos estratos sociais, ressaltando a importância de políticas que consideram essa diversidade para promover equidade e mitigar os efeitos dos aumentos de preços.

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com informações do IPEA

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