Árabes e muçulmanos protestam em todo o mundo em defesa da Palestina

Mais: China cresce 5,2% nos primeiros três trimestres / Comunistas israelenses atingidos pela repressão / A preocupação do imperialismo com declínio do “discurso único”.

Iemenitas se reúnem durante um protesto pró-Palestina para expressar solidariedade com os palestinos em Gaza, em Sanaa, Iêmen, em 20/10/2023

Se os países árabes e mulçumanos fizerem gestos mais assertivos em defesa da Palestina será, principalmente, por conta da pressão popular. Muitos destes países têm ligações políticas e comerciais com os EUA e mesmo com Israel. No entanto, manifestantes de todo mundo árabe e mulçumano, de Jacarta a Túnis, exigiram nesta sexta-feira (20) o fim do bombardeio de Israel em Gaza, depois de quase duas semanas de genocídio sionista. Os protestos eclodiram com mais força na noite de terça-feira, depois que um ataque israelense matou centenas de civis em um Hospital do enclave palestino.

Na Jordânia, que fez a paz com Israel em 1994, milhares de manifestantes marcharam no centro da capital, enquanto um numeroso agrupamento se reuniu perto da embaixada de Israel. Milhares de manifestantes também se reuniram exigindo o fim dos ataques sionistas na Turquia e no Egito, dois outros países que há muito mantêm relações diplomáticas plenas com Israel. Uma multidão postou-se em frente à Mesquita Beyazit, em Istambul, queimando uma imagem do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e agitando bandeiras palestinas.

No Egito, os manifestantes se concentraram em frente à mesquita de al-Azhar, uma das mais antigas do mundo, gritando “onde está o exército árabe?”, enquanto os demais se reuniram na praça central Tahrir. “A Palestina é o único país que une as nossas vozes. Se os países do Golfo não enviam ajuda, pelo menos deveriam parar de enviar petróleo e gás. Isso é o mínimo que deveriam fazer“, disse o manifestante Mohammed Gomaa no Cairo.

No sudeste da Ásia, houve protesto nas embaixadas dos EUA em cada uma das capitais da Indonésia e da Malásia. Na Índia foram organizados protestos em Jaipur e Mumbai. No Irã igualmente aconteceram protestos massivos. No Iraque, os manifestantes concentraram-se em Bagdá, perto da ponte que conduz à Zona Verde fortificada, onde está localizada a embaixada dos EUA. Com informações da Reuters.

China cresce 5,2% nos primeiros três trimestres e atrai mais investimentos

Rádio Internacional da China (CRI, na sigla em inglês) informa que os dados econômicos oficiais do país para os três primeiros trimestres de 2023 foram divulgados na quarta-feira (18). O PIB chinês, de janeiro a setembro, foi de 91,3 trilhões de yuans, crescendo 5,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses, o total de vendas de bens de consumo no varejo da China foi de 34,2 trilhões de yuans, um aumento de 6,8% em relação ao homólogo em 2022. Segundo reporta a CRI, desde algum tempo, há rumores frequentes em algumas mídias ocidentais sobre a chamada “retirada do capital estrangeiro da China“. No entanto, os dados mostram que o número de empresas estrangeiras em território chinês está aumentando. Além do mercado consumidor, o comércio exterior da China está impulsionando fortemente o bom funcionamento das cadeias industrial e de suprimentos globais. Nos primeiros três trimestres, as importações e exportações de e para os países participantes da iniciativa “Cinturão e Rota” cresceram 3,1%, e representaram 46,5% do total nacional. A 134ª Feira de Cantão, que começou no último domingo (15) e irá até 4 de novembro atraiu compradores de mais de 200 países e regiões de todo o mundo. No início de novembro, mais de 3.400 empresas de 128 países e regiões participarão da 6ª Exposição Internacional de Importação da China. Fonte: Rádio Internacional da China.

Comunistas israelenses atingidos pela repressão sionista

Ofer Cassif, deputado comunista no parlamento de Israel, foi violentamente espancado pelas forças policiais israelenses a 9 de abril de 2021, num protesto contra despejos em Jerusalém Oriental / Foto: Mahmoud Illean

O site AbrilAbril informa que o deputado comunista e judeu Ofer Cassif foi suspenso por 45 dias do Knesset (o parlamento nacional de Israel). “É mais um prego no caixão da liberdade de expressão”, considera o deputado, segundo AbrilAbril. Offer Cassif é doutor em filosofia política pela London School of Economics e deu aulas de ciência política na Universidade de Tel Aviv. Foi eleito pela aliança Hadash, uma coligação que junta o Partido Comunista de Israel (PCI) e vários grupos de esquerda incluindo árabes seculares (dos 5 deputados eleitos, apenas Cassif é judeu). Ele acusa o governo de Netanyahu de estar “efetivamente a cometer um massacre e ambicionar guerra e violência”. Nas afirmações que levaram o Comitê de Ética do Knesset a suspender o deputado, Ofer Cassif equiparou as propostas do ministro das Finanças Bezalel Yoel Smotrich (da extrema-direita) a uma “solução final”, termo usado pelos nazis para descrever o Holocausto. “São declarações políticas legais, legítimas e morais”, defendeu o deputado. Cassif acrescenta estar “profundamente afetado pelo contínuo derramamento de sangue e pelo estreitamento do espaço democráticocom o governo de extrema-direita impulsionando uma campanha contra qualquer pessoa que levante uma voz crítica e de oposição”. Nesta sexta-feira o governo de Benjamim Netanyahu aprovou um regulamento que lhe dá poderes para “encerrar temporariamente canais de comunicação social estrangeiros durante estados de emergência”, se considerar que o canal está a prejudicar a segurança nacional. Esta medida foi apresentada com o propósito específico de bloquear a Al Jazeera, que desmontou recentemente várias mentiras apresentadas por Israel em relação ao ataque ao Hospital al-Ahli, no Norte de Gaza, que vitimou centenas de pessoas. Fonte: AbrilAbril.

A preocupação do imperialismo com o declínio do “discurso único”

A iniciativa de Netanyahu contra a Al Jazeera, descrita no final da nota anterior, está longe de ser um fato isolado, como vimos na recente censura na Europa a toda narrativa crítica à versão oficial sobre a guerra na Ucrânia, o que incluiu fechamento de canais e expulsão de jornalistas. Chama a atenção a declaração da chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, a general de quatro estrelas Laura Richardson, que no dia 11/10 criticou a RT em espanhol, a agência de notícias russa Sputnik e o canal de televisão venezuelano Telesur, afirmando que essas mídias “não praticam o jornalismo“. Durante sua participação em um evento organizado pela Fundação para a Defesa da Democracia (FDD), a oficial estadunidense enfatizou que, em termos de divulgação de conteúdo, há um “conflito no domínio da informação“. “Na América Latina, temos mais de 31 milhões de seguidores com o Sputnik Mundo, RT em espanhol e Telesur (…) Eles disseminam desinformação. Minam as democracias em todo o hemisfério”, enfatizou Richardson. Em março passado, Richardson solicitou ao Congresso americano recursos adicionais para combater a suposta “ampla campanha de desinformação” russa em sua área de responsabilidade. Ou seja, esta declaração, vinda uma general de alto coturno, deixa claro que os EUA encaram a comunicação de um ponto de vista pragmático e militar: é uma arma a sustentar sua hegemonia. No entanto, como a hegemonia está declinante e já não consegue impor o “discurso único”, bandeiras como “liberdade de opinião” ou “pluralidade”, que até então eram usadas como elementos de propaganda, são abandonadas sem cerimônia e substituídas pelo “combate à desinformação”, o que justificaria censura e banimento, não para a necessária contenção do mar de “fake news” que nos inunda, mas porque do ponto de vista de Washington, informação genuína é apenas a que parte do centro do império, que, por falar nisso, é uma verdadeira fábrica na produção de “fake news”, como pode testemunhar qualquer um que acompanhe o noticiário internacional da mídia hegemônica alinhada aos EUA e seus parceiros.

Lembrei do texto abaixo ao ser informado, agora há pouco, de que meu nome constava de uma lista, entregue pelos deputados bolsonaristas Gustavo Gayer (PL-GO) e Júlia Zanatta (PL-SC), à embaixada americana, pedindo que eu tenha minha entrada proibida nos EUA.

No que nos diz respeito, quer se trate de um indivíduo, um partido, um exército ou uma escola, julgo que a ausência de ataques do inimigo contra nós é má, porque significa, necessariamente que fazemos causa comum com o inimigo. Se somos atacados pelo inimigo, é bom, porque isto prova que traçamos uma linha de demarcação bem nítida, entre o inimigo e nós (…) isto prova não só que estabelecemos uma linha de demarcação nítida entre o inimigo e nós, mas ainda que conquistamos êxitos em nosso trabalho“.

Mao Tsé-Tung  no artigo “Ser atacado pelo inimigo é uma boa e não má coisa”.

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