Estudo indica necessidade de reforço contra a covid-19

Pesquisa, realizada na cidade de Toledo (PR), também destaca a necessidade de adaptar estratégias para enfrentar variantes

Foto: Rodrigo Clemente

Um estudo conduzido na cidade de Toledo, Paraná, evidenciou a importância crucial das doses de reforço na imunização contra a Covid-19, destacando a carência acentuada no Brasil. A pesquisa, realizada pelo Hospital Moinhos de Vento, em parceria com a Pfizer Brasil, a Universidade Federal do Paraná, a Inova Research e a Secretaria Municipal de Saúde, revelou que aproximadamente 84% da população brasileira ainda não recebeu uma dose adicional da vacina, seja monovalente ou bivalente, contra o vírus.

O estudo, realizado entre novembro de 2021 e junho de 2022, revelou que a proteção oferecida pelas duas doses da vacina monovalente original da Pfizer/BioNTech contra a variante Ômicron é de curta duração, com uma efetividade de 54% contra infecções sintomáticos. Para as variantes Ômicron BA.1 e BA.2, essa proteção atinge 58% e 51%, respectivamente.

Importância das doses de reforço

Os pesquisadores destacaram que o estudo em Toledo foi prospectivo, acompanhando uma grande parte da população após uma intensa campanha de vacinação. Até o momento, não foram registradas hospitalizações ou mortes relacionadas a doenças na população científica. Os dados continuam em análise, na expectativa de identificar possíveis impactos a longo prazo da COVID-19.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil defendem a importância da aplicação de doses de reforço apontando que a proteção diminui consideravelmente com o passar do tempo após a segunda dose e defendem a necessidade de formulações adaptadas para acompanhar as novas variantes do vírus.

Maicon Falavigna, epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento e coinvestigador do estudo ouvido pela Agência Brasil, enfatizou que a queda na proteção das vacinas pode estar associada à mudança no perfil epidemiológico das variantes , “contudo, isso não significa necessariamente que a vacina perdeu efeito contra formas graves da doença”, assegurou. Segundo Maicon, a baixa ocorrência de hospitalizações e mortes associadas à doença evidência isso.

O estudo defende veementemente a aplicação das doses de reforço e a vigilância contínua do comportamento da doença e da evolução do vírus. Regis Goulart Rosa, médico do Hospital Moinhos de Vento, ressaltou a importância de uma alta cobertura vacinal, enfatrizando que quanto mais pessoas forem imunizadas, menor será a circulação do vírus e, consequentemente, a formação de novas variantes “o que aumenta a proteção da população como um todo, principalmente das pessoas mais vulneráveis”, destacou.

Vacina adaptada na ANVISA

Em julho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o registro definitivo para a vacina bivalente baseada na plataforma de mRNA da Pfizer/BioNTech, que inclui componentes contra a variante Ômicron em sua formulação. Isso permite a aplicação deste imunizante como dose de reforço para pessoas a partir de 5 anos de idade.

Os pesquisadores destacaram que o estudo em Toledo foi prospectivo, acompanhando uma grande parte da população após uma intensa campanha de vacinação. Até o momento, não foram registradas hospitalizações ou mortes relacionadas a doenças na população científica. Os dados continuam em análise, na expectativa de identificar possíveis impactos a longo prazo da Covid.

A diretora médica da Pfizer, Júlia Spinardi, enfatizou a relevância de estudos nacionais para compreender os efeitos da imunização na população brasileira, destacando a importância das doses de reforço para conter a pandemia.

“Estudos que avaliam a utilização da vacina na vida real vêm sendo feitos em todo mundo e são fundamentais para o entendimento das estratégias vacinais e medidas de controle da pandemia. É muito importante colocar o Brasil nesta rota e ter dados do próprio país que apontam a necessidade das doses de reforço”, disse.

Vacinação em massa

Toledo se destacou ao realizar uma campanha de vacinação em massa em 2021 – usando a vacina monovalente original da Pfizer/BioNTech em esquema de duas doses administradas com 21 dias de intervalo – tornando-se a única cidade brasileira a vacinar toda a sua população elegível. Gabriela Kucharski, secretária municipal de Saúde, enfatizou a importância da parceria e organização na administração das doses. “A parceria com as demais entidades referendou um trabalho muito organizado que tínhamos em relação à administração das doses que recebíamos. A vacinação em massa demonstrou que estávamos no caminho certo”, pontuou.

Modelo do Estudo

Os pesquisadores escolheram Toledo, com 144 mil habitantes, devido à localização favorável, estabilidade epidemiológica e capacidade de vigilância. O estudo dividiu os participantes entre casos positivos e negativos para a infecção, com média de idade de 27,7 anos e 53,8% mulheres, sem hospitalizações ou mortes registradas. A pesquisa acompanhou a evolução dos grupos, buscando identificar possíveis impactos a longo prazo da COVID-19.

Os resultados do estudo, publicado no jornal internacional Vaccine, chamam atenção para a necessidade de acelerar a imunização de reforço no Brasil. Os dados reforçam a urgência de uma alta cobertura vacinal para conter a circulação do vírus e minimizar o surgimento de novas variantes, protegendo especialmente os grupos mais vulneráveis.

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com informações da Agência Brasil

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