Centrais Sindicais se unificam em Ato pela Paz na Palestina

Centrais sindicais unificadas realizam ato pela paz e valorização da diplomacia brasileira no centro de São Paulo.

Ato das Centrais pela Paz e a Valorização da Diplomacia Brasileira. Foto Cezar Xavier

Nesta terça-feira (14), em frente ao Teatro Municipal, Centro de São Paulo (SP), centrais sindicais brasileiras, incluindo CTB, Força Sindical, CUT, UGT, NCST, CSB e Pública Central do Servidor, convocaram o “Ato Pela Paz e Valorização da Diplomacia Brasileira.” Durante o evento, representantes das centrais sindicais e ativistas expressaram solidariedade à Palestina e criticaram a atual situação no conflito com Israel. Vários deles falaram com exclusividade ao Portal Vermelho.

“Repudiamos veementemente a exaltação da violência e a disseminação do medo como forma de dominação. O mundo precisa de mais inclusão, tolerância, respeito e amor ao próximo”, afirma comunicado assinado pelas entidades e lido durante o ato.

O ato também também considerou que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva se destaca por promover a união nacional. As centrais sindicais acreditam que o país tem um papel crucial na construção do diálogo internacional. O momento propício de união nacional pode ser uma ferramenta importante para influenciar positivamente as relações internacionais, contribuindo para a construção de um mundo mais pacífico e solidário.

O evento reforçou a solidariedade das centrais sindicais brasileiras ao povo palestino, instando não apenas uma resposta local, mas também uma ação global em prol da paz e da justiça na região. Após discursos de solidariedade de representantes de todas as centrais, sindicatos diversos e organizações de direitos humanos, o ato encerrou-se soltando balões brancos nos céus da cidade.

Mohamad Al-Kadri, presidente do Fórum Latino-Palestino e coordenador da Frente Palestina, destacou a significativa participação das centrais sindicais no contexto palestino. Ele enfatizou que a luta dos trabalhadores contra a exploração é universal e que a adesão das centrais sindicais fortalece os eventos, os atos e a luta em prol da causa palestina.

Al-Kadri elogiou a atuação do governo brasileiro, especialmente do ministro Mauro Vieira na ONU, e ressaltou os esforços em ajuda humanitária aos palestinos. Ele também mencionou a recente fala do ex-presidente Lula, que abordou os massacres na região, destacando a brutalidade dos ataques, especialmente contra crianças, e questionando a coerência diante do histórico de sofrimento do povo judeu.

“Ontem, quando Lula recebeu os brasileiros que vieram de Gaza, ele colocou uma coisa que o Brasil não estava colocando antes, que é a questão dos massacres, principalmente da carnificina que é feita com crianças, que é um absurdo. Em pleno século XXI, ainda assistimos um genocídio desse tamanho”, lamentou.

Jamil Murad, ex-deputado e ex-vereador, considerou o ato como um marco unificador das centrais sindicais brasileiras. Ele enfatizou a oposição dos trabalhadores à guerra e a tentativa de alguns países de impedir a exportação de armas para Israel.

“Este ato tem altíssimo significado, porque os trabalhadores no mundo, eles são contra a guerra, porque eles e seus filhos são os primeiros a serem assassinados na guerra, e outros são colocados a produzir armas de destruição. Tanto é que em alguns países, os trabalhadores tentam impedir a exportação de armas para Israel. Já está acontecendo isso”, afirmou.

Jamil argumentou que a agressão israelense contra os palestinos é uma questão que persiste há mais de 75 anos, causando sofrimento e obstáculos diários à população local. “Hoje, quem recolhe imposto dos palestinos são os israelenses, que repassam para o governo palestino ou não repassam, ou atrasam por meses ou até mais de ano”, relatou. Ele condenou a agressão israelense, destacando a necessidade de conscientização sobre o motivo da agressão e defendeu a autonomia e reconhecimento do Estado Palestino.

O ato também contou com a presença de Juvândia Moreira, presidente da Contraf, que ressaltou a obrigação das centrais sindicais em defender a vida, a paz e a solidariedade. Ela lamentou o alto número de vítimas civis, especialmente crianças, e criticou as violações das regras básicas dos organismos multilaterais nas guerras.

A sindicalista denunciou as violações cometidas por Israel na Palestina, incluindo ataques a escolas e hospitais, e destacou a importância de estar nas ruas em solidariedade ao povo palestino. “As centrais têm que estar nas ruas, sim. A gente está em todo o Brasil, estamos nas ruas, nos estados, participando dos atos, porque esse é um problema da humanidade. São seres humanos de um lado e do outro, mas especialmente ali na Palestina, porque já são mais de 10 mil mortes, com uma resposta do governo de Israel, que é uma coisa desproporcional e absurda, e que já vem há muitos anos se arrastando daquela forma”, declarou.

Rene Vicente, do Sintaema e presidente da CTB-SP, enfatizou a importância do ato como um apelo pela paz e destacou a necessidade do reconhecimento de Gaza e Cisjordânia como estados autônomos. Ele pediu a retirada imediata das tropas israelenses dessas regiões para permitir a autonomia palestina.

“Nós acreditamos que a paz só virá com o reconhecimento de Gaza e Cisjordânia como estados autônomos, como Estado Palestino autônomo. E que Israel tire as tropas de ocupação desses dois territórios, para que o povo palestino possa ter autonomia e construir suas cidades, sua vida, que possa construir um aeroporto, que possa ter saída para o mar, que possa negociar livremente com as demais nações do mundo”.

Rene apoiou a atuação brasileira na ONU, lamentando o voto contrário dos EUA à resolução proposta. “O governo brasileiro apresentou uma importante resolução de paz na ONU, que infelizmente só não avançou pelo voto contrário dos Estados Unidos, a nação que mais ganha dinheiro com guerras pelo mundo afora, mas o Brasil tem cumprido a sua missão diplomática de buscar a paz. Foi importantíssima a repatriação daqueles que estavam tanto em Israel como na faixa de Gaza, na Cisjordânia”, elogiou.

Sergio Nobre, presidente da CUT, classificou o ato como fundamental, destacando que a classe trabalhadora é internacional e que os trabalhadores que sofrem nos conflitos são irmãos da classe. Ele condenou o desequilíbrio no conflito e instou as centrais sindicais de todo o mundo a se unirem pela paz.

“Desde o nosso nascimento a gente tem a clareza de que a classe trabalhadora é internacional. Então, o povo que está morrendo nos conflitos hoje, em especial na Faixa de Gaza, são nossos irmãos, são companheiros da classe trabalhadora. E a gente tem que ser uma voz muito firme pelo cessar fogo”, disse o líder sindical.

O sindicalista classificou a situação como um genocídio desigual, destacando a disparidade militar entre Israel e Palestina. “De um lado você tem equipamento sofisticado, armamento militar muito sofisticado, exército treinado. E do outro lado você tem uma população desarmada. Então é por isso que a gente vê os corpos se acumulando nas calçadas, de jovens, mulheres, crianças. Então o que está acontecendo na verdade é um genocídio e nós temos que conclamar todas as centrais sindicais do planeta a ter uma voz pela paz”, completou.

Nobre também elogiou a postura do ex-presidente Lula em condenar as ações de Israel na Palestina. “A vitória do presidente Lula, além de significar para nós a oportunidade de reconstruir o país em outras bases, também é uma voz no planeta que estava faltando em defesa da paz, dos direitos humanos, da democracia. E o presidente já tem sido exemplar em condenar o que está acontecendo na Palestina. Então todo apoio ao presidente Lula e que tem que ter uma posição cada vez mais firme, não só o Brasil, mas os países da região, os países que têm compromisso com a democracia e com a classe trabalhadora, de condenar Israel pelo massacre que está fazendo na Palestina.”

Nesse contexto, a atuação do governo brasileiro foi elogiada pelos participantes, especialmente pela apresentação de uma resolução de paz na ONU. A repatriação de brasileiros que estavam na região e o diálogo pela construção da paz foram destacados como pontos positivos.

O ato encerrou com a esperança de que a mobilização internacional, aliada à atuação diplomática brasileira, contribua para o cessar-fogo na região e para a construção de uma paz duradoura.

Fotos por Cezar Xavier

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