Pela 1ª vez, temperatura diária global marca 2°C acima da era pré-industrial

Monitoramento feito pela Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S) registrou recorde negativo na última sexta (17)

Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil

Na última sexta (17), o planeta bateu um marco climático preocupante: pela primeira vez a média diária da temperatura global ficou acima de 2°C na comparação com os níveis registrados antes da Revolução Industrial (1850-1900).

Os dados foram divulgados pela diretora adjunta do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S), Sam Burgess, e depois confirmados pelo próprio C3S.

Segundo o levantamento, números preliminares mostram que a temperatura também se manteve alta no sábado (18), quando ficou 2,06°C acima da média do período.

Se a comparação for feita apenas com um período histórico mais recente, 1991 a 2020, a anomalia representa um aumento de 1,17°C em relação à média registrada.

O índice recorde foi registrado no mesmo dia em que termômetros ao redor do Brasil superaram os 40°C. No Rio de Janeiro (RJ), uma fã morreu durante o show da cantora Taylor Swift, após a sensação térmica no local ter batido 60°C.

Os dados indicam uma tendência preocupante e confirmam as preocupações dos cientistas, que alertam para um ponto de não retorno.

O número é definido por meio de um cálculo no qual os pesquisadores analisam qual a média de temperatura no período pré-industrial (1850-1900) e, em seguida, verificam quanto a temperatura atual variou em relação a essa média.

O calor recorde acontece em um ano marcado pela presença do fenômeno El Niño e pela intensificação de efeitos das mudanças climáticas provocadas pelas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“Os recordes de temperatura global estão sendo quebrados com uma regularidade alarmante”, disse Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas do Copernicus.

“Ainda que a quebra dos limites de 1,5°C e 2°C fosse esperada, devido ao aquecimento generalizado e à variabilidade climática, ela tem um impacto chocante. Com a COP28 a apenas dez dias de distância, é crucial entender o que esses números significam para o nosso futuro coletivo”, acrescentou.

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