Para 76% dos brasileiros, cidades não estão preparadas para climas extremos

Pesquisa inédita realizada pela Fundação Grupo Boticário e parceiros revela que oito em cada 10 brasileiros se preocupam com mudanças climáticas

Município de Santa Catarina atingido pelas fortes chuvas em outubro (2023) | Foto: Dênio Simões/MIDR

Com a aproximação do verão no hemisfério sul, a pesquisa “Natureza e Cidades: A relação dos brasileiros com a mudança climática” revelou preocupações expressivas entre os cidadãos do país.

O estudo, realizado pela Fundação Grupo Boticário, com apoio da UNESCO, Anamma e Aliança Bioconexão Urbana, destaca que 76% dos entrevistados acreditam que as cidades brasileiras não possuem estruturas específicas para lidar adequadamente com alagamentos, chuvas intensas e tempestades.

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O medo em relação às chuvas intensas também é notável, com 64% dos brasileiros – ou seis em cada dez pessoas – expressando preocupação diante da previsão de tempestades. Além disso, sete em cada dez relataram que tais eventos estão se agravando, e quase 70% afirmam conhecer alguém diretamente afetado por características climáticas extremas. Em média, as perdas financeiras de quem foi afetado chegam a mais de R$ 8 mil por pessoa.

Eventos extremos

A preocupação com as mudanças climáticas é generalizada. Segundo a pesquisa, oito de cada dez pessoas demonstram apreensão, e 71% percebem um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos ao longo do tempo. Para 64% essas mudanças não se limitam ao aquecimento global e 93% das pessoas percebem que as tempestades, ondas de calor e frio, ciclones, entre outros, estão se intensificando.

A diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, destaca a importância de compreender os impactos diretos das mudanças climáticas na vida da população, propondo uma reflexão sobre soluções para tornar as cidades mais resilientes.

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“A pesquisa nos permite compreender melhor os impactos diretos das mudanças do clima na vida da população, o nível de entendimento das pessoas sobre o aumento dos fenômenos climáticos extremos e, também, refletir sobre possíveis caminhos para tornar nossas cidades mais resilientes à nova realidade”, diz.

Impactos

Entre os eventos relatados como causadores de impacto diretos estão chuvas fortes, inundações, ventanias e ondas de calor. O aumento nos preços dos alimentos, a extinção de espécies e a elevação do nível do mar foram considerados os principais desdobramentos das mudanças climáticas, conforme a escala de 0 a 10 utilizada na pesquisa.

A disparidade na percepção sobre as mudanças climáticas também foi destacada, com a região Sul sendo a mais impactada diretamente (45%), seguida por Sudeste (36%), Norte (34%), Centro-Oeste (32%) e Nordeste (29%).

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O estudo evidenciou a importância de ampliar áreas verdes nas cidades para minimizar os impactos dos eventos extremos. Surpreendentemente, 98% dos entrevistados desejam viver em locais mais arborizados, enquanto 86% acreditam que os espaços verdes estão diminuindo, e 26% afirmam residir em regiões sem parques, bosques ou áreas verdes.

Resiliência e mudança de comportamento:

Quanto à disposição para mudar hábitos em prol do planeta, 87% se mostraram abertos à mudança, com destaque para a reciclagem (24%), plantio de árvores (15%), evitar uso de plástico (8%) e usar meios de transporte menos poluentes (8%).

A pesquisa será divulgada na íntegra durante a 28ª Conferência de Mudanças do Clima da ONU (COP 28), em Dubai, onde líderes internacionais se reúnem para discutir estratégias climáticas. Com o presidente Lula (PT) presente, espera-se um debate crucial sobre a urgência de ações frente às mudanças climáticas.

O levantamento ouviu 2 mil pessoas com idades de 18 a 64 anos, de ambos os gêneros e de diversas classes sociais, nas cinco regiões do país, onde 50,5% dos entrevistados residem em capitais e 49,5% vivem nas demais cidades.

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com agências

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