Enel anuncia substituição do presidente após apagão em São Paulo

Em nota, empresa diz que saída de Nicola Cotugno se deu pela sua decisão de se aposentar; em seu lugar assume Antonio Scala

Enel confirmou saída de Nicola Cotugno da presidência nesta quinta-feira (23) | Foto: reprodução/Alesp

A Enel anunciou a saída do presidente Nicola Cotugno, em meio a crise desencadeada pelo recente apagão que deixou 2,1 milhões de pessoas sem energia na capital paulista. A renúncia de Cotugno ocorreu em função de sua decisão de se aposentar, após cinco anos à frente da empresa.

Em nota, emitida nesta quinta-feira (23), a empresa afirma que a saída de Cotugno foi definida em reuniões de Conselho das distribuidoras e da Enel Brasil em outubro. Para apoiar o processo de substituição e as recentes contingências, o executivo prorrogou a sua saída para 22 de novembro”.

Em seu lugar, assume o executivo Antonio Scala, que poussui uma trajetória de 18 anos na Enel, ocupando cargos de destaque como chefe de Planejamento e Controle de Global Trading e liderança na Enel Green Power na América do Sul.

A crise

No dia 4 de novembro, 2,1 milhões de clientes da Enel ficaram sem energia em São Paulo por conta das fortes chuvas que atingiram a cidade no dia anterior. A empresa, no entando, se comprometeu a restabelecer o fornecimento até o dia 7, mas não cumpriu o prazo. Somente após cinco dias é que a concessionária informou que a energia estava restaurada para 99,99% das pessoas afetadas.

A Enel enfrentou reações das autoridades, com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e comissões da Câmara dos Deputados solicitando explicações sobre o incidente. Durante uma sessão da CPI da Enel na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 14 de novembro, a energia caiu pelo menos três vezes, gerando ainda mais críticas.

No dia seguinte, uma nova tempestade deixou cerca de 290 mil pessoas novamente sem energia na capital paulista, agravando ainda mais a situação.

Por conta disso, a prefeitura da cidade pediu para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cancelar o contrato de concessão com a Enel e, no dia 17, o governo estadual aplicou, via Procon, uma multa de R$ 12,7 milhões contra a empresa pela falta de energia e por descumprir o dever legal de prestação de serviços essenciais.

Após a saída de Cotugno, a Enel agradeceu sua dedicação ao grupo e o “foco nos clientes e contribuição à sociedade”. Enquanto o processo de nomeação de Scala se desenrola, Guilherme Gomes Lencastre assumirá interinamente o cargo.

Eis a íntegra da nota da Enel:

“ENEL BRASIL ANUNCIA NOVO COUNTRY MANAGER NO PAÍS

“SÃO PAULO, 23 de novembro de 2023 – Antonio Scala, executivo com 18 anos de trajetória à frente de diversas áreas na Enel, foi indicado como novo Country Manager da Enel Brasil. Scala substituirá Nicola Cotugno, que esteve à frente da companhia nos últimos cinco anos e agora deixa o Grupo para se aposentar. A saída de Cotugno foi definida em reuniões de Conselho das distribuidoras e da Enel Brasil em outubro. Para apoiar o processo de substituição e as recentes contingências, o executivo prorrogou a sua saída para 22 de novembro. Até que sejam concluídos os trâmites administrativos necessários para nomeação de Antonio Scala, o presidente do Conselho de Administração, Guilherme Gomes Lencastre, assumirá a posição de forma interina.

“Antonio Scala entrou na Enel em 2009 como responsável de Gestão de Risco para Gerenciamento de Energia na Itália. Também atuou como Responsável de Desenvolvimento Industrial e de Serviços de Energia para o mercado residencial no País. Em seguida, ocupou a função de chefe de Planejamento e Controle de Global Trading e liderou a Enel Green Power na América do Sul. Formado em Administração de Empresas em 2002 em Roma, Scala atuou como Sócio Júnior na McKinsey & Company com foco nas áreas de energia, gás e finanças corporativas.

“A Enel Brasil agradece a Nicola Cotugno por toda dedicação ao Grupo e seus colaboradores, além do destacado foco nos clientes e contribuição à sociedade. Sob sua gestão, a Enel se tornou uma empresa 100% renovável no País e ampliou em 76% a capacidade de geração eólica e solar. Em distribuição de energia, a empresa investiu R$ 17 bilhões de 2019 a setembro de 2023 nas áreas de concessão de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará com foco na modernização da rede elétrica.

“Nesse período, Cotugno promoveu a transição energética em diversas frentes, com o incentivo à mobilidade elétrica e parcerias para eletrificação sustentável de grandes empresas e cidades. No mercado livre, nos últimos cinco anos, a companhia mais do que triplicou o volume de energia entregue.”