Negociações correm contra o tempo para uma trégua duradoura em Gaza

O Hamas busca uma pausa mais permanente, enquanto Israel parece determinado a retomar as hostilidades após uma pausa temporária.

Pelo menos 15 mil palestinos foram mortos e edifícios e infraestrutura destruídos desde que Israel lançou sua guerra contra Gaza em 7 de outubro

À medida que o prazo da trégua entre Israel e Gaza se aproxima, negociações intensivas estão em andamento para estender o cessar-fogo e evitar a retomada dos combates. O Hamas busca uma pausa mais permanente, enquanto Israel parece determinado a retomar as hostilidades após uma pausa temporária.

Desde o início da guerra em 7 de outubro, pelo menos 15 mil palestinos perderam a vida, e edifícios e infraestrutura foram devastados. A trégua em vigor, inicialmente de quatro dias, foi estendida por mais dois, mas agora o último dia da extensão traz consigo a urgência de decisões cruciais.

Negociações decisivas em curso

Na quarta-feira, mediadores internacionais trabalharam incansavelmente para garantir uma segunda extensão da trégua, cujo término estava previsto para a manhã de quinta-feira (30). As negociações envolvem Israel, o Hamas, o Catar, os Estados Unidos e o Egito, centrando-se na duração da prorrogação e na delicada questão da troca de cativos por prisioneiros.

O exército israelense confirmou a libertação de dois prisioneiros israelenses em Gaza, enquanto outros 10 estavam programados para serem libertados em breve. Paralelamente, trinta mulheres e crianças palestinas estavam previstas para serem libertadas das prisões israelitas.

Desafios futuros

Embora haja consenso de que a trégua será prorrogada por mais alguns dias, as negociações mais avançadas que visam um fim permanente à guerra em Gaza serão ainda mais desafiadoras. A libertação dos soldados israelenses detidos em Gaza emerge como um ponto crítico, com grupos armados palestinos buscando a libertação de todos os palestinos detidos nas prisões israelitas, uma proposta que Israel rejeita categoricamente.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, embora tenha saudado a libertação de reféns, enfatizou que as forças israelenses retomarão a campanha para eliminar o grupo armado. “Não há como não voltarmos a lutar até o fim”, afirmou.

A trégua inicial de quatro dias começou na sexta-feira (24) e foi renovada por mais dois dias. Durante esse período, 81 prisioneiros foram libertados pelo grupo armado, e Israel libertou 180 prisioneiros palestinos em troca. No entanto, o ciclo de detenções persiste, com Israel prendendo quase tantos palestinos quanto os que foram libertados.

Enquanto a comunidade internacional observa com apreensão, a esperança é que as negociações resultem em um cessar-fogo duradouro, proporcionando alívio às comunidades afetadas e abrindo caminho para soluções mais amplas no conflito israelo-palestino.

Catástrofe épica

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo dramático ao Conselho de Segurança da ONU, instando as partes envolvidas a buscar um “verdadeiro cessar-fogo humanitário” diante da catástrofe épica em Gaza. Guterres destacou a urgência de enfrentar a crise humanitária resultante dos ataques incessantes de Israel, que deslocaram centenas de milhares de palestinos, juntamente com o cerco que limita o acesso a necessidades básicas como alimentos, combustível, água e eletricidade.

O secretário-geral expressou consternação com a perda de vidas, especialmente de crianças, enfatizando que, em poucas semanas, mais crianças foram mortas em Gaza pelas operações militares israelenses do que o número total de crianças mortas em qualquer ano, em qualquer conflito, durante seu mandato.

Esperança emergente

Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, primeiro-ministro do Catar, falando sobre a trégua estendida, mencionou que o acordo possibilitou a entrega de ajuda humanitária “altamente necessária” à Faixa de Gaza. O Catar espera que o Conselho de Segurança tome medidas para garantir um “cessar-fogo sustentável” e assegure o fluxo ininterrupto de ajuda humanitária.

O Hamas busca garantias de partes-chave da trégua, como catarianos e egípcios, de que a troca de prisioneiros resultará no fim dos bombardeios israelenses em Gaza. Apesar da posição firme de Israel a favor da continuação da guerra, líderes regionais estão colocando pressão, pedindo um acordo abrangente.

Papel dos EUA

Israel expressou disposição para estender a trégua com base na libertação de cativos, sendo acreditado que o Hamas tenha mulheres e crianças suficientes para estender a pausa por mais dois a três dias. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou que trabalhará com os israelenses durante sua próxima viagem para avaliar a possibilidade de prorrogar o cessar-fogo temporário.

Acredita-se que Blinken transmitirá a Israel que o apoio dos EUA não é incondicional, delineando “linhas vermelhas” que incluem a não reocupação de Gaza, nenhuma limpeza étnica e nenhuma redução do território de Gaza.

Próxima fase

Relatos de Jerusalém Oriental sugerem negociações entre Israel e o Hamas para libertar mais cativos e estender o cessar-fogo por cinco dias. A próxima fase envolverá a libertação de categorias específicas, incluindo cativos israelenses, homens idosos, mulheres e crianças soldados, reservistas e corpos de israelenses mortos durante o cativeiro.

Ghazi Hamad, membro do gabinete político do Hamas, confirmou a disposição para discutir a libertação de todos os cativos, militares e civis, destacando o compromisso contínuo nas negociações. O desfecho dessas discussões terá implicações significativas no caminho para a estabilidade na região, enquanto a comunidade internacional aguarda ansiosamente por desenvolvimentos positivos.

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