Lagoa invade mina da Braskem, onde o solo afundou mais de 2 metros

Tragédia em Maceió (AL) deverá ser apurada por uma CPI articulada no Senado. Rebaixamento do solo fez com que lagoa Mundaú avançasse sobre a área de risco

Foto: Cibele Tenório/Agência Brasil

O afundamento da mina da Braskem em Maceió, capital alagoana, atingiu 2,02 metros até quinta-feira (7). A tragédia anunciada desde 2018, quando as primeiras casas apresentaram rachaduras, pode ganhar um ritmo ainda mais acelerado, pois, com o rebaixamento do solo, a água da lagoa Mundaú começou a invadir a área da mina da Braskem.

A mina no bairro do Mutange corre risco de colapsar, ainda que a velocidade do afundamento tenha diminuído. Nas 24 horas anteriores ao registro o solo cedeu 5,2 centímetros a uma velocidade de 0,21 cm/h, antes estava em 0,25 cm/h.

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O tráfego de embarcações na lagoa está suspenso. A Defesa Civil monitora a área da mina 18 da Braskem 24 horas por dia e já emitiu alerta para o risco de colapso atingir 78 metros de diâmetro, três vezes o tamanho do raio da mina.

Dados apontam que mais de 60 mil pessoas deixaram seus imóveis devido à exploração irresponsável de sal-gema pela Braskem, que possui 35 minas com do mesmo tipo na região.

Lagoa Mundaú que avança sobre a mina. Foto: Defesa Civil de Alagoas

CPI

Articulada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) será instalada no Senado para apurar a responsabilidade da petroquímica Braskem.

A empresa deve responder pelo caos gerado para as milhares de famílias, assim como o impacto negativo gerado ao meio-ambiente e para a economia alagoana.

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Calheiros já indicou que há número suficiente de senadores para instalar a CPI, no entanto ela só deve iniciar as suas atividades em 2024, depois do recesso parlamentar.