Brasil registra queda de 51% nos casos de violência contra jornalistas

Prévia de relatório da Fenaj revela redução expressiva nos ataques e atribui melhora à saída de Bolsonaro; número ainda é 34,07% superior a 2018

Frame do vídeo em que Bolsonaro manda jornalista "calar a boca" | Imagem/Facebook

Nesta quinta-feira (25), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançará um relatório completo sobre os casos de violência contra jornalistas e ataques à liberdade de imprensa ocorridos no Brasil ao longo do ano de 2023.

Alguns dados já divulgados pela entidade mostram uma queda expressiva nos casos, com um total de 181 registros, representando uma redução de 51,86% em comparação com os 376 casos de 2022. Entretanto, é destacado que, apesar da melhora, o número ainda é 34,07% superior aos 135 casos contabilizados em 2018.

Segundo a entidade, “o decréscimo de 51,86% no total de casos foi consequência direta da ainda mais significativa retração no número de episódios de duas categorias de violência: a Descredibilização da imprensa e a Censura, ambas infladas em 2022 (e nos três anos anteriores), por ação de Jair Bolsonaro.”

A presidenta da Fenaj, Samira de Castro, destacou que o fim da institucionalização da violência contra a categoria, perpetrada pelo ex-presidente contribuiu para a redução nas agressões diretas aos profissionais. No entanto, ela ressalta que apesar da comemoração pela diminuição dos casos, as cifras continuam elevadas e que “a realidade cotidiana do trabalho dos jornalistas permanece preocupante.”

Em um panorama mais amplo, dados apresentados pelo Repórteres Sem Fronteiras (RSF), indicaram que, em 2022, o Brasil ocupava a 110ª posição no ranking mundial de liberdade de imprensa, sendo o segundo local mais letal para jornalistas no continente, atrás apenas do México. Já em 2023, com a chegada de Lula à presidência, o país subiu 18 posições, alcançando o 92º lugar. Apesar da situação ainda ser considerada problemática, a RSF atribui a melhora na posição à saída de Jair Bolsonaro do poder, que, segundo o relatório, “atacou sistematicamente jornalistas e veículos de comunicação.” Os dados incluíram até pelo menos março de 2023. O estudo é apresentado anualmente no dia 3 de maio, Dia da Liberdade de Imprensa.

Márcia Quintanilha, diretora da Fenaj e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, também acredita que a mudança no comando do governo federal influenciou positivamente nos números. “Nos últimos anos, a violência contra os jornalistas era incentivada pelo governo Bolsonaro, que promovia a descredibilização da imprensa e a censura. Mas precisamos ficar alertas, porque os números ainda são altos e preocupantes”, disse ao Portal Vermelho.

Durante o lançamento do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, serão detalhados os números da violência por categoria, região, estado, gênero, tipo de mídia e agressores.

Serviço:

  • O que: Lançamento do Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2023.
  • Quando: Quinta-feira, 25/01.
  • Que horas: 15 horas.
  • Onde: Sede do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro – Rua Evaristo da Veiga, 16, 17º Andar – Centro.
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