Brasil é julgado em Corte Interamericana por violência no campo

A Corte IDH tem o poder de determinar medidas para reparar as vítimas e prevenir a repetição desses crimes no futuro.

Nesta semana, o estado brasileiro enfrenta um julgamento na Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) por sua suposta omissão nas investigações e falta de responsabilização no caso de assassinato e desaparecimento forçado de líderes de trabalhadores sem terra na Paraíba.

Os casos em questão são os do trabalhador rural Manoel Luiz da Silva, assassinado em 1997, e de Almir Muniz da Silva, líder rural desaparecido em 2002. Ambos os crimes ocorreram em meio a conflitos por terras e à luta pela reforma agrária no estado da Paraíba.

As denúncias foram levadas à Corte IDH pela Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Almir Muniz, pela Comissão Pastoral da Terra da Paraíba e pelas organizações Dignitatis e Justiça Global, buscando responsabilizar o Estado brasileiro por sua falta de ação diante desses crimes.

Caso Manoel Luiz: Omissão na investigação

Na quinta-feira, a Corte IDH analisa o caso de Manoel Luiz da Silva, assassinado a tiros em 1997, em São Miguel de Taipu (PB). Apesar das evidências apontando os responsáveis pelo crime, a polícia não realizou as diligências necessárias para garantir uma investigação eficaz.

Caso Almir Muniz: Desaparecimento e impunidade

Na sexta-feira, a Corte IDH examina o caso de Almir Muniz da Silva, que desapareceu em 2002, em Itabaiana (PB). A investigação indicou o envolvimento de policiais civis no desaparecimento, mas as autoridades não realizaram diligências adequadas. A impunidade resultante teve um impacto significativo no movimento de trabalhadores rurais da região.

Esse é o primeiro caso do Brasil envolvendo desaparecimento forçado no contexto da reforma agrária, o que pode contribuir para que a Corte avance na jurisprudência sobre esse tema.

A Corte IDH, como tribunal regional de proteção dos direitos humanos, tem o poder de determinar medidas para reparar as vítimas e prevenir a repetição desses crimes no futuro. O julgamento desses casos representa um momento crucial na busca por justiça e reparação para as comunidades afetadas pela violência no campo no Brasil.

Com informações da Agência Brasil

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