Jogos Olímpicos de Paris podem ocorrer em meio a greves do setor público

As demandas do sindicato abrangem uma série de questões, desde a compensação justa por horas extras até a garantia de creches adicionais e alojamento durante o período dos Jogos.

Sophie Binet da CGT

Em meio aos preparativos para os aguardados Jogos Olímpicos de Paris, uma nuvem de tensão paira sobre os trabalhadores do setor público, incluindo funcionários de hospitais, que podem entrar em greve caso suas reivindicações não sejam atendidas. O sindicato CGT da França lançou um alerta nesta quinta-feira (7), destacando a necessidade premente de resolver questões relacionadas a salários e condições de trabalho.

Sophie Binet, diretora do CGT, enfatizou a importância de medidas imediatas por parte do governo para garantir o sucesso dos Jogos Olímpicos, para os quais o sindicato vem contribuindo há anos. “Queremos que o governo tome medidas imediatas para garantir o sucesso dos Jogos Olímpicos, para os quais o CGT vem trabalhando há anos. Para isso, nossos avisos precisam ser ouvidos”, declarou Binet em entrevista à rádio Franceinfo.

As demandas do sindicato abrangem uma série de questões, desde a compensação justa por horas extras até a garantia de creches adicionais e alojamento durante o período dos Jogos. Binet ressaltou que essas reivindicações têm sido negligenciadas há meses, gerando frustração crescente entre os trabalhadores do setor público. “Estamos dizendo a mesma coisa há meses e ninguém se importa. Isso está começando a ficar cansativo”, acrescentou.

Com a proximidade dos Jogos Olímpicos, a pressão sobre a força de trabalho parisiense aumentará significativamente, especialmente considerando a temporada de férias nacionais em pleno andamento. A expectativa é que com público adicional de 15,9 milhões de pessoas, o evento gere uma demanda extra nos serviços públicos, exacerbando problemas existentes, como a escassez de pessoal nos hospitais e na rede de transporte.

O sindicato anunciou planos de apresentar um aviso prévio de greve em abril, durante as férias escolares de verão na França, afetando trabalhadores da administração central e local, bem como funcionários dos serviços médicos e sociais.

Binet expressou preocupação com o impacto dos Jogos nos trabalhadores do setor público, destacando questões como horas extras e a proibição de tirar folgas. “Centenas de milhares de trabalhadores serão prejudicados pelos Jogos”, afirmou. “Como cuidarão de seus filhos durante as férias escolares? Que bônus receberão? Até o momento, nada foi resolvido sobre isso”, acrescentou a líder sindical.

Enquanto isso, o governo francês anunciou recentemente bônus de 1,9 mil euros para policiais que trabalharão durante os Jogos, levantando questionamentos sobre a disparidade na compensação entre diferentes setores do serviço público. “Por que os outros trabalhadores do setor público não podem ter os mesmos bônus? Existe uma hierarquia entre a polícia e os trabalhadores dos hospitais?”, indagou Binet.

Além disso, Binet levantou preocupações sobre as condições de alojamento dos funcionários que se deslocarão para a região de Paris durante os Jogos, onde são esperados 15 milhões de visitantes.

A diretora do CGT também expressou preocupação com a capacidade dos hospitais para lidar com a demanda adicional durante os Jogos. “Como você acha que os hospitais funcionarão durante os Jogos? São esperados milhões de visitantes extras em Paris e não há recursos adicionais alocados para os hospitais da região de Paris”, ressaltou ela.

Diante desse cenário, o CGT está se preparando para apresentar um aviso de greve no início do próximo mês, caso suas demandas não sejam abordadas de maneira satisfatória. Enquanto a contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Paris continua, a pressão sobre o governo para resolver essas questões críticas aumenta, destacando a importância de encontrar soluções que garantam um ambiente de trabalho justo e seguro para todos os trabalhadores do setor público durante o evento esportivo de destaque mundial.

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