BC reduz taxa de juros, mas queda segue em marcha lenta 

Corte definido pelo Copom foi de 0,5 ponto percentual, levando Selic a 10,75%. Índice ainda é alto e interfere no crescimento do país

Sede do BC. Foto: Rafa Neddermeyer

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central resolveu, nesta quarta-feira (20), baixar pela sexta vez a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Embora a queda em si seja positiva, o ritmo de redução e o patamar alcançado até agora estão aquém das necessidades de crescimento do país —o governo tem verbalizado sua insatisfação desde que Lula assumiu a presidência, assim como segmentos da economia.

Em comunicado emitido após a decisão, o Copom diz que “em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”. 

O fato de fazer esse apontamento apenas em relação à próxima reunião, em maio — e não “às próximas reuniões”, no plural, como em outras ocasiões — pode ser um indicativo de que o processo de corte poderá parar em breve. No entanto, o próprio mercado tem apostado que a taxa poderá chegar a 9% até o final deste ano. Não se descarta, portanto, que novas quedas sejam estabelecidas futuramente. 

Com esta redução, a taxa chegou ao seu menor nível desde março de 2022, quando também estava em 10,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

Apesar das últimas quedas — que fizeram com que o país tivesse a menor taxa desde desde março de 2022, quando estava em 11,75% —, o Brasil ainda figura entre os que ostentam os maiores juros do mundo. 

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Considerando os juros nominais, o Brasil fica em sexto lugar — a Argentina está em primeiro, com 80%, seguida da Turquia (45%) e da Rússia (16%), segundo o portal MoneyYou. No caso de levar em conta os juros reais — descontada a inflação —, o país fica em segundo lugar, com 5,95%, abaixo apenas do México, com 6,49%. 

O governo e setores produtivos têm criticado a taxa ainda alta por seu impacto na contração da economia. No início desta semana, antes do mais recente corte, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad defendeu que o BC deve olhar “para as necessidades e crescimento do país, enquanto cumpre a sua função institucional de controlar a inflação, que como já foi dito, depois de anos volta para dentro da banda da meta”. 

Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), esperava por um corte de 0,75 ponto percentual. À revista Veja, ele declarou que “a situação da inflação no Brasil já permite uma redução mais intensa dos juros reais” e que “é imprescindível uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic já na próxima reunião.” 

Com agências

(PL)

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