Lula diz que não faltarão recursos para ajudar Rio Grande do Sul

Comitiva do governo federal esteve em Santa Maria para avaliar os estragos e estabelecer medidas que priorizem o socorro e o atendimento aos atingidos

Lula e o governador do RS, Eduardo Leite, em Santa Maria. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma comitiva de ministros estiveram, nesta quinta-feira (2) em Santa Maria (RS), reunidos com o governador Eduardo Leite e autoridades locais, para planejar novas medidas de enfrentamento ao que já é considerado o maior desastre natural da história do estado. Na reunião, Lula assegurou que não faltarão recursos e apoio do governo à população do RS. 

“Num primeiro momento, a gente tem de salvar vidas, cuidar das pessoas. Num segundo momento, vamos cuidar de avaliar os danos e a partir daí começar a cuidar de conseguir o dinheiro para reparar esses danos”, declarou o presidente. 

Ele salientou, ainda, que o governo federal está “100% à disposição do estado e do povo do RS, com material humano, com trabalho, com eficiência e com recursos para repararmos os prejuízos”. E acrescentou: “Não faltará ajuda do Governo Federal para cuidar da saúde. Não vai faltar dinheiro para a questão do transporte e não vai faltar dinheiro para alimentos. Tudo o que estiver no alcance do Governo Federal, seja através dos ministros, em parceria com a sociedade civil ou através dos nossos militares, vamos nos dedicar 24 horas para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado”.

Por fim, disse: “Não vamos medir esforços para que a gente possa garantir que as pessoas voltem a viver e trabalhar dignamente. O país voltou a ser humanizado, a conhecer a palavra fraternidade e a palavra solidariedade”. 

Socorro ao estado

Desde o início da crise, o governo federal se mobilizou para apoiar as ações emergenciais, de socorro à população. Militares das Forças Armadas tem auxiliado nas ações de busca e resgate de vítimas e na desobstrução de estradas, além de distribuição de alimentos, colchões, água e a montagem de postos de triagem e abrigos.

Na visita desta quinta, o presidente afirmou que um comando seria montado na base militar de Santa Maria, junto com o governo do estado, para coordenar mais rapidamente os esforços de resgate e atendimento à população — que são prioridades neste momento, já que há muita gente isolada — e de reconstrução da infraestrutura das cidades. 

Foto: Ricardo Stuckert

Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também haverá uma sala de situação em Brasília para coordenar ações de todos os ministérios e atuar em conjunto com o esforço local.  

Ministros presentes destacaram o empenho de suas pastas para o que for necessário e falaram sobre a necessidade de trabalhar de maneira preventiva, para evitar situações como essas que tendem a ser cada vez mais comuns diante da crise climática. 

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Na comitiva, estavam os ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Jader Filho (Cidades), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), além do comandante do Exército, general Tomás Paiva, e do chefe do gabinete do Comandante da Aeronáutica, Major-Brigadeiro do Ar Antonio Luiz Godoy Soares.

Catástrofe histórica

Segundo os dados mais atualizados, o RS já registrou 24 mortes em decorrência dos alagamentos e deslizamentos resultantes das fortes e constantes chuvas. São 147 as cidades que registraram algum tipo de ocorrência e quase 68 mil pessoas afetadas. Mais de 14 mil pessoas estão fora de casa, 4,6 mil em abrigos e quase 10 mil estão desalojadas (na casa de familiares ou amigos). 

As regiões mais atingidas são a Central, dos Vales, Serra e a Metropolitana de Porto Alegre. Há, ainda, mais de 150 pontos de bloqueios em estradas e pontes e municípios com problemas no abastecimento de alimentos, água, energia elétrica e telefonia. 

Ao falar sobre a gravidade do cenário, o governador Eduardo Leite ressaltou que nos temporais que ocorreram em setembro e em novembro do ano passado, também com resultados catastróficos, foi possível agilizar os resgates porque as chuvas foram menos constantes, ao contrário de agora.

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“Neste momento, a gente não tem tido essa condição. Desde terça-feira (20) a gente mobiliza o que é possível, mas há muito problema climático ainda que afeta o voo das aeronaves e há muitas dificuldades para fazer resgates. E isso tem gerado consequências muito graves aqui, que ainda vão ser medidas”, explicou Leite.

O governador também chamou atenção para a situação do rio Guaíba, que banha a capital, Porto Alegre, e que pode chegar a 4,20 metros nesta sexta-feira — a cota de inundação é de 3 metros. Em enchente de 2023, o nível chegou a 3,46 m, o pior registrado até então, desde 1941. Diante dessa rápida subida, a prefeitura da capital gaúcha determinou o fechamento de comportas para evitar que a água invada o centro da cidade.