Empresas alemãs se unem contra extrema-direita no Parlamento Europeu

As eleições europeias de junho são cruciais, pois permitirão que os partidos de extrema-direita consolidem sua influência crescente.

Avanço da extrema-direita na Europa preocupa indústria receoso de isolamento político e perda de mercados

Nesta terça-feira (7), algumas das empresas mais importantes da Alemanha, incluindo Siemens, BMW, Deutsche Bank, Bosch e Mercedes, anunciaram uma campanha conjunta contra a extrema direita e pelo voto consciente nas eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para ocorrer entre 6 e 9 de junho. A informação é da agência AFP.

Essas empresas assinaram um artigo declarando sua união em uma aliança econômica pela diversidade, compreensão e tolerância, e contra o extremismo e populismo. A campanha, intitulada “Nós Apoiamos Princípios”, pretende utilizar as redes sociais para enfatizar a importância da unidade europeia para a prosperidade, o crescimento e o emprego.

Na Alemanha, há um temor crescente de que o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ganhe terreno nas eleições para o Parlamento Europeu, o que poderia enfraquecer o bloco e fortalecer a AfD internamente. Pesquisas indicam que a sigla poderá receber cerca de 15% dos votos em junho, tornando-se o segundo maior bloco no Legislativo da União Europeia.

No comunicado divulgado junto à campanha, as empresas destacaram que “a exclusão, o extremismo e o populismo representam ameaças à atratividade da Alemanha e à nossa prosperidade”. A iniciativa de empresas desse porte é incomum no país e inclui também companhias estatais, como a Deutsche Bahn, responsável pelas ferrovias, e sindicatos.

Christian Bruch, CEO da Siemens Energy, que faz parte da aliança, ressaltou a importância de combater o isolacionismo, o extremismo e a xenofobia, afirmando que esses elementos são prejudiciais para as exportações e os empregos na Alemanha.

Influência crescente

As eleições europeias de junho são cruciais, pois permitirão que os partidos de extrema-direita consolidem sua influência crescente. No entanto, as forças políticas tradicionais já estão considerando alianças específicas com alguns desses movimentos, o que poderia mudar o equilíbrio de poder no Parlamento Europeu.

Com 370 milhões de eleitores sendo convocados às urnas nos 27 países da União Europeia, as eleições definirão uma nova legislatura. O Parlamento Europeu desempenha um papel fundamental na formulação de leis e políticas da UE, e as eleições determinarão a distribuição dos principais cargos nas instituições da UE.

Apesar dos desafios representados pelo avanço da extrema direita, a coalizão dominante, composta pelo Partido Popular Europeu (PPE), os Sociais-Democratas (S&D) e os centristas liberais (Renovar Europa), provavelmente continuará à frente do processo de tomada de decisões após as eleições, de acordo com especialistas.

No entanto, o fortalecimento dos partidos nacionalistas pode aumentar a frequência de coalizões de direita formadas pelo PPE e pelo bloco Conservadores e Reformistas Europeus (ECR). O equilíbrio político resultante dessas eleições terá repercussões significativas para o futuro da União Europeia e suas políticas.

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