Poucas horas antes da votação, é assassinado 38.º candidato mexicano

Só na última semana, quatro candidatos foram baleados, com as autoridades suspendendo as eleições em algumas localidades.

Israel Delgado Vega foi notificado como o último candidato assassinado antes do processo eleitoral mexicano

A eleição deste ano no México se tornou a mais sangrenta da história moderna do país, com o assassinato de Israel Delgado Vega, 35 anos, ocorrido na noite de sábado, 1º de junho. Delgado Vega, candidato a vereador da cidade de Cuitzeo, no estado de Michoacán, foi morto a tiros do lado de fora de sua casa por duas pessoas em uma moto, conforme relatou a polícia. Do Partido Trabalhista (PT), Delgado Vega concorria na chapa liderada por Rosa Elia Milan Pintor, prefeita e candidata à reeleição em Cuitzeo, apoiada por Morena, PT e PVEM.

A violência política no México tem sido alimentada por organizações criminosas que disputam o controle de territórios e buscam coagir as autoridades locais. A violência marcou o período eleitoral, com 38 candidatos assassinados antes da votação deste domingo, 2 de junho. Este cenário brutal tem colocado a violência no centro das discussões da campanha presidencial, evidenciando a gravidade da situação de segurança no país.

Delgado Vega não foi um caso isolado. Na sexta-feira, 31 de maio, Jorge Cabrera Huerta, candidato a vereador em Izúcar de Matamoros, Puebla, também foi morto a tiros. Cabrera Huerta estava em uma van com a namorada e um colega de partido quando foi atacado. Ele faleceu no Hospital Geral do município.

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Cabrera Huerta fazia parte da chapa de Eliseo El Chino Morales, candidato pela aliança do Partido Verde e da Força pelo México. O ataque deixou 21 cartuchos de balas no local e as autoridades locais não conseguiram localizar os agressores.

Michoacán, onde Delgado Vega concorria, tem sido particularmente afetado pela violência política. No atual processo eleitoral, nove pré-candidatos, candidatos ou funcionários públicos foram assassinados no estado, além de três políticos desaparecidos. A região é palco de disputas entre organizações do crime organizado pelo controle de territórios, especialmente em áreas de roubo de combustível dos oleodutos da Pemex, conhecido como ‘huachicol’.

Relatório de violência eleitoral

O Terceiro Relatório do Laboratório Eleitoral intitulado “Processo de Violência Eleitoral 2023-2024” revelou que, de 4 de junho de 2023 a 29 de maio de 2024, ocorreram 320 casos de violência eleitoral, incluindo 93 assassinatos, dos quais 36 eram aspirantes. O relatório também contabilizou 131 ameaças, 77 ataques e 17 sequestros de pessoas relacionadas com as eleições.

Só na última semana, quatro candidatos foram baleados, com o penúltimo incidente ocorrendo na sexta-feira, 31 de maio, no estado de Puebla. Devido à violência, as autoridades de Chiapas suspenderam as eleições em dois municípios. Em Michoacán, 84 centros de votação não abrirão por causa da insegurança ou conflitos, segundo o Instituto Nacional Eleitoral (INE).

A violência também impacta a disputa presidencial. A favorita, Claudia Sheinbaum, de 61 anos, do partido Morena, o mesmo do presidente Andres Manuel Lopez Obrador, enfrenta duras críticas sobre a alta taxa de homicídios no país. A oposição tem usado esses números para argumentar a necessidade de mudança no governo.

A eleição geral de 2024 no México é marcada por uma violência sem precedentes, refletindo um cenário de insegurança que se estende por várias regiões do país. A morte de Israel Delgado Vega, junto com outros candidatos, coloca em foco a urgência de soluções para combater o crime organizado e garantir a segurança dos envolvidos no processo democrático.

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