Inflação tem leve alta em maio, influenciada por tragédia no Rio Grande do Sul

Índice foi de 0,46%, puxado sobretudo pelo grupo de alimentos e bebidas (0,62%). Ainda assim, o preço da alimentação no domicílio (0,66%) desacelerou ante abril (0,81%)

Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

A inflação brasileira em maio teve uma leve alta em relação ao mês anterior, fechando em 0,46% ante 0,38% de abril. As enchentes no Rio Grande do Sul, questões sazonais e internacionais estão entre os fatores que puxaram o índice, sobretudo no grupo de alimentos e bebidas, cuja taxa foi de 0,62%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (11) pelo IBGE.

O aumento nesse grupo tem relação, principalmente, com a alta dos tubérculos, raízes e legumes (6,33%). Dentre eles, destaca-se a batata-inglesa, com 20,61%, o maior impacto individual sobre o índice geral. 

Mesmo com a elevação, o preço da alimentação no domicílio (0,66%) desacelerou ante abril (0,81%). Esse comportamento é explicado pelas variações negativas de alguns alimentos, como as frutas (-2,73%). No ano, a inflação acumulada é de 2,27% e, nos últimos 12 meses, de 3,93%.

“Em maio, com a safra das águas na reta final e um início mais devagar da safra das secas, a oferta da batata ficou reduzida. Além disso, parte da produção foi afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das principais regiões produtoras”, explicou, André Almeida, gerente da pesquisa.

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Outros itens que, em geral, fazem parte das compras dos brasileiros também tiveram altas relacionadas a outros fatores. São os casos do leite longa vida (5,36%) e do café moído (3,42%). De acordo com Almeida, “o leite está em período de entressafra e houve queda nas importações. Essa combinação resultou em uma oferta menor. Em relação ao café, os preços das duas espécies têm subido no mercado internacional, o que explica o resultado de maio”.

O grupo que mais influenciou o resultado geral depois de alimentação e bebidas foi o de habitação (0,67%), com a alta da energia elétrica residencial (0,94%), o terceiro item de maior impacto individual sobre o quadro geral. O resultado é explicado pela aplicação dos reajustes tarifários em Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Recife (PE), Fortaleza (CE) e Aracaju (SE). A taxa de água e esgoto (1,62%) e o gás encanado (0,30%) também contribuíram para a alta do grupo.

Já a variação de saúde e cuidados pessoais (0,69%) foi a maior entre os nove grupos investigados pela pesquisa. O resultado foi influenciado pelo aumento nos preços do plano de saúde (0,77%) e dos itens de higiene pessoal (1,04%), com destaque para perfume (2,59%) e produto para pele (2,26%) — o que pode estar ligado à maior procura desses dois últimos devido ao Dia das Mães.

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No que diz respeito à catástrofe que atingiu o RS entre o final de abril e parte de maio, a pesquisa apontou que Porto Alegre foi a área de abrangência investigada que obteve maior variação do IPCA em maio. “A situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e serviços. Em maio, as principais altas foram da batata-inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%)”, disse o pesquisador. 

Quanto ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o comportamento foi semelhando ao do IPCA, registrando 0,46% em maio, o que também representa uma alta em relação a abril, quando foi de 0,37%, impactado também, sobretudo, pelos produtos alimentícios. 

Com informações do IBGE

Edição: Priscila Lobregatte

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