Boulos aponta responsabilidades no apagão da Enel e critica prefeito
Em entrevista, candidato também apresentou propostas para motoristas de Uber e para mulheres empreendedoras da periferia.
Publicado 15/10/2024 19:30 | Editado 16/10/2024 12:57
Na noite desta terça-feira, o candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSol), participou de uma entrevista no SPTV 2ª Edição, conduzida pelo jornalista José Roberto Burnier. Em um debate marcado por temas centrais para a cidade, Boulos apresentou suas propostas e posicionamentos para o segundo turno das eleições municipais.
Logo no início, Boulos expressou solidariedade às vítimas do apagão que atingiu a capital, ressaltando os prejuízos sofridos pelos pequenos comerciantes e moradores. Ele destacou que entrou com uma ação contra a Enel para garantir indenizações a esses prejudicados.
A recente crise energética foi abordada de forma contundente por Boulos, que não poupou críticas à Enel e à gestão municipal de Ricardo Nunes. “A Enel é uma empresa horrorosa, e a prefeitura de São Paulo tem responsabilidade nesse apagão, pois a poda de árvores, que causou grande parte da interrupção de energia, é de competência municipal”, afirmou.
O candidato ainda destacou a ineficiência do governo estadual na fiscalização e disse que a prefeitura precisa “fazer a lição de casa” para evitar que situações como essa se repitam.
Apoio às periferias e classes trabalhadoras
Questionado sobre a sua perda de votos em regiões que tradicionalmente votam à esquerda, Boulos enfatizou seu orgulho por vencer em diversas áreas periféricas como Campo Limpo, Capão Redondo, e Cidade Tiradentes, onde vive com sua família. “Ganhamos em muitas regiões da periferia porque temos compromisso com essas pessoas”, afirmou.
No entanto, o candidato reconheceu que seu discurso poderia ter sido mais direcionado a trabalhadores autônomos, como motoristas de aplicativo e pequenos empreendedores da periferia. Em resposta a isso, Boulos apresentou algumas de suas propostas, incluindo a isenção de rodízio para motoristas de Uber e o programa “Acredita Mulher”, que promete crédito de até R$ 20 mil para empreendedoras.
Parceria com Lula e melhorias na saúde
Ao ser questionado sobre o papel do presidente Lula em sua campanha, Boulos deixou claro seu orgulho pelo apoio e reforçou que, como prefeito, será o responsável pela cidade, mas que a parceria com o governo federal será crucial. Ele revelou que Lula já se comprometeu a colaborar com o projeto “Poupatempo da Saúde”, que visa zerar a fila de consultas com especialistas e exames.
“A saúde precisa de atenção, e vamos contar com recursos federais para trazer mais médicos especialistas para a periferia”, afirmou Boulos.
Prioridades na habitação
Um dos temas centrais da entrevista tem sido sobre a questão habitacional, já que o candidato é um conhecido líder do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST). Boulos defendeu que sua prioridade será atender as 80 mil pessoas que vivem nas ruas de São Paulo, antes mesmo das ocupações organizadas por movimentos sociais.
“Para mim, é uma questão de humanidade. Não podemos permitir que mulheres, crianças e idosos vivam nas ruas da cidade mais rica do Brasil”, declarou o candidato. Ele também mencionou sua experiência com o movimento de moradia e garantiu que buscará soluções concretas para essa crise.
Comércio informal e segurança pública
No final da entrevista, Boulos discutiu sua política para os vendedores ambulantes e a segurança nas áreas de comércio popular. Ele reconheceu que a situação atual “não está boa para ninguém” e propôs soluções como a criação de espaços adequados, como camelódromos e shoppings populares, onde os comerciantes possam trabalhar legalmente. Boulos prometeu criar uma comissão paritária para dialogar com os ambulantes e encontrar soluções justas.
Ao encerrar a entrevista, Boulos fez um apelo aos eleitores por mudança: “Quem quer deixar como está, está com o meu adversário. Quem quer mudança, vota 50 no dia 27.”
Com uma postura firme e direta, Guilherme Boulos deixou claro que sua proposta para São Paulo é baseada na inclusão social, no combate à desigualdade e na construção de uma cidade mais justa para todos os seus habitantes.