EUA vetam resolução da ONU sobre cessar-fogo em Gaza

A diplomacia norte-americana justificou a decisão criticando a aspecto “incondicional” da proposta. Dos 15 votantes, apenas os EUA votaram contra a paz

Os Estados Unidos vetaram nesta quarta (20) uma resolução de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza no Conselho de Segurança da ONU. O veto intensifica a sensação de paralisia da comunidade internacional diante do massacre que Israel tem promovido contra a população dos países da região.

Além do fim imediato das hostilidades, a proposta, levada a plenário pelos dez países com assentos não permanentes no órgão, estabelecia que todas as partes envolvidas no conflito implementem “incondicionalmente e sem demora” o conteúdo da resolução 2735 do Conselho de Segurança, aprovada em junho. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou a resolução.

Na prática, isso significaria o retorno de todos os reféns ainda em poder do Hamas e grupos aliados em Gaza, a troca por prisioneiros palestinos, o retorno de civis às suas casas em todas as partes do enclave e a retirada completa das forças militares de Israel.

Esta foi a quarta vez que os norte-americanos rejeitaram uma proposta de trégua entre Israel e o Hamas desde o início do conflito, em outubro de 2023.

Os EUA justificaram o veto por conta da ausência da exigência da libertação dos cerca de 100 reféns sob poder do Hamas em Gaza, algo interpretado pelos americanos como fundamental para o texto. O representante dos EUA na reunião, Robert Wood, acusou membros do conselho de rejeitarem de forma cínica as tentativas de alcançar um compromisso.

“É um dia triste para o Conselho de Segurança, para as Nações Unidas e para a comunidade internacional”, disse o embaixador da Argélia na ONU, Amar Bendjama, afirmando que os 14 países que votaram a favor da proposta falaram “pela maior parte da comunidade internacional”.

Até mesmo aliados dos norte-americanos optaram por apoiar, entre eles o Reino Unido e a França.

A China, por sua vez, alertou que a operação de Benjamin Netanyahu não tem relação alguma com a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde outubro de 2023.

Com mais de 43 mil mortos, a situação em Gaza é considerada pela ONU como uma demonstração da incapacidade de o órgão internacional de dar uma resposta à crise.

Segundo a ONU, os palestinos estão “enfrentando condições cada vez menores de sobrevivência” em partes do norte de Gaza cercadas pelas forças israelenses porque praticamente nenhuma ajuda foi entregue em 40.

A ONU afirma que todas as suas tentativas de apoiar as cerca de 65 mil a 75 mil pessoas em Beit Hanoun, Beit Lahia e Jabalia neste mês foram negadas ou impedidas, forçando o fechamento de padarias e cozinhas.

No início deste mês, uma avaliação apoiada pela ONU disse que havia uma forte probabilidade de que a fome fosse iminente em áreas do norte de Gaza.

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