Minha Casa, Minha Vida: Lula quer novas construtoras na faixa dos mais pobres

As grandes construtoras não demonstram interesse em participar dessa faixa, que é subsidiada com recursos da União e os beneficiados pagam parcelas simbólicas

Lula durante Cerimônia de entrega de 222 unidades habitacionais do Residencial Angelin, empreendimento do programa Minha Casa, Minha Vida. Residencial Angelin, Abaetetuba - PA. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu às grandes construtoras que se envolvam no programa Minha Casa, Minha Vida para beneficiar a população mais pobre, cujos projetos são financiados por recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).

As grandes construtoras não demonstram interesse em participar dessa faixa, que é subsidiada com recursos da União e os beneficiados pagam parcelas simbólicas.

O outro seguimento é a faixa 1, que é financiada com recursos do FGTS, considerado mais atrativos pelas empresas.

Numa reunião com o presidente nesta terça-feira (28), no Palácio do Planalto, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) sinalizou positivamente para a demanda do governo em aumentar o número de imóveis financiados pelo FAR, mas solicitou contrapartidas como garantias financeiras.

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Dessa forma, foram discutidos temas para aprimorar o programa, garantir a sustentabilidade do FGTS, aumentar o funding para o setor, entre outros. “Ficou acertada na reunião a criação de um grupo de trabalho entre Abrainc e as áreas técnicas da Fazenda e das Cidades para discussão aprofundada dos pleitos apresentados”, diz nota da entidade.

Um executivo do setor disse ao O Globo que o maior “entrave para a participação de grandes construtoras no Minha Casa, Minha Vida – FAR é o receio de que, devido à crise fiscal, haja atrasos nos pagamentos das obras por parte da União. Para contornar o problema, o setor pede que 100% da verba seja alocada na largada dos projetos e que seja gerenciada por um terceiro, como a Caixa Econômica Federal”.

A indústria da construção também solicitou maior regulação do saque-aniversário do FGTS, pois a medida tem gerado mais prejuízos do que benefícios no longo prazo.

De acordo com o setor, 580 mil novas moradias populares deixaram de ser construídas: desde a criação do saque-aniversário, em 2019, o FGTS já perdeu mais de R$ 121 bilhões, recursos suficientes para a construção de 580 mil novas moradias e geração de 1,5 milhão de empregos.

“População mais necessitada fica sem acesso aos recursos quando mais precisa: 70% dos adquirentes ganham até 10 salários-mínimos. O saque-aniversário compromete o acesso ao saldo de quem optou pela modalidade por um longo período”, diz a entidade.

Participaram do encontro os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Jader Filho (Cidades), e a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

Pela Abrainc, estiveram presentes o presidente da entidade, Luiz França, os associados Rubens Menin (MRV), Ricardo Valadares Gontijo (Direcional Engenharia), Rodrigo Osmo (Tenda), Régis Guimarães Campos (Emccamp), Ronaldo Cury (Cury Construtora), Victor de Almeida (Pacaembu) e Rodrigo Luna (Plano&Plano), além do VP de Relações Institucionais, Cícero Araújo.

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