Prioridades de Padilha: controlar dengue, vacinas e especialistas
Presidente Lula já havia pedido ao futuro ministro da Saúde prioridade para redução das filas do SUS. Tarefas terão cuidado especial do governo para serem marcas da gestão
Publicado 06/03/2025 19:17 | Editado 08/03/2025 11:49

No último dia 25 de fevereiro o presidente Lula comunicou à ministra da Saúde, Nísia Trindade, que ela seria substituída por Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais. Neste mesmo dia, mais cedo, a ministra e Lula lançaram a primeira vacina totalmente brasileira para o combate à dengue.
Padilha, que assume oficialmente a pasta pela qual já foi ministro entre 2011 e 2014 no governo Dilma Rousseff, em coletiva de imprensa no dia seguinte falou que recebeu como missão prioritária do presidente Lula reduzir a fila de espera para consultas, exames e cirurgias no Sistema Único da Saúde (SUS).
No momento a equipe de Padilha faz a transição para a Saúde e a sua posse deve ocorrer na próxima segunda-feira (10).
Com a substituição, o presidente Lula pretende que a Saúde lhe dê o retorno merecido após a reestruturação da pasta tão atacada no governo de Jair Bolsonaro, que ainda deixou como legado nefasto a descrença em muitas pessoas quanto à importância da vacinação com efeitos que perduram até hoje.
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Porém os escândalos de Bolsonaro na saúde não pararam aí. O modo como ele negou e debochou da pandemia de Covid-19 e conduziu o SUS para a privatização são temas que devem ser contrastados com as ações do governo Lula.
Dessa maneira, Padilha tem a missão não só de dar continuidade ao trabalho de Nísia, mas também o de levar estes esforços ao reconhecimento da população e também de parlamentares. Isto ocorre uma vez que metade das emendas parlamentares individuais são obrigatoriamente oriundas da Saúde, como definido por Lei. Outro fator que aumenta o peso do Ministério da Saúde é a destinação prioritária de emendas de comissões permanentes do Congresso para a área de saúde.
Então, ele deve ao mesmo tempo obter o reconhecimento do povo brasileiro, confrontar o bolsonarismo e trazer para dentro do ministério políticos com quem esteve a todo momento nestes pouco mais de 2 anos e 3 meses na articulação política do governo.
Com as tarefas postas na mesa, o próximo ministro da Saúde já sabe, ao menos, o caminho que o presidente deseja que ele trilhe como forma de ajudar a melhorar a avaliação do governo.
Vacinas, Dengue, Mais Especialistas
A ida de Padilha para a Saúde, de acordo com o jornal Valor, foi negociada para que ele fique até o final de 2026 na pasta. Dessa maneira ele não poderá concorrer a nenhum cargo na próxima eleição, pois teria que se afastar conforme o regimento eleitoral
Ainda, segundo a reportagem, Lula pediu cuidado com o avanço da dengue, em especial no estado de São Paulo. O governo não quer ampliar o desgaste que já possui principalmente no interior do estado, onde a doença mais avança. Com isso, o combate à dengue deverá ser intensificado e a estratégia de produção de 60 milhões de doses de vacinas anuais a partir de 2026 junto ao Instituto Butantan faz parte da estratégia em mostrar uma resposta robusta, ainda que os efeitos possam demorar mais tempo que o desejado pelo governo em chegar.
Um ponto de atenção passado por interlocutores ao jornal é de que Padilha deverá exercer maior controle sobre a gestão de todas as vacinas oferecidas pelo SUS. O governo quer acabar com desperdício de imunizantes vencidos, o que traz a imagem de falta de controle e de valores mal gastos pelos gestores públicos.
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Ao passo que o controle de estoque será maior e chegarão as vacinas contra a dengue, Lula ainda entende que é necessário ampliar as campanhas de vacinação para que o Brasil alcance novamente, assim como nos seus governos anteriores, a adequada taxa de cobertura vacinal por doença.
Sobre a redução de filas do SUS, isso passa, em partes, pelo acesso ao programa Mais Acesso a Especialistas. Em 2024, o SUS alcançou o maior número de cirurgias eletivas da história. No total foram registrados mais de 13 milhões de procedimentos, aumento de 10,8% em relação a 2023. O recorde de cirurgias foi alcançado pelo auxílio do programa Mais Acesso a Especialistas, que amplia e acelera o atendimento da população.
Dessa maneira, entende Lula, esta deve ser uma das principais marcas deixadas pela Saúde, tanto que o programa pode ser rebatizado para um nome mais fácil e forte, de acordo com o Valor. Assim, caberá a Padilha fortalecer ainda mais o programa, aumentando o seu potencial com mais profissionais e acesso simplificado aos tratamentos, principalmente em áreas que envolvem cardiologia e oncologia.
*Com informações Valor