CTB destaca redução da jornada entre lutas e desafios no 1º de Maio
Em entrevista ao Entrelinhas Vermelhas , Adilson Araújo, presidente da CTB, aborda prioridades do movimento sindical, críticas ao arcabouço fiscal e a urgência de reduzir a jornada de trabalho no Brasil.
Publicado 01/05/2025 18:00 | Editado 01/05/2025 18:19

Neste 1º de maio, centrais sindicais brasileiras realizaram atos unitários em todo o país, reivindicando pautas como redução da jornada de trabalho, correção da tabela do Imposto de Renda e enfrentamento aos juros altos. Em entrevista ao Entrelinhas Vermelhas, Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), destacou em entrevista a necessidade de um “projeto nacional de desenvolvimento” para combater a precarização e a desigualdade.
Assista a entrevista completa:
Prioridades do movimento sindical: Da jornada de trabalho à taxação dos ricos
A CTB aponta três eixos centrais:
- Redução da jornada para 40 horas semanais , combatendo a escala 6×1 e a terceirização abusiva.
- Revisão da política de juros , que hoje consomem 50% da riqueza gerada no país.
- Atualização da tabela do IR e taxação de grandes fortunas, num contexto em que 50% da riqueza nacional está concentrada nas mãos de 1% da população (dado pós-pandemia).
“O Brasil é o terceiro país com mais acidentes de trabalho e óbitos. Isso é resultado de uma agenda que prioriza o capital em detrimento da vida”, afirmou Araújo.
Críticas ao arcabouço fiscal e ao legado das reformas neoliberais
Para o líder sindical, a reforma trabalhista de 2017 e o teto de gastos (EC 95) são entraves ao desenvolvimento. “O arcabouço fiscal joga dinheiro no colo do rentismo, enquanto o povo sofre com desemprego e serviços públicos sucateados”, disse. Ele também criticou a alta taxa de juros (15,25% ao ano), que inibe investimentos produtivos e agrava a crise social.
O papel da CTB: 17 anos de resistência e representatividade
A CTB, segunda maior central do país, completou 17 anos em 2024 com 1.406 sindicatos filiados. Araújo ressaltou conquistas como a eleição de Vânia Marques, primeira mulher à frente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), e a importância do sindicalismo rural, que representa 55% de sua base.
“A CTB nasceu para ser uma ferramenta de luta, não de conciliação. Somos plurais, classistas e internacionalistas”, afirmou, destacando a atuação da central em fóruns como o BRICS Sindical e o Conselho de Desenvolvimento Econômico do governo Lula.
Desafios para o futuro: Congresso da CTB e a batalha de 2026
O 6º Congresso da CTB, em agosto, debaterá estratégias para fortalecer a unidade sindical e pressionar por mudanças estruturais. “Precisamos ganhar mentes e corações para um projeto de nação soberana, com indústria forte e trabalho digno”, disse Araújo. Ele também alertou para o risco de retrocessos nas eleições de 2026: “Se não mobilizarmos a classe trabalhadora, o neofascismo volta”.
A entrevista reforça o papel do movimento sindical como contraponto às políticas de austeridade e à agenda neoliberal. Para Araújo, “a luta por direitos não é apenas econômica, mas civilizatória”. Enquanto o Brasil debate seu futuro, a unidade das centrais e a pressão popular serão cruciais para reverter décadas de desmonte social.