Quase 90% defendem mais mulheres como candidatas em 2026
Pesquisa mostra que brasileiros querem mais mulheres no poder e apontam ganhos em saúde, educação e na qualidade da política com a maior presença feminina.
Publicado 04/06/2025 10:47 | Editado 04/06/2025 17:10

A maioria dos brasileiros defende uma maior participação das mulheres na política partidária. Para 89% da população a presença da mulher na política contribui para melhorar o ambiente político e a sociedade em geral. Os dados são da pesquisa de opinião “Por mais mulheres na política”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e o Ipec, com apoio do Ministério das Mulheres.
De acordo com o levantamento, 77% dos entrevistados afirmam que as mulheres não são estimuladas a participar da política, uma das razões pela qual as mulheres são minoria na área. Para 41% o assédio e ataques machistas, inclusive dentro dos partidos, são barreiras para a participação das mulheres na política. Três em cada dez entrevistados (31%) indicam também a falta de apoio da família e dos partidos.
Os brasileiros identificam a saúde e a educação como as áreas que mais registrariam avanços e melhorias se os cargos de poder no Executivo ou no Legislativo fossem ocupados por mulheres. A saúde é apontada por 74% dos brasileiros, enquanto educação é indicada por 63% da população.
Para a diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, a pesquisa revela que a população reconhece a importância da participação das mulheres na política “e que se elas estiverem em cargos de poder irão promover mais avanços nas políticas públicas em áreas como saúde e educação”.
Apenas 3% dos entrevistados afirmam que não votariam em mulher de jeito nenhum. Uma em cada quatro pessoas consideram o ambiente da política agressivo e competitivo para as mulheres. A mesma proporção considera as mulheres muito emotivas. Elas recorreriam mais à emoção do que à razão nos momentos de decisão. “Os que citam motivos (contra a participação das mulheres na política) subestimam a capacidade das mulheres e assumem posições paternalistas de que o ambiente político é muito agressivo e competitivo e que elas não aguentam pressão”, disse Melo.
Lei de cotas
A lei de cotas mínimas para candidaturas femininas como senadoras, deputadas e vereadoras é aprovada pela maioria da população: 59% aprovam a iniciativa, 32% são contra, 5% nem contra e nem a favor e 5% não soube responder. Embora a diferença não seja relevante estatisticamente, o apoio à lei é maior entre as pessoas pretas e pardas (61%) do que entre as brancas (55%) e maior entre as mulheres (62%) do que os homens (55%).
As regiões Norte/ Centro-Oeste e Nordeste são as mais favoráveis a leis de cotas mínimas, com apoio de 67% e 66%, respectivamente. A região Sudeste apresenta o maior percentual de pessoas contrárias à legislação: 37%. Duas em cada três pessoas contrárias à lei de cotas mínimas justificam que homens e mulheres devem disputar em igualdade de condições.
“A desigualdade de gênero é estrutural na nossa sociedade e perpassa também a política. A lei de cotas é uma ação afirmativa que busca corrigir as desigualdades históricas, que impedem a participação igualitária de homens e mulheres na política”, comenta a secretária de Mulheres do PCdoB, Daniele Costa.
A pesquisa ouviu 2.000 pessoas, mulheres e homens com 16 anos ou mais de 129 municípios brasileiros, em janeiro de 2025. A margem de erro é de dois pontos percentuais. O levantamento completo pode ser visto aqui.
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Edição: Bárbara Luz