Mais de 70% dos universitários fizeram ensino médio público 

Em 2016, esse percentual era de 68%, segundo o IBGE. Avanço resulta de políticas públicas e representa importante indicativo de melhora das desigualdades

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Educação, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),  mostram que o Brasil avançou no que diz respeito à presença de estudantes da rede pública nas universidades, um importante indicativo de melhora no enfrentamento das desigualdades. 

Em 2024, 72,6% dos que frequentam ou já frequentaram um curso de graduação no país fizeram todo o ciclo do ensino médio em uma instituição pública de educação. Em 2016, esse percentual era de 67,8%, segundo o IBGE.

Diante desses números, o ministro da Educação, Camilo Santana, declarou que “a educação transforma vidas” e que “foi o presidente Lula que interiorizou, que deu à universidade pública a cara do Brasil, que deu oportunidade ao filho do trabalhador, da doméstica, do trabalhador rural de ter acesso à universidade neste país”. 

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Essa tendência também acompanha os que chegaram à pós-graduação — que engloba a especialização, mestrado ou doutorado. Nesse segmento, o percentual passou de 52,2% em 2016 para quase 60% em 2024. 

“Esses resultados indicam a capacidade da rede pública em formar capital humano para avançar a níveis de ensino mais elevados, como a graduação e a pós-graduação. Embora exames internacionais evidenciem a necessidade de melhoras no ensino público, esse resultado é um sinal claro de que os alunos da rede pública têm chances reais de acesso à educação de nível superior”, avalia William Kratochwill, analista do IBGE. 

Por outro lado, diz Adriana Beringuy, pesquisadora do instituto, esse quadro reflete políticas públicas específicas de acesso ao ensino superior. “Sem essas políticas, [essas pessoas] não estariam no ensino superior ou teriam dificuldades maiores de acessá-lo”, salientou, citando mecanismos como a política de cotas para acesso a universidades públicas e programas de financiamento voltados à rede privada, como o ProUni e o Fies. 

Ainda de acordo com a pesquisa, 31,3% dos jovens de 18 a 24 anos já tinham concluído ou estavam cursando o ensino superior, em 2024 e 20,5% das pessoas com 25 anos ou mais tinham concluído o ensino superior. Em 2016, esse percentual era de 15,4%.

Além disso, 4,2% tinham ensino superior incompleto (seja porque abandonaram ou porque ainda estavam cursando a graduação), também acima do percentual de 2016 (3,6%).

Na faixa dos 25 anos ou mais, em 2024, 31,3% tinham o ensino médio completo (ante 27,2% em 2016); 4,9%, o ensino médio incompleto (4,2% em 2016); 7,4% o ensino fundamental completo (9,2% naquele ano); 26,2% o ensino fundamental incompleto (33,1% em 2016) e 5,5% não tinham qualquer instrução (7,3% naquele ano).

Analisando esses dados, é possível observar que as pessoas com 25 anos ou mais que tinham completado pelo menos a educação básica obrigatória subiu de 46,2% em 2016 para 56% em 2024.

Outro dado trazido pela pesquisa é que a média de anos de estudo no Brasil subiu de 9,1 anos em 2016 para 10,1 anos em 2024. Entre os homens, esse indicador cresceu de 8,9 para 9,9 anos; e, entre as mulheres, o crescimento foi de 9,2 para 10,3 anos. 

No recorte racial, os dados mostram que entre os brancos, a média de anos de estudo cresceu de 10,1 para 11 anos. Na população negra, o avanço foi maior, ao passar de 8,1 anos em 2016 para 9,4 em 2024.

*Com agências