Rússia abre vagas para brasileiras com salário, moradia e formação técnica

Programa leva jovens de 18 a 22 anos para trabalhar e estudar na Zona Econômica de Alábuga; iniciativa tem apoio da UBM – Cidade de São Paulo e segue diretrizes do Brics

Foto do evento realizando em São Paulo, em 18 de maio, na sede da União Brasileira de Mulheres (UBM) | Foto: divulgação

Duas representantes da Zona Econômica Especial (ZEE) de Alábuga, na Rússia, estiveram em São Paulo no último mês para apresentar oficialmente ao Brasil o programa Alabuga Start, voltado à formação técnica e inserção profissional de jovens mulheres estrangeiras. A ação reforça a parceria entre a União Brasileira de Mulheres da Cidade de São Paulo (UBM – Cidade de São Paulo) e o Fórum Internacional dos Municípios dos Países do Brics (Imbrics), responsável por trazer a iniciativa ao Brasil.

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A especialista em relações com a mídia da ZEE de Alábuga, Ekaterina Lommas, detalhou ao Portal Vermelho os objetivos, estrutura e benefícios do programa, destacando sua relevância diante das desigualdades de gênero ainda presentes no mercado de trabalho internacional. “Vivemos em um mundo em constante mudança e desenvolvimento, onde todos têm a oportunidade de ter sucesso. No entanto, temos que admitir que nem todos os países vivem essa realidade. Frequentemente nos deparamos com situações em que as mulheres recebem salários menores do que os homens, mesmo ocupando os mesmos cargos, ou em que meninas são severamente limitadas na escolha de seu futuro. Por outro lado, acreditamos que toda garota pode ser uma líder, pode alcançar o sucesso e depois repassar essa experiência para quem mais precisa”, afirmou.

Formação técnica, intercâmbio cultural e autonomia

Voltado para mulheres de 18 a 22 anos, o programa oferece moradia, alimentação, salário mensal, treinamento técnico e aulas de russo, sem cobrança de qualquer taxa de inscrição. As únicas despesas previstas são com exames médicos e emissão de passaporte. Segundo Lommas, os benefícios são:

  • Psicológicos: construção da autoconfiança e da independência com acompanhamento psicológico durante todo o programa;
  • Financeiros: aprendizado na gestão do próprio dinheiro de acordo com as necessidades pessoais;
  • Culturais: as participantes vivem e trabalham em um ambiente que permite o intercâmbio de ideias, costumes, tradições, línguas e culinárias.”

Segurança e infraestrutura

A segurança das participantes, especialmente por serem estrangeiras em território russo, é uma das prioridades do projeto. Lommas explica que o ambiente da ZEE é monitorado e protegido. “Nosso país se preocupa constantemente com a segurança de seus cidadãos. (…) A Zona Econômica Especial é um território privado, fechado e com segurança — acessado somente por meio de pontos de controle e autorização. Nos alojamentos corporativos, a segurança é garantida por câmeras e vigilância 24h. A entrada nos prédios residenciais ocorre via sistema de reconhecimento facial (Face ID).”

Oportunidades reais de crescimento

As participantes atuam em áreas como logística, hospitalidade, alimentação, produção, instalações e acabamentos. Desde o primeiro dia, recebem formação prática acompanhadas por mentores experientes. A cada 6 meses, podem ser promovidas com base no desempenho e na proficiência em russo — chegando a triplicar o salário inicial ao longo do tempo.

Além disso, existe a possibilidade de prosseguir nos estudos, com ingresso na Faculdade Politécnica de Alábuga e construção de carreira tanto na Rússia quanto no país de origem. “Durante a estadia, é possível receber até 3 promoções. O programa é realizado com apoio do Governo da Federação Russa. As cotas para participantes estrangeiros são aprovadas e emitidas pelo Ministério do Trabalho da Rússia”, destaca Lommas.

Brasil já participa

Atualmente, cerca de 500 brasileiras estão inscritas no programa e 50 estão em fase de emissão de documentos e visto. A primeira candidata com visto aprovado deverá chegar à Rússia nas próximas semanas. O projeto integra diretamente as diretrizes do Brics+, com foco na igualdade de gênero, inclusão internacional e combate ao racismo.

“O programa Alabuga Start está totalmente alinhado com as diretrizes dos BRICS para a igualdade de gênero no mercado de trabalho. (…) Ele promove o empoderamento feminino ao oferecer empregos bem remunerados, formação técnica, oportunidades reais de crescimento profissional e independência financeira para jovens mulheres”, conclui Ekaterina.

Com expansão ativa em 77 países distribuídos na América Latina, África e Ásia, o Alabuga Start representa uma ponte concreta entre o Brasil e a Rússia, dentro da lógica de cooperação Sul-Sul promovida pelo Brics.

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