EUA negam visto para seleção cubana: “posição injusta e discriminatória”
Federação Cubana de Vôlei critica embaixada dos Estados Unidos, que negou visto às atletas da seleção feminina para o torneio em Porto Rico; Trump quer ampliar bloqueio à ilha
Publicado 30/06/2025 19:17 | Editado 30/06/2025 22:54

A série de restrições impostas por Donald Trump a estrangeiros, em especial cubanos, teve novos capítulos nos últimos dias ao negar a concessão de vistos de entrada para atletas. Para completar, nesta segunda-feira (30), o presidente dos Estados Unidos assinou um memorando, ainda não esclarecido, em que proíbe o turismo de norte-americanos em Cuba e pede a imposição de maior bloqueio econômico contra a ilha.
A situação aprofunda a tensão contra o país caribenho, já colocado em uma lista com outros países em que a entrada nos EUA é restrita. Além disso, a política reverte a aproximação iniciada no governo Joe Biden, que havia retirado Cuba da infame lista de países colaboradores do terrorismo, mas foi recoloca por Trump em janeiro deste ano.
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E este acirramento chegou até mesmo ao esporte. No último fim de semana, a situação ganhou contornos drásticos com a negação de visto às atletas da seleção feminina de voleibol cubana e à sua comissão técnica, impedidas de viajar a Porto Rico, território norte-americano.
A competição Final Four da Confederação da América do Norte, Central e Caribe de Voleibol, está prevista para ocorrer entre 16 e 21 de julho. Para disputar contra México, Costa Rica e Porto Rico, foi convidada a seleção de Trinidad e Tobago em substituição a Cuba.
O cenário é considerado preocupante, uma vez que o torneio soma pontos no ranking mundial e, portanto, influencia a participação do selecionado cubano em outros campeonatos.
Infelizmente, o episódio se soma a outros ocorridos este ano, como o impedimento da seleção masculina de basquete de Cuba de disputar seletivas da Copa América em Porto Rico, assim como o que impediu 12 atletas, também cubanos, de irem ao estado da Flórida para o Mundial de atletismo indoor.
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A Federação Cubana de Vôlei (FCV), em nota, repudiou a atitude e classificou como “posição injusta e discriminatória”, contrária aos “compromissos inerentes à responsabilidade assumida pelos países anfitriões de eventos esportivos internacionais”.
Além disso, a FCV levantou dúvidas sobre o que pode acontecer nos Jogos Olímpicos em 2028, que acontecem nos Estados Unidos.
Confira a nota traduzida abaixo:
“A Federação Cubana de Voleibol informa que a Embaixada dos Estados Unidos em Havana negou o visto a todos os integrantes da delegação que deveria representar Cuba no torneio feminino Final Four da Norceca, a ser realizado em Porto Rico, de 16 a 21 de julho próximo.
Seus 16 integrantes (12 atletas, 2 treinadores, 1 árbitro e 1 team manager) foram notificados nessa sede diplomática, na qual foi apresentada a solicitação dentro dos prazos estabelecidos para tal processo.
Essa decisão, contrária aos compromissos inerentes à responsabilidade assumida pelos países que sediam eventos esportivos internacionais, dificulta a presença de Cuba em uma competição que faz parte da rota de classificação para os Jogos Centro-Americanos e do Caribe de Santo Domingo 2026 e que conta pontos para os rankings da Norceca e mundial.
Trata-se de uma posição injusta e discriminatória, alheia aos preceitos do esporte, que se soma ao que aconteceu em anos anteriores com delegações de outras modalidades, o que aumenta as incertezas quanto ao que poderá ocorrer futuramente com relação à conduta do país que sediará os Jogos Olímpicos de 2028. Agradecemos os múltiplos esforços realizados pelos organizadores, aos quais informamos o ocorrido.”
Federação Cubana de Vôlei
Havana, 26 de junho de 2025