Presidente da Indonésia destaca Lula como “Líder do Sul Global”
Prabowo Subianto foi recebido pelo presidente brasileiro. Ambos trataram de uma maior aproximação, com foco no Mercosul e na ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático)
Publicado 09/07/2025 18:16

O presidente Lula recebeu o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, em visita de Estado, nesta quarta-feira (9), em Brasília (DF). Assim como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, Subianto participou da Cúpula do Brics no Rio de Janeiro (RJ) nesta semana.
Em sua fala, no Palácio do Planalto, o indonésio chamou Lula de “Líder do Sul Global”, o que demonstra o papel de prestígio que o presidente brasileiro tem ao se contrapor à geopolítica centrada no Norte Global, representada pelos Estados Unidos e países europeus.
“O presidente Lula não é só um líder para o Brasil, não é somente um líder para a América Latina. A liderança que construiu o tornou um líder internacional do Sul Global. Eu gostaria de expressar ao senhor a minha admiração profunda pela sua liderança brilhante”, destaca Subianto.
Ele ainda ressaltou as tecnologias brasileiras, notadamente em biocombustíveis e inovação na agricultura: “A produtividade brasileira realmente pode beneficiar a Indonésia se começarmos a aprender com essa experiência”, frisa, ao explicar que uma equipe de especialistas do Brasil irá ao seu país.
O líder asiático ainda apontou que investem significativamente na transição energética, assim como no Brasil, e que pretendem atingir 100% de energia renovável antes de 2040.
Sobre economia, afirmou que concorda com Lula quanto à necessidade de aumentar o fluxo comercial e acatou a proposta para trazer uma comitiva de empresários ao Brasil para costurar acordos, principalmente entre o país e o Mercosul.
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Por sua vez, Lula saudou o recente ingresso do país asiático como membro pleno do Brics e manifestou apoio à sua entrada também no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).
Segundo Lula, “as afinidades entre Indonésia e Brasil se expressam também na abordagem de dois desafios da atualidade: o combate à fome e à pobreza e o enfrentamento à mudança do clima.”
Nesse sentido, destacou o Programa “Refeição Nutritiva Gratuita” da Indonésia, que deve atender 83 milhões de pessoas até 2029, bem como a participação conjunta com o Brasil no grupo “Unidos por Nossas Florestas”, lançado na Cúpula da Amazônia. O país asiático possui as florestas de Bornéu e Sumatra, duas das florestas tropicais mais importantes do mundo, assim como a Amazônia.
De acordo com Lula, há o interesse brasileiro em “aprofundar o diálogo sobre minerais estratégicos” com a Indonésia e ampliar as exportações de produtos do agro: “A Indonésia já é o quinto maior destino dos produtos do agronegócio brasileiro”, destaca Lula.
O presidente brasileiro também indicou que poderá participar da Cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) em outubro, na Malásia. A Indonésia é a maior economia do grupo e o Brasil pretende estreitar os seus laços como forma de unificar demandas do Sul Global, além de ampliar relações comerciais.
“Uma aproximação entre o Cone Sul e o Sudeste Asiático seria benéfica para o comércio global”, afirma o presidente brasileiro, ao demonstrar a predisposição em aproximar não só o país como o Mercosul – o qual lidera – da Asean.
Conforme o governo federal, no ano anterior, o comércio bilateral Brasil-Indonésia alcançou US$ 6,34 bilhões – o maior já registrado. Assim, as exportações brasileiras somaram US$ 4,46 bilhões e as importações foram de US$ 1,87 bilhão. O país é quinto maior destino para produtos do agronegócio, informa o Planalto.


Fim de conflitos
Da mesma forma que se manifestou na presença do indiano Modi, Lula tratou novamente sobre a paz global. Ele indicou que Brasil e Indonésia acreditam no diálogo como “a única saída para a guerra na Ucrânia” e que ambos os países têm “denunciado incansavelmente as atrocidades cometidas contra a população palestina em Gaza.”
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Conforme o líder brasileiro, “reconhecer o Estado palestino e permitir seu ingresso como membro pleno da ONU é garantir a simetria necessária para viabilizar a solução de dois Estados.”
Juliana Marins
Apesar do recente caso da cidadã brasileira, Juliana Marins, morta ao cair em uma cratera de vulcão na Indonésia, nenhuma palavra sobre o caso foi mencionada na declaração conjunta à imprensa.
A ausência de menção ao ocorrido causa estranheza e reflete a delicadeza do tema, uma vez que a família de Marins e o governo brasileiro entendem que o governo da Indonésia pode ser responsabilizado, a depender dos rumos das investigações. No entanto, esperava-se ao menos algum gesto público, por parte do “Líder do Sul Global” e de Subianto, em relação ao caso.