Oposição boliviana cria dificuldades para Constituinte

No primeiro dia de sessões preparatórias para a instalação para Assembléia Constituinte na Bolívia, a oposição ao governo de Evo Morales mostrou que não está disposta a colaborar com as mudanças que o atual presidente pretende colocar em prática no país.

A principal queixa das forças conservadoras, trazida a público nesta quarta-feira (2/8) recai sobre a escolha de Silvia Lazarte – uma trabalhadora rural de origem indígena, partidária de Morales – para presidir a Assembléia, cujos membros tomarão posse no próximo domingo (6/8). Poucos no país têm dúvidas de que ela será de fato a presidente da Constituinte, mas a oposição se prepara para criar dificuldades.



O grupo conservador chamado “Podemos” aceitou, resignado, o nome de Lazarte, mas tem trabalhado para impor algumas de suas idéias, como a exigência de aprovação por dois terços para qualquer decisão que vier a ser discutida na Constituinte.



Preocupação



Para o vice-presidente boliviano, Alvaro García Linera, o comportamento de grupos alinhados mais à direita é preocupante. “É um sinal muito perigoso, pois podem existir pessoas que estejam querendo literalmente bloquear a Assembléia Constituinte”, afirmou.



O “Podemos” também tem pretensões de diminuir os poderes do Comitê Diretivo, órgão criado para debater o regulamento da Assembléia. A proposta do grupo é que as regras da Constituinte sejam discutidas anteriormente e por todos os constituintes eleitos.



“Eu recomendo que aqueles que fizeram essa proposta atuem com muita sinceridade. Penso que inverter a ordem daquilo que já foi decidido – ainda mais às vésperas do início dos trabalhos – é querer bloquear o desenvolvimento da Assembléia”, afirmou Linera.