Blanchard Girão:Fidel, a Revolução e os ''gusanos”.

“Ninguém morre antes do tempo. Só não sabemos a data”, palavras de Fidel Castro.

“Ninguém morre antes do tempo. Só não sabemos a data”, palavras de Fidel Castro. Para os exilados cubanos em Miami, a data estaria chegando, diante da cirurgia emergencial a que foi submetido o lendário líder revolucionário caribenho.
A televisão revelou ao mundo o festival, nada cristão, de milhares de fugitivos da ilha, na eufórica perspectiva de morte de Fidel Castro. Logo o governo dos Estados Unidos, que vem há quase meio século tentando estrangular, pelo bloqueio, o regime socialista dominante naquela pequena nação das Antilhas, anteviu a possibilidade de “democratizar” Cuba.


Os dirigentes ianques não se conformam com a perda de sua “pérola” antilhana, de onde usufruíam todas as benesses paradisíacas, propiciadas pela exploração de suas riquezas e de suas cintilantes belezas turísticas.


Antes da Revolução (vitoriosa a 1º de janeiro de 1959), Havana era o luxuoso bordel em que se repimpavam os milionários ianques, na orgia de uma cidade onde atuavam mais de 100 mil prostitutas. Esta gente que em Miami – (ou a maioria dela) – comemora a doença do Comandante revolucionário, é o que sobrou dos rufiões, que exploravam o lenocínio e a jogatina, formando a elite privilegiada inconsciente a participar do rega-bofe com os afortunados forasteiros. Em Cuba, têm um nome: “gusanos”, ou em português, “vermes”, inimigos do regime dominante.Com o apoio da CIA, esses adversários dos “barbudos de Sierra Maestra” têm insistentemente tentado derrubar a revolução, desde a malograda invasão da Baia dos Porcos às múltiplas manobras para assassinar o líder principal dos guerrilheiros.


Visão estrábica dos estrategistas do Pentágono e seus aliados “gusanos”. A revolução Cubana não se resume a Fidel; nem a Raul Castro, sequer à figura mítica do “Che”. “Cuba hoje é um país institucionalizado, com diretrizes e mecanismos de governo bem definidos. A revolução consolidou-se, superou suas fases mais agudas de romantismo, de projetos idealistas e de sectarismo”, conforme observou, alguns anos atrás, o repórter enviado por “Veja” para acompanhar as comemorações dos 20 anos da tomada do Poder pelos guerrilheiros de Sierra Maestra, Jorge Escosteguy. O jornalista transformou a reportagem no livro Cuba hoje: 20 anos de revolução, do qual extraímos o trecho acima transcrito.