Direita boliviana ameaça “botar fogo” em quem não aderir a greve
Militantes de direita de quatro dos nove Estados da Bolívia fecharam nesta sexta-feira ruas e avenidas do país perto da fronteira com o Brasil e com a Argentina em protesto ao que consideram “ações totalitárias” do governo do pres
Publicado 08/09/2006 19:33
As pontes da Amizade e Internacional que unem o Estado boliviano de Pando com a cidade Brasiléia, 200 Km de Rio Branco, no Acre, e outras pequenas cidades do Brasil foram tomadas por opositores do governo, disse o comandante da unidade policial, coronel José Luis Centellas.
Os manifestantes, ligados a grupos de direita e à elite boliviana, utilizaram veículos oficiais das prefeituras comandadas por opositores de Morales para bloquear as estradas.
No extremo-sul da Bolívia, em Tarija, os manifestantes cortaram a passagem a Argentina em San José de Pocitos, confirmou a ministra de Governo, Alicia Muñoz, que deplorou que o fim das atividades seja imposta, armada, com violência e pressão por grupos de sicários.
Em Cobija, capital de Pando, foram registrados também os primeiros enfrentamentos entre comerciantes e o setor de transportes, que se negavam a acatar a greve de um dia, que afeta também Santa Cruz e Beni, cujos líderes se opõem ao governo.
O presidente de um comitê cívico de Beni, Rubén Melgar, também confirmou o fechamento de diversas passagens para o Brasil, país com o qual a Bolívia compartilha uma fronteira de 3.131 Km.
Ameaças
O coronel Muñoz disse que as forças policiais se viram obrigadas a reprimir empregados da prefeitura de Cobija, que golpeavam um comerciante reticente em aderir à greve.
A greve em Cobija é parcial, apesar dos ativistas do grupo Poder Domocrático e Social (Podemos), do ex-presidente de direita Jorge Quiroga, tentarem obrigar a população a aderir o protesto, relatou Muñoz. O aeroporto de Cobija era mantido aberto.
A presidente do comitê cívico de Pando, Ana Melena, ameaçou colocar fogo em todas as lojas do comércio que se negarem a paralisar as atividades.
Um conjunto de comitês cívicos e governos ligados a Quiroga, que perdeu as eleições presidenciais para Morales por uma diferença de 54% a 28%, convocou o protesto contra as supostas tentativas de Morales de ter hegemonia na Assembléia Constituinte, onde dispõe de maioria.
Quintana: atitude errática da elite
Segundo o ministro Juan Ramón Quintana, a greve foi um fracasso, o país está em situação de normalidade e nas cidades de Santa Cruz, Tarija, Cobija e Trinidad, só ocorreram paralisações parciais sem apoio popular.
Quintana também denunciou que autoridades municipais utilizaram as frotas das prefeituras, como veículos destinados à limpeza urbana, para bloquear ruas e avenidas.
O ministro considera que a oposição usa de maneira ambígua o discurso do diálogo mas só opta pela violência e pela confrontação.“Por isso é que eles têm uma atitude errática a respeito da Assembléia Constituinte”.
Ele reiterou que o principal objetivo dos opositores é boicotar o desenvolvimento da Assembléia Constituinte “porque já fracassou a campanha atroz contra o processo de nacionalização dos hidrocarbonetos e agora persistem na idéia de negar-se a aceitar que o país se encontra num proceso profundo de mudanças”.
Para Quintana, a oposição não tem a mínima vocação democrática, por isso apelam para práticas de intolerância, racismo e de discriminação.
Insistiu que a única maneira de deter a violência é a oposição reconhecer que o país vive um processo de reversão dos profundos danos que ocasionou o modelo neoliberal e o processo de colonização interna.
Da redação,
com informações das agências