Um gaúcho pra discutir com a Madame

Nos  versos  do samba “Pra que discutir com Madame” da autoria de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, de 1956, este devia ser o verdadeiro jingle de Yeda Crusius candidata tucana ao governo do RS.

“Madame diz que a raça não melhora
Que a vida piora
Por causa do samba
Madame diz que o samba tem pecado
Que o samba é coitado
Devia acabar
Madame diz que o samba tem cachaça
Mistura de raça, mistura de dor
Madame diz que o samba é democrata
É música barata
Sem nenhum valor


 


Vamos acabar com o samba 
Madame não gosta que ninguém sambe
Vive dizendo que o samba é vexame
Pra que discutir com Madame


 


No carnaval que vem também com o povo
Meu bloco de morro vai cantar ópera
E na avenida entre mil apertos
Vocês vão ver gente cantando concerto 
Madame tem um parafuso a menos
Só fala veneno 
Meu Deus que horror 
O samba brasileiro, democrata 
Brasileiro na batata é que tem valor.” 



 
 
Ora, já que estamos diante de circunstâncias absolutamente estranhas ao debate político programático nas eleições do RS. O estrambólico debate proposto pelos meios de comunicação gaúchos criaram uma verdadeira crise na consciência do voto. As pessoas andam pelas ruas a  se perguntar  se estão votando corretamente se votarem num homem para governar o Estado.


 


É  pois, votar em mulheres  virou mérito, coisa de pessoas mais esclarecidas e até mais “avançadas”, por aqui  no Rio Grande, segundo essa campanha.


 


As elites gaúchas parecem terem descoberto a origem do mundo, da pólvora, ao indicar o voto numa mulher para governar o estado. É tão impressionante o impacto causado neles, que a campanha nos teles jornais da RBS e nos artigos do Jornal “O ZERO HORA, se tornou ridícula. Uma espécie de guerra dos sexos. Da parte deles descobriram  que as mulheres pensam e podem agora participar da política em cargos executivos. Convenhamos  uma descoberta tardia além do que desesperada e oportunista por parte do conservadorismo gaúcho, pois este já é um debate absolutamente ultrapassado no mundo ocidental.


 


Este tipo campanha é para despolitizar e enfraquecer o debate de projetos. A candidata tucana ao Palácio Piratini é articulada por estes grandes meios de comunicação do estado. A imagem propagandeada é de uma espécie de grande novidade, que é ser mulher. É como se estivéssemos numa roda entre amigos conversando sobre futebol e um gaiato que quer se impor diz:bom mesmo não era nem o Falcão nem o Zico, o cara é um fulano que jogava no Esporte Clube Pelotas em 1981 e que o Tele não quis levar para a copa da Espanha em 82.  


  
 
Já que, Olívio não poder ser, e Rigotto não passou no teste das urnas, então: Yeda é uma dessas “novas” propostas inconvenientes, absolutamente falsas, sem expressão, sem história com o povo, que as elites gaúchas importaram de São Paulo, e tentam agora nos colocar goela a baixo.


 


A Yeda não engana a ninguém é tucana de quatro costados de origem privatista acostumada a votar contra os direitos sociais dos trabalhadores. Este é o seu real projeto e não o de ser mulher. Como diz a letra do samba de Haroldo e de Janet:
“Madame não gosta que ninguém sambe.
Vive dizendo que o samba é vexame”. O samba para estas elites brasileiras é o povo  brasileiro e este está atravessado na garganta deles.


 


Ora amigos, existem  mulheres de todas etnias, idades, magras, gordas, feias, belas, gremistas e coloradas, assim como conservadoras que tentam negar sua identidade antipopulares. Este é o caso de Yeda, que só fala veneno. A paulista da avenida das elites como disse, o presidente do Povo, acho que nunca sambou na vida. Não sabe o quanto é bom, e pior, diz que samba tem cachaça e que é coitado. A Madame quer acabar com o vanerão-sambado criado da mistura de cor do povo riograndense.


 


Não é assim no mais Madame! O povo da minha terra exige que homens e mulheres para fazerem parte da nossa história tenham  lado. Assim foi  Anita Garibaldi, embora não sendo gaúcha virou símbolo da fibra e  da luta das mulheres dessa terra.


 


Yeda é Madame e não gosta de povo não tem identidade com o gaúcho. Povo pra ela? “Meu Deus que horror”.



 
Nesse momento é preciso de um gaúcho pra discutir com esta Madame. E este é Olívio Dutra, homem do povo.


 


Pois, o samba brasileiro e gaúcho , é democrata; é brasileiro na batata, não foge da peleja. Aqui é terra de homens e mulheres de um povo que têm valores  verdadeiramente populares Madame, um povo que se identifica e gosta de samba. Ouviu Madame?


 


Por
Enilson Gonçalves