Sindicato de Volta Redonda relembra mortes dos metalúrgicos
Uma série de atividades organizadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda marcará a passagem dos 18 anos do Massacre do Exército à greve de ocupação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em novembro de 1988. No confronto, três pessoas mor
Publicado 06/11/2006 20:39 | Editado 04/03/2020 17:06
Foram mortos a tiros pelas tropas, três trabalhadores da empresa: Carlos Augusto Barroso, 19 anos; William Fernandes Leite, 23 anos; e Valmir Freitas Monteiro, de 22 anos, este da Fábrica de Estruturas Metálicas da CSN.
Entre as atividades está previsto um debate, no dia 8; e, no dia 9, um ato público na Praça Juarez Antunes, às 18 horas, seguido de missa, às 19 horas. Também está programado uma exposição com fotos da época. O Sindicato também criou um movimento de resgate dos acontecimentos da greve e uma cartilha sobre a data, que será distribuída nas escolas municipais.
Memória
No dia 7 de novembro de 1988, durante o governo José Sarney, os metalúrgicos da CSN entraram em greve. O presidente do Sindicato era Juarez Antunes.
A greve foi iniciada para fazer três reivindicações: a readmissão dos trabalhadores demitidos, da até então estatal, CSN; a redução de 8 para 6 horas a jornada de trabalho para atividades ininterruptas – uma emenda apresenta por Edmilson Valentim, então deputado federal aos 25 anos e que agora foi eleito novamente para a Câmara Federal – e o reajuste salarial. Os dois primeiros pontos já haviam sido aprovados na constituinte que ocorreu no mesmo ano.
Para Edmilson, ''a greve de 88, em Volta Redonda, foi um momento histórico para os trabalhadores. Eu cheguei a participar da primeira em 84 e outras como a de 1987. Em poucos anos, os metalúrgicos criaram uma unidade no movimento, que chegou a ponto de enfrentar o Exército com reivindicações muito claras e corretas''.
Atentado
Em 1° de maio de 1989 foi inaugurado o Memorial Nove de Novembro, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em homenagem aos trabalhadores metalúrgicos, principalmente, os três companheiros que deram a vida pela luta.
Um dia após a inauguração o monumento foi derrubado, num atentado à bomba que explodiu o símbolo da luta dos metalúrgicos. Até hoje não se conhece a autoria do atentado, mas o Memorial está novamente lá, de pé, levantado pelos próprios metalúrgicos que trabalharam em regime de mutirão, e mantendo as marcas da bomba como cicatrizes no corpo. Agora, a Prefeitura vai reformar a praça e inaugurar uma placa que explica os motivos da greve de 1988.