Catadores de lixo do Rio apresentam iniciativa comunitária de sucesso na Expo Brasil

Durante 30 anos, a comunidade de Jardim Gramacho sobreviveu com o que retirava do lixão. Algumas gerações cresceram separando material  reciclável. Após três décadas de uso do local para o despejo do lixo da região metropolitana do Rio de Janeiro,

O fim do lixão, se é bom para a saúde pública, vai gerar um problema para a comunidade: três mil catadores ficarão “desempregados”, prejudicando indiretamente dez mil pessoas que vivem do lixão.


Para enfrentar a situação, a comunidade resolveu agir, usando como arma a mobilização popular. Criou o Fórum Comunitário de Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias, formado por representantes de associações de catadores, igrejas, organizações e grupos comunitários, totalizando 26 instituições. E, dessa união, finalizou um plano de ação voltado para o desenvolvimento do bairro.


A experiência vem dando bons resultados e foi apresentada na 5ª Expo Brasil Desenvolvimento Local, que acontece em Salvador (BA). O encontro reúne iniciativas comunitárias de sucesso.


Jardim Gramacho possui 20 mil habitantes e bolsões de miséria – 50% da população sobrevive de reciclagem. Sem saneamento básico, as pessoas moram em barracos de madeira e papelão e em palafitas. Durante anos, os caminhões, além de despejarem o lixo, deixavam também poeira, barulho e doenças, devido aos dejetos e a proliferação de ratos e insetos.


Antes que o lixão seja desativado, o Fórum Comunitário desenvolveu um plano de ação, que já teve algumas conquistas: a consolidação de um sistema de coleta seletiva com núcleos descentralizados de Duque de Caxias; a cessão de um espaço para a construção do Pólo de Reciclagem, administrado pelos catadores; o possível reconhecimento profissional da categoria de catador de lixo, para que sejam contratados como prestadores de serviço; a abertura de um posto de saúde 24 horas; a construção de uma creche e aumento do número de vagas na escola local.


De acordo com estimativas da Cooperativa de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, de um total de 40% do lixo reciclável gerados no aterro, apenas 2% são reaproveitados. O restante é enterrado com o material orgânico por falta de uma política efetiva voltada para a reciclagem. Já a entidade Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), traz os seguintes dados: no Rio de Janeiro, com 92 municípios, apenas 13 cidades têm programas de coleta seletiva; no Brasil, apenas 273 municípios -dos mais de cinco mil – têm programas oficiais de reciclagem, ou seja, 5% do total.