PCdoB/RJ aprova balanço eleitoral e destaca a ''Vitória do Espírito Democrático''
O Comitê Estadual do PCdoB/RJ, em sua 7ª Reunião Ordinária, aprovou o Balanço das eleições 2006. A reunião foi realizada no auditório da sede estadual no dia 03 de dezembro e contou com o acompanhamento do Secretário Nacional de Organização, Walter Sor
Publicado 08/12/2006 20:28 | Editado 04/03/2020 17:06
Para o PCdoB/RJ, ''o resultado expressivo de Lula no segundo turno (no Rio de Janeiro), com 69,69% dos votos, embora menor que em 2002, destoou positivamente dos demais resultados do sul-sudeste''.
Em relação à disputa estadual, os comunistas fluminenses avaliam que ''os partidos da base de apoio do governo Lula no estado ficaram fragilizados no 1º turno, sobretudo por se apresentarem divididos. A candidatura de Vladimir Palmeira (PT, PSB, PCdoB) obteve um fraco desempenho de 7,7% e a candidatura de Crivela (PRB) não conseguiu chegar ao 2º turno. O pronto apoio de Sérgio Cabral a Lula no segundo turno favoreceu a aglutinação das forças de apoio a Lula, criando com a vitória uma nova configuração de forças no estado, favorável ao avanço democrático e progressista''.
Em relação ao resultado do PCdoB, a direção estadual entende que, apesar da derrota eleitoral na disputa para o Senado, ''o resultado do PCdoB no estado foi positivo''. Continua a resolução: ''ao participarmos da chapa majoritária com o nome da Jandira ao Senado, ocupamos a cena política. Os quase três milhões de votos de Jandira, com a dianteira nos votos da capital, além de projetarem a legenda do PCdoB e fortaleceram os nossos projetos de estaduais e de federais, credenciaram Jandira como principal liderança de esquerda no estado''.
O documento destaca que a nossa candidatura transformou-se ''em alvo da reação unificada de todos os setores conservadores e atrasados no Estado''. Em outro trecho o documento constata: ''Sofremos uma campanha obscurantista, criminosa, antidemocrática, conduzida pelos conservadores da Igreja Católica, articulada com a principal candidatura adversária explorando e distorcendo a temática do aborto e fazendo uso da sua ampla estrutura e capilaridade em todo o estado, em todas as cidades e bairros. Inicialmente provocativa em baixíssimo nível, ela foi intensificada e politizada após determinação da Justiça eleitoral de busca e apreensão do material que estava sendo distribuído''.
Quanto à disputa proporcional, ''foi correta a estratégia de chapa própria para estadual e de coligação para federal (…) como resultado, alcançamos o grande feito de, pela primeira vez, elegermos um deputado estadual em chapa própria, garantindo a eleição de um federal. Esse fato é revelador de maior enraizamento e amplitude do Partido''.
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ELEIÇÕES 2006 – BALANÇO DO PCDOB / RJ
A – VITÓRIA DO ESPÍRITO DEMOCRÁTICO
1. O resultado das eleições de 2006 aponta um quadro favorável para as forças progressistas no Estado do Rio de Janeiro. Já no primeiro turno a votação de Lula foi de 49,18% dos votos válidos no estado, contra 28,86% de Alckmin. O resultado expressivo de Lula no segundo turno, com 69,69% dos votos, embora menor que em 2002, destoou positivamente dos demais resultados do sul-sudeste. Entre o “sim” e o “não” polarizado e radicalizado na zona sul da capital, venceu o “sim” da esmagadora maioria da população fluminense que optou pelo avanço, pela afirmação da democracia e do progresso social. Venceu o espírito democrático do povo do Rio de Janeiro, que se encheu de esperanças por dias melhores. É importante, no entanto, como parâmetro para o projeto próprio do PCdoB no Rio de Janeiro, que se resolveu no primeiro turno, que os adversários de Lula, nesta fase, somaram maioria de votos e que no Estado do Rio de Janeiro, a candidatura de Heloísa Helena alcançou seu maior índice.
2. Sérgio Cabral sai amplamente vitorioso com o resultado do 2º turno, quanto teve a expressiva votação de 68%, o mais votado do Brasil no 2º turno. Esse nível da vitória resultou da ampliação do seu lastro inicial (PMDB, PP, fundamentalmente) com o pronto apoio a Lula. Isso possibilitou um leque amplo de aliança, incorporando os partidos da base de apoio do governo federal, como PCdoB, PT, PSB e PRB. Contou ainda com parte do PSDB, que se dividiu no estado. A demarcação com Garotinho também favoreceu a vitória de Sérgio Cabral. O contexto da vitória cria as condições de um entrosamento político entre as diversas esferas governamentais, abrindo melhores perspectivas para o maior desenvolvimento do estado, de maior investimento em políticas públicas e de uma gestão mais democrática que contemple demandas importantes da população.
3. Garotinho, desgastado politicamente, apoiou Sérgio Cabral e migrou para um apoio suicida a Alkmin, que o levou para o campo da derrota nacional e enfraquecimento político local. Cesar Maia sai derrotado desta eleição, porém demonstrou certa força ao ir para o segundo turno com a candidata do PPS, Denise Frossard. Não conseguiu aglutinar o campo conservador e foi derrotado por ampla margem de votos no 2º turno.
4. Os partidos da base de apoio do governo Lula no estado ficaram fragilizados no 1º turno, sobretudo por se apresentarem divididos. A candidatura de Vladimir Palmeira (PT, PSB,PCdoB) obteve um fraco desempenho de 7,7% e a candidatura de Crivela (PRB) não conseguiu chegar ao 2º turno. O pronto apoio de Sérgio Cabral a Lula no segundo turno favoreceu a aglutinação das forças de apoio a Lula, criando com a vitória uma nova configuração de forças no estado, favorável ao avanço democrático e progressista. Porém, é necessário realçar o retrocesso na configuração de bancadas do campo progressista (PT, PCdoB, PSB).
B – O RESULTADO DAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS
5. O PMDB fica com maioria na ALERJ, tendo ampliado sua bancada de 12 eleitos em 2002 para 17 deputados estaduais eleitos em 2006. Cresceu sua votação em 57% dos votos válidos (de 13,9% em 2002 para 21,9% em 2006), significando mais 660 mil votos para a chapa de deputado estadual. A migração de Garotinho para o PMDB fragilizou o PSB que caiu de 12 eleitos em 2002 para 3 cadeiras hoje. O PT perde duas cadeiras (de 8 para 6), o PV perde duas (de 3 para 1) e o PCdoB mantém uma cadeira. PFL e PSDB ganham duas cadeiras cada um. O PPS, mesmo com candidata a governadora indo para o 2º turno, conseguiu eleger apenas 2 estaduais. Sete partidos passam a ter representações novas na ALERJ: PAN, PHS, PMN, PRB, PSDC, PSOL e PTC. Tendo em vista o amplo leque de alianças, o governo Cabral contará com ampla maioria.
6. Quanto à disputa para a Câmara Federal, o PMDB também teve o melhor desempenho no estado, ampliando sua bancada de 6 eleitos em 2002 para 10 federais eleitos em 2006. Cresceu sua votação em 102% dos votos válidos (de 9,3% em 2002 para 18,7% em 2006), significando mais 730 mil votos para a chapa de deputado federal. O PT perde uma cadeira (de 7 para 6), o PSB, semelhante ao ocorrido na ALERJ, perde 5 cadeiras, ficando com apenas um federal. O PCdoB mantém uma cadeira e o PV mantém sua vaga. O PSDB perde duas cadeiras (de 5 para 3), enquanto o PFL ganha mais uma (de 4 para 5). Seis partidos passam a ter representações novas na bancada fluminense da Câmara de Deputados: PHS, PPS, PRB, PRONA, PSOL e PTdoB.
C – BALANÇO DO RESULTADO DO PCdoB
7. Fomos derrotados eleitoralmente na disputa para o Senado e mantivemos nossas posições na Câmara Federal, na ALERJ e na Câmara Municipal do Rio. Consideramos que o resultado do PCdoB no estado foi positivo e que nosso projeto era viável.
· Candidatura ao Senado – vértice do projeto eleitoral do PCdoB / RJ
8. Ao participarmos da chapa majoritária com o nome da Jandira ao Senado, ocupamos a cena política. Os quase três milhões de votos de Jandira, com a dianteira nos votos da capital, além de projetarem a legenda do PCdoB e fortaleceram os nossos projetos de estaduais e de federais, credenciaram Jandira como principal liderança de esquerda no estado. É digno de registro que a votação de Jandira, considerando o percentual de votos válidos (37,54%), atingiu um patamar superior ao alcançado pelos dois senadores eleitos em 2002, conforme tabelas anexas, e que o núcleo de esquerda (PT, PSB, PCdoB) alçou um novo patamar de votação com o desempenho de 2006.
9. No resultado oficial, ganhou Dornelles, do PP, em coligação com o PMDB e outros, com 45,86% dos votos válidos, enquanto Jandira Feghali, do PCdoB, em coligação com o PT e o PSB, alcançou 37,54% dos votos válidos, perfazendo uma diferença de 612.515 votos.
10. A eleição para o Senado do Rio de Janeiro ocorreu num cenário político complexo. Imprensada entre as eleições presidenciais, do Governo do Estado, e dos Deputados Federais ou Estaduais, realizou-se sob a pouca compreensão do eleitorado sobre o papel de um Senador da República, entendendo-o mais como um auxiliar do governador do que como um representante de um Estado da Federação no Congresso Nacional. Nesse contexto a fragilidade da campanha majoritária para governador da nossa coligação por um lado e por outro a força da campanha majoritária do opositor, e a sua atitude de alavancar com firmeza seu candidato, tiveram importância fundamental. Dornelles amparou-se na figura de Sérgio Cabral de forma tão desmedida que o mesmo chegava a ocupar um espaço maior que o seu no programa eleitoral gratuito.
11. A derrota eleitoral para o Senado tem como pano de fundo uma disputa desigual onde forças poderosas entraram em ação. A definição desse projeto majoritário em maio de 2006, portanto tardiamente com relação ao calendário eleitoral, condicionou o seu desenvolvimento, limitando a campanha a cinco meses. Essa candidatura resultou de uma hábil articulação política da direção do partido, que levou à conquista do apoio do PT e do PSB, condição fundamental para que a candidatura partisse de um certo leque de forças de sustentação. A campanha conquistou um enorme prestígio de massa, provocando uma rearrumação na cena política-eleitoral, transformando-se em alvo da reação unificada de todos os setores conservadores e atrasados no Estado. Foi assim que assistimos ao apoio a um mesmo candidato, num pleito radicalizado mesmo entre eles, de César Maia, Garotinho, Ronaldo César Coelho, Sirkis,Sérgio Cabral, para derrotar a ameaça de um projeto de esquerda avançado, liderado pela candidatura do PCdoB.
12. Além do apoio da tradicional base de voto de opinião de Jandira para Deputada, a candidatura trouxe a novidade de reaglutinar novamente no Estado do Rio de Janeiro as forças progressistas, após 08 anos de divisão. Partimos portanto de um importante núcleo formado por partidos com bastante força eleitoral e apoiadores de grande expressão intelectual, artística e popular. Contávamos ainda com o apoio dos prefeitos de importantes colégios eleitorais do Rio de Janeiro, como Nova Iguaçu, Niterói, Petrópolis, Friburgo, além do apoio parcial de dois prefeitos de cidades estratégicas, mais outras 14 nas cidades menores e aglutinação de segmentos de oposição aos prefeitos que apoiavam Dornelles. O prestígio da liderança de Jandira, ponto forte da disputa, permitiu ainda apoios de expressivas lideranças de outros partidos e aglutinou em torno de si 306 candidaturas do PPS,PV, PHS, PSC, PAN, PL, PTB, PP, PRONA, PMN, PSOL, PTC, PMDB, PFL, PSDB, PTdoB, e mais os candidatos da coligação oficial (PT, PSB, PCdoB).
13. A agenda da candidata buscou atingir todo o Estado, apesar de não ter ido a todas as cidades. Tentamos concentrar em grandes colégios, mas circulamos em cidades pólo de todas as regiões, chegando a fazer 5 cidades num único dia. O entusiasmo nas ruas foi crescente e emocionante. Fizemos também agendas programadas pelas diversas candidaturas proporcionais dentro e fora da coligação e com lideranças de diversas religiões, inclusive católicas e evangélicas.
14. Ultrapassamos o índice de 40% dos votos em 13 cidades, acima de 30% em 27 cidades e acima de 20% em 25 outras. Nas pesquisas, chegamos a 49% dos votos válidos, 14% à frente do segundo colocado, que se apresentava em curva declinante na noite da véspera da eleição. Por isso, o resultado final oficial gerou impacto, e até hoje se manifesta no povo, como inexplicável. Acertamos nas marcas de “Senadora de todo o Rio” e na vinculação com Lula, bem como na identificação com o voto das mulheres, onde se formou uma onda de emoção e mobilização. Tivemos também grande apoio de votos dos jovens. O prestígio da liderança de Jandira foi o ponto forte da disputa, possibilitando apoios importantes como o de Fernanda Montenegro, entre outros, expressos também em amplo e pioneiro manifesto publicado em jornal de grande circulação. O programa de TV teve méritos importantes e fez ajustes decisivos na reta final, garantindo um bom conteúdo político.
15. Houve um trabalho articulado, um cerco, para impedir a consolidação de um projeto dirigido pelo PCdoB com perspectiva de novas vitórias majoritárias. Diante da real possibilidade da nossa vitória, utilizaram a unificação conservadora, retiraram forças da base de apoio de Lula, mesmo no PFL, inicialmente comprometida com nossa candidatura, como a prefeita de São Gonçalo, mas também contaram com a dissidência no nosso campo. Sirkis foi lançado por Cesar Maia para dividir votos na nossa base e chegou a 11% na capital. Setores do PT e do PSB, já objetivando projeto próprio para 2008, vincularam-se às candidaturas de Cabral e Dornelles já no 1º turno.
16. Sofremos uma campanha obscurantista, criminosa, antidemocrática, conduzida pelos conservadores da Igreja Católica, articulada com a principal candidatura adversária explorando e distorcendo a temática do aborto e fazendo uso da sua ampla estrutura e capilaridade em todo o estado, em todas as cidades e bairros. Inicialmente provocativa em baixíssimo nível, ela foi intensificada e politizada após determinação da Justiça eleitoral de busca e apreensão do material que estava sendo distribuído. O uso de cartazes ofensivos e panfletos apócrifos, de mensagens aviltantes enviadas por operadoras para milhares de aparelhos celulares, grave crime eleitoral por abuso de poder econômico, mostrou o tamanho da preocupação, o nível e a ofensiva dos opositores.
17. A coordenação revelou momentos de instabilidade, dispersão e amadorismo. Houve atraso em compreender a necessidade de desconstrução de Dornelles, candidato com história anti-povo e anti-trabalhadores, com pouca expressão de massa e nos formadores de opinião. Foram tardios os deslocamentos de quadros para áreas de grande potencial de votos, onde tínhamos apoio de prefeitos e sem partido organizado – ex. Friburgo. Houve certa subestimação do porte da ofensiva contra nossa candidatura, o que se manifestou, inclusive, na postura defensiva no dia da votação, tanto com relação à propaganda quanto com relação à fiscalização.
18. A direção do partido participou do comando da campanha e a militância demonstrou entusiasmo, apesar da pouca estrutura para uma ação mais eficiente. A campanha encontrou diversos obstáculos que inviabilizaram as possibilidades de ampliação para outras forças. Os recursos materiais não corresponderam ao porte da campanha. Pesou a inexperiência com uma disputa majoritária estadual e a grande demanda de múltiplas campanhas. Foram tomadas medidas que reforçaram o componente político na direção da campanha, com o envolvimento da direção estadual e a participação da direção nacional. A disputa para o Senado no Rio de Janeiro, que fez parte da política nacional de transição de tática eleitoral, mostrou a reação dos opositores para impedir a projeção e a aprovação do PCdoB e suas lideranças no cenário político. A disputa majoritária coloca o PCdoB no centro da luta política. Por isso, que a candidatura de Jandira foi alvo de tão fortes ataques até de parcelas do campo da esquerda.
· Resultado vitorioso na disputa proporcional
19. Foi correta a estratégia de chapa própria para estadual e de coligação para federal. Conseguiu-se um nível aceitável de integração entre as várias frentes eleitorais, com a candidatura da Jandira ao Senado como vértice do conjunto do projeto e a vinculação à candidatura de Lula. Como resultado, alcançamos o grande feito de, pela primeira vez, elegermos um deputado estadual em chapa própria, garantindo a eleição de um federal. Esse fato é revelador de maior enraizamento e amplitude do partido.
20. Não conseguimos eleger o 2º deputado estadual. Embora revelando avanços, tivemos dificuldades na construção da chapa própria estadual. Tendo relacionado mais de uma centena de nomes, ficamos, porém, distantes do total de vagas (105), conseguindo registrar apenas 65 candidatos, sem concretizar algumas candidaturas de densidade eleitoral. Mesmo assim, ao alcançar 170.270 votos, com 37.664 de votos de legenda, a chapa quase atingiu a projeção inicial máxima de votos, de 183.000 votos.
21. A chapa de estaduais ajudou na capilarização dos majoritários e jogou importante papel na votação do Edmilson. A nominata de candidatos teve uma grande virtude: nenhum desistiu no meio da campanha, apesar da grande dificuldade de estrutura de campanha da maioria dos candidatos. A maioria dos candidatos teve votação próxima das projeções, alguns ultrapassando a projeção máxima. Predomina entre os candidatos a disposição de participar dos próximos projetos eleitorais do partido. As dificuldades financeiras impediram uma ajuda mais efetiva e centralizada da direção estadual. Nesse sentido, a candidatura a federal de Edmilson jogou papel decisivo no reforço dessas candidaturas estaduais. A candidatura ao Senado, mesmo tendo que atender a uma enorme soma de candidaturas de outros partidos, reforçou de modo importante política e materialmente as chapas estadual e federal.
22. Eleito deputado estadual, Fernando Gusmão sai da campanha fortalecido polìticamente. A meta mínima de votos foi alcançada. A direção estadual havia estimado um mínimo de 40.000 votos e a campanha alcançou 40.704 votos. A votação de Gusmão foi concentrada na capital (85,80% dos votos) e capital-grande Rio (95,76% dos votos) mas apesar disso foi, com muita folga, a campanha que conseguiu atingir o maior número de municípios dentre os candidatos da chapa estadual.
23. Gusmão obteve votos em 81 dos 92 municípios e em 76 municípios ficou entre os cinco mais votados do Partido (incluindo a legenda, que ficou em primeiro em 72 dos 92 municípios). Esse e outros dados (a boa aceitação do candidato, a boa exploração do mandato como alavanca para ações concretas, etc) mostram, no entanto, que a campanha conquistou menos votos do que o seu potencial permitiria, e que poderia ter sido ampliada para outras áreas geográficas e outros segmentos. Isso tem explicação, em parte, pelo estrangulamento material (poucos recursos financeiros) e também por uma certa defensiva da campanha, sem intervir na polarização política, que se limitou a uma atuação praticamente restrita em quatro pilares: 1 – Juventude – panfletagem em locais de concentração de jovens, universidades, salas de aula, etc; 2 – Tele-Marketing – 16 reuniões que reuniram cerca de quatro mil pessoas; 3 – Panfletagens em feiras-livres – foram feitas planfletagens nas principais feiras-livres da cidade do Rio; 4 – Programas de TV e rádio – Os programas de TV e rádio tiveram boa repercussão.
24. A eleição de Gusmão abre espaço para um novo quadro político partidário, com Roberto Monteiro assumindo como vereador na capital, tendo 2 anos de mandato para consolidar sua liderança.
25. A chapa de candidatos a federal cumpriu, no geral seus objetivos: eleger deputado federal, fortalecer a chapa de estaduais, projetar lideranças e capilarizar os majoritários. Ao atingir 130.072 votos, a chapa alcançou 75,53 % do quociente eleitoral e 1,64% dos votos válidos, aquém do patamar de 2% imposto pela lei da cláusula de barreira. Alguns candidatos se projetaram como lideranças políticas em seus municípios, potencializando-se para as eleições de 2008. Com o deslocamento de Jandira, decresceu nossa votação para deputado federal.
26. Constitui-se uma grande vitória política a eleição de Edmilson deputado federal. Embora não atingindo a meta proposta de 100 mil votos, foi conquistado o objetivo principal de manter uma vaga na Câmara de Deputados, numa coligação com fortes concorrentes. A grande votação obtida revela grande expressão política. A campanha se desenvolveu segundo um plano que se baseou nas áreas do mandato estadual e nas ampliações, notadamente nas bases eleitorais de Jandira, de Gusmão e da novidade, a chapa própria de estaduais. As ampliações com dobradas fora jogaram papel limitado. Nesse contexto, Edmilson experimentou um crescimento de votação, partindo de 50.538 em 2002 para 76.297 em 2006, um crescimento de 51%!
27. A projeção geopolítica de 60% na capital, 30% no Grande Rio e 10% no Interior confirmou-se principalmente na capital, tendo registrado 59,17%, 25,29% e 15,54%, respectivamente. Mas, é relevante a ampliação do peso da votação na região Metropolitana e no Interior, de 36,53% em 2002 para 40,83% em 2006. Registre-se que 92,49% da votação de Edmilson se verificou nos 22 municípios com mais de 100 mil habitantes.
28. A campanha se desenvolveu junto às dobradas partidárias, priorizando o bloco intermediário, as bases do mandato, a campanha de Gusmão e a vinculação com Jandira. A chapa de estaduais deu contribuição decisiva para essa vitória e, reciprocamente, a campanha de Edmilson contribuiu decisivamente para a vitória da chapa de estaduais. O programa de TV, de grande qualidade, foi outro fator essencial para a vitória do projeto federal. Nos municípios, a candidatura apresentou desempenhos diferenciados, sendo destaques: a capital, Rio de Janeiro, com quase 60% dos votos, confirmando sua principal base, Angra dos Reis, maior densidade de votação dentre os grandes municípios (2,75% dos votos válidos); São Gonçalo, município com o maior total de votos depois da capital (4.444 votos).
29. No 2º turno, assim que se configurou o apoio de Cabral a Lula, o PCdoB/RJ decidiu apoiar Cabral. Nossa principal liderança, Jandira Feghali, passou a integrar a coordenação nacional de Lula e teve participação destacada. O partido protagonizou eventos de grande porte em apoio a Lula e Cabral nas áreas da Saúde, da Juventude e da Frente Sindical. Conseguimos marcar presença nos principais atos da campanha do 2º turno. A vantagem de Lula no RJ significou uma grande contribuição para a sua reeleição. O PCdoB/RJ jogou papel relevante nessa fase desse vitorioso processo.
30. Mantém-se em nosso estado a concentração do potencial de votos do partido na capital mas, a campanha majoritária estadual para o Senado, a chapa própria de estaduais e a chapa de federais fortaleceram o potencial partidário em todo o estado.
D – PERSPECTIVAS PARA O TRABALHO PARTIDÁRIO
31. Nesse ano de 2006, a direção estadual se deparou com grandes desafios, decorrentes dos fatores novos e ousados do nosso projeto eleitoral: chapa própria para Deputado Estadual e, sobretudo, disputa majoritária para o Senado Federal. Trabalhamos pela primeira vez com um grande contingente de candidaturas, totalizando 65 estaduais, 16 federais, e 2 para o Senado. Nesse quadro, mesmo convivendo com a crônica escassez de recursos e certa fragilização das estruturas partidárias intermediárias que sofreram desde 2002 uma desconstrução de sua base material, alocamos dirigentes estaduais e municipais nas coordenações das candidaturas. A diferença de apenas 2% sobre Dornelles na votação na capital ficou aquém das expectativas e potencialidades, perante o capital político acumulado. Vários fatores concorreram para esse resultado, dentre eles as insuficiências partidárias na capital. As fragilidades partidárias, reveladas nesse processo eleitoral, merecem uma análise mais apurada, visando tirar lições para batalhas futuras.
32. Mantivemos reuniões regulares da Comissão Política Estadual, coordenando politicamente a condução do projeto. A partir da Direção Estadual, realizamos reuniões dos Foruns Regionais e dos municipais prioritários, utilizando também o método de plenárias setoriais e regionais. Mantivemos nesse período nossa intervenção nas disputas de eleições sindicais que resultaram em vitórias expressivas, bem como nossa intervenção nas ações dos movimentos sindical, estudantil e social em geral.
33. O PCdoB sai dessa eleição fortalecido e com perspectiva de crescimento diante do quadro favorável ao campo progressista a nível nacional e no estado. A maior politização das camadas populares, o caráter desenvolvimentista mais nítido resultante do 2º turno da reeleição de Lula e sua vinculação com o governador eleito do estado sinalizam novas perspectivas para a luta progressista que, associados ao saldo positivo do nosso projeto eleitoral e ao nosso crescimento nas lutas sociais, apontam para um maior protagonismo do nosso partido. Já se registram movimentos de lideranças ingressando no partido. Coloca-se na ordem-do-dia a preparação para as disputas de 2008.
34. Nesse quadro, colocam-se várias medidas para o coletivo partidário corresponder ao momento:
a. Fortalecer as Direções Municipais, desenvolver estruturação partidária a nível municipal;
b. Preparar, desde já, um plano para as eleições de 2008;
c. Iniciar as articulações visando as disputas para prefeito e para as Câmaras de Vereadores em 2008. Nesse processo, avaliar as condições concretas para a construção de chapas próprias;
d. Estruturar os novos mandatos resultantes das eleições de 2006;
e. Organizar a participação partidária a nível do executivo;
f. Fortalecer a intervenção partidária no movimento sindical;
g. Aprimorar a intervenção partidária nos movimentos sociais em geral;
h. Garantir a participação na Conferência Nacional de Mulheres;
O Comitê Estadual do PCdoB/RJ.
Rio de Janeiro, 03 de dezembro de 2006.
TABELAS ANEXAS:
RESULTADOS DO 1º TURNO PARA PRESIDENTE / RJ | ||||||
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| Candidato | | Partido | | Votos | % válidos |
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