Reunião de hoje do PMDB pode ser decisiva para eleição na Câmara

Apontada como fiel da balança na sucessão da Câmara, a bancada federal do PMDB reúne-se nesta terça-feira em Brasília para tomar posição na disputa. Os principais dirigentes do partido avaliam que a maioria d

Cláudio Gonzalez,
com infromações do G1


 


 


Os dois candidatos à presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), passaram a segunda-feira (8) avaliando as respectivas campanhas e as chances de obter o apoio do PMDB, que se reúne nesta terça-feira (9) para definir o caminho que tomará nesta briga.


 


 


Os dois candidatos consideram decisivo o apoio do partido, que reúne a maior bancada da Câmara nesta legislatura, com 89 deputados. A partir do encontro da bancada peemedebista, avaliam, será possível ter uma dimensão das chances de cada um na eleição marcada para 1º de fevereiro.


 


 


Aldo e Chinaglia chegaram a se reunir durante uma hora e meia na sexta (5) e decidiram manter as candidaturas.


 


 


Aldo pode ganhar apoio do PDT


 


 


Durante o dia, Aldo ficou em seu gabinete e conversou por telefone com deputados de PMDB e PSDB e recebeu ligações de governadores, como o do Maranhão, Jackson Lago.


 


 


Nesta terça-feira é provável que Rebelo recebe o apoio do partido de Jackson Lago, o PDT. O presidente do partido, Carlos Lupi, deve se encontrar com Aldo para oficializar o apoio e entregar ao presidente da Câmara a proposta de “Reforma do Legislativo” que a executiva nacional do PDT elaborou e que será apreciada na reunião do Diretório Nacional no dia 12, na sede nacional do partido no Rio de Janeiro.


 


 


Nas contas de Aldo, além de Lago, pelo menos outros 16 governadores o apóiam, entre os quais José Serra (São Paulo), Aécio Neves (Minas Gerais) e Sérgio Cabral (Rio de Janeiro).


 


 


Bancada midiática e a terceira via inviável


 


 


Enquanto isso, Chinaglia discutiu com aliados a estratégia de campanha a partir desta segunda. O petista decidiu, por exemplo, que começará nesta semana a enviar uma carta de compromisso a todos os deputados, atitude que também será adotada por Aldo.


 


 


 


Enquanto os dois candidatos da base governista se movimentam em busca de apoios, um grupo de dezesseis deputados reuniu-se num hotel de São Paulo para tentar encontrar uma candidatura alternativa à presidência da Câmara. Mas depois de quatro horas de reunião, não chegaram a um consenso sobre o nome deste “candidato alternativo”. Com isso, foi adiada a formação de uma terceira via em oposição às candidaturas de Aldo e Chinaglia.


 


 


Aliados de ambos os candidatos avaliaram, em conversas reservadas, como “esvaziada” e “sem impacto” a reunião do grupo que pretende lançar um candidato alternativo. Citado como integrante do grupo, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), por exemplo, preferiu participar do encontro do comando da campanha de Chinaglia.


 


 


Participam da reunião os deputados Fernando Gabeira (PV-RJ), Raul Jungmann (PPS-PE), Luíza Erundina (PSB-SP), José Aníbal (PSDB-SP), Ricardo Izar (PTB-SP), Dimas Ramalho (PPS-SP), Raúl Henrique (PMDB-PE), Júlio Seneghini (PSDB-SP), Paulo Renato de Souza (PSDB-SP), Wanderley Macris (PSDB-SP), Gustavo Fruet (PSDB-PR), Silvio Torres (PSDB-SP), Chico Alencar (P-SOL-RJ), Raquel Teixeira (PSDB-GO), João Almeida (PSDB-BA) e Edmar Moreira (PFL-MG).


 


 


Apesar de alguns destes deputados pertencerem a partidos com grandes bancadas, eles não costumam seguir as orientações de seus partidos. Muitos, inclusive, foram apelidados nos bastidores como integrantes da “bancada midiática” pó causa do farto espaço que estes deputados receberam da mídia durante a crise política do ano passado, quando surfaram numa onda denuncista com discursos moralizantes que muitas vezes atingiam e ofendiam outros parlamentares.


 


 


O próprio deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos articuladores da “terceira via” assume que seu nome não é apropriado para disputar a presidência da Câmara pois ele não é bem quisto entre muitos de seus colegas de parlamento.


 


 


Sem candidatos viáveis, o grupo dos dezesseis já pensa, inclusive, em apoiar algum nome do PMDB, mas o presidente da sigla, Michel Temer, já anunciou que é contra uma candidatura independente.


 


 


“Não sei qual dos candidatos (Aldo ou Chinaglia) está em melhor posição, nem mesmo entre os deputados do PMDB, mas penso que o melhor para a Câmara é que apenas um deles seja candidato, expressando a maioria de todos os partidos, do governo e da oposição”, disse Temer à Reuters.


 


 


 


Três hipóteses para o PMDB


 


 


A reunião da bancada peemedebista para deliberar sobre o assunto está marcada para as 15h desta terça. Segundo o líder do PMDB, Wilson Santiago (PB), três hipóteses serão levantadas na reunião: apoiar Aldo, ficar com Chinaglia ou lançar candidato próprio. Se não houver consenso, segundo Santiago, a disputa irá a voto dentro da bancada.


 


 


Em busca da maioria do PMDB, Aldo pode se encontrar com alguns deputados do partido antes desta reunião, enquanto Chinaglia mantém conversas com esses mesmos parlamentares.


 


 


Tarso Genro


 


 


Em busca de um acordo entre Aldo e Chinaglia, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, começou nesta segunda conversas com os dirigentes dos partidos da base aliada.


 


 


Além de conversar com o líder do PT, Henrique Fontana (RS), Tarso reuniu-se também com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, que deixou o encontro no Palácio do Planalto sem falar com a imprensa.


 


 


Internamente, o partido tem defendido que Aldo Rebelo leve sua candidatura até o fim. Os comunistas acreditam que a candidatura à reeleição de Aldo é legítima, viável e pode contribuir mais para o caminho de mudanças que o governo Lula prometeu trilhar em seu segundo mandato.


 


 


A expectativa é que Tarso mantenha nesta semana o diálogo com os aliados para encontrar uma solução para a disputa pela presidência da Câmara.


 


 


Ministério?


 


 


 


Quem também resolveu buscar uma saída para o impasse foi o líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS). Ele chegou a sugerir que aquele que não ganhar a disputa “terá todas as condições de assumir um ministério”.


 


 


O presidente da Câmara contestou o líder do PT. “Não creio que o deputado Henrique Fontana possa oferecer ministério para resolver a disputa no Legislativo. Isso não tem procedência”, disse Rebelo.


 


 


Ele lembrou que a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) – líder do governo na Casa – é apoiada por Fontana. “O líder (Fontana) tem liberdade de raciocinar de acordo com os interesses do candidato do seu partido”, retrucou. “Eu creio que havendo condições para a construção de uma candidatura representativa da Casa, melhor. Mas se não houver, a eleição democrática é outro caminho”, afirmou Rebelo, referindo-se à disputa no plenário. Mais uma vez ele afirmou que sua candidatura não pertence a ele e nem, ao seu partido, mas sim a um “amplo leque” de deputados de todas as legendas.


 


 


Posto relevante


 


 


A presidência da Câmara é sempre o cargo mais cobiçado da Casa, principalmente pela base do governo. Como diz um antigo funcionário da Câmara, “nada se faz e se anda sem o presidente”.


 


 


Apesar de ouvir os líderes partidários, o presidente da Câmara tem, por exemplo, a prerrogativa de definir a pauta de votações, comandar e gerenciar as sessões de plenário e, o principal para um governo: decide se aceita ou arquiva representações que pedem o “impeachment” do presidente da República.


 


 


Além disso, o presidente da Câmara é o segundo na linha sucessória do presidente da República. Na ausência do presidente e do vice, é ele quem assume o governo.