PSB e PCdoB articulam bloco pela 4ª secretaria

Por Ana Paula Scinocca, no Estado de S. Paulo
Além de contabilizar as baixas provocadas pelo lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-PR) à presidência da Câmara, os apoiadores de Arlindo Chinaglia (PT-SP) se viram ontem às voltas com

Irritados com o que chamaram de “visão hegemonista” e “doença infantil do PT”, que decidiu lançar Chinaglia na disputa contra o até então candidato único da base governista, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), líderes do PSB e do PCdoB já costuram com PDT e PV um bloco para pleitear cargos na direção da Câmara.



A criação do bloco poderá anular, por exemplo, o acordo entre PT e PL que permitiu o apoio dos liberais à candidatura de Chinaglia em troca da quarta secretaria, conforme revelou o deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE).



PSB e PCdoB têm juntos 40 deputados, o que já é suficiente, pelo critério da proporcionalidade, para reivindicar a quarta secretaria da Câmara. “Vamos trabalhar com empenho para o crescimento do bloco e a conquista de outros partidos, como o PDT e o PV”, confirmou ontem o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo. Dirigentes do PSB também destacaram o empenho dos aliados em brigar pelo que é deles por direto, se o critério da proporcionalidade for mantido.



Segundo um integrante do PSB, se Aldo vencer a disputa o bloco não brigará por mais cargos. Mas, se o resultado da eleição para a presidência da Câmara for desfavorável ao comunista, vão lutar para assegurar a quarta secretaria. Os dirigentes do PSB e do PCdoB, porém, ainda não fecharam questão em torno de um nome que possa vir a ser indicado para concorrer ao cargo.



O regimento da Câmara estabelece que a escolha das sete vagas de titular e as quatro suplências é feita pelos partidos de acordo com o tamanho das bancadas. O PT, segundo maior partido, poderia fazer a segunda e a sétima escolha. Com a formação do bloco, no entanto, lhe restaria a oitava escolha, ou seja, uma suplência para negociar com o PL.



Dedos e pedras



“Isso não é uma reação a Chinaglia. O bloco favorece os dois partidos, que poderão ter um membro efetivo da Mesa e a presidência de duas comissões temáticas permanentes”, afirmou o deputado e senador eleito Renato Casagrande (PSB-ES). “Além disso, é também uma demonstração de que, na política, quando se mexe de um lado, mexe-se do outro. Não somos apenas pedras, mas também dedos que movem as pedras.”



O presidente do PCdoB afirmou que a formação de um bloco já era o objetivo dos dois partidos havia mais tempo. “É uma forma de termos participação em comissão e presença maior na Mesa da Câmara”, afirmou Rabelo. Para ter efeito na distribuição dos cargos da Mesa e das presidências de comissões permanentes, os blocos terão de ser formalizados até o dia 31.



Frases



Renato Rabelo
Presidente do PCdoB
“É a forma de termos presença maior na Mesa. Vamos trabalhar para o crescimento do bloco.”



Renato Casagrande
Deputado do PSB
“Não é reação a Chinaglia. É uma demonstração de que, na política, quando se mexe de um lado, mexe-se do outro. Não somos apenas pedras, mas também dedos que movem as pedras”



Fonte: O Estado de S. Paulo