Sem categoria

O antiimperialismo é a essência do espírito da nossa época, diz José Reinaldo

Para Priscila Lobregatte

Para o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, o Fórum Social Mundial, que começa neste sábado, no Quênia, tem a missão de se fortalecer como instância de questionamento ao neoliberalismo e luta intensa contra o imp

Preparado para embarcar neste sábado para o Quênia, rumo à 7ª edição do Fórum Social Mundial, o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, falou rapidamente ao Vermelho sobre a importância do evento. Ao lado de outros comunistas como Ricardo Abreu “Alemão”, secretário nacional de Movimentos Sociais, Olívia Santana e Everaldo Augusto, vereadores em Salvador, Luciana Santos, prefeita de Olinda, Nivaldo Santana e Eron Bezerra, deputados estaduais pelo PCdoB de São Paulo e do Amazonas, José Reinaldo participará de algumas das principais atividades do evento. Para ele, realizar o FSM na África é importante para “para que se crie um ambiente de discussão, de mobilização e de apelo à consciência mundial, às autoridades de organismos multilaterais, aos países irmãos para que assumam não uma atitude paternalista, mas solidária para com o continente”.




 


Qual o balanço você faz destes sete anos de FSM?


O FSM se firmou como um importante espaço de debate e de ação política do movimento social e popular. Através dele foi possível fazer uma confrontação de idéias importantes das diversas correntes que atuam no movimento social mundialmente e adotar uma série de linhas de conduta na luta antiimperialista. Foi desse ambiente, por exemplo, que saíram as grandes manifestações pela paz contra a guerra imperialista no ano de 2003, bem como as assembléias dos movimentos sociais e contra a guerra, dentro do próprio fórum, que possibilitaram a adoção de jornadas, calendários e plataformas de lutas que tiveram efeito bastante mobilizador e orientador para o movimento social em todo mundo. No entanto, o FSM precisa superar algumas debilidades. E a principal reside no fato de haver quem queira que o fórum seja apenas assim uma espécie de “clube de debates” pitoresco. Não condeno esse lado de observar a diversidade de comportamento e ideologias presentes no fórum, mas acredito que o FSM precisa assumir um caráter antiimperialista.





Qual a importância de o Fórum Social Mundial acontecer na África?
A África é um continente dilacerado pela fome, pelos problemas sociais e pelas guerras, algumas delas fratricidas. Todos esses fenômenos são herança do colonialismo e conseqüências do neocolonialismo, sobre o qual potências imperialistas têm grande responsabilidade. Então, realizar o FSM num continente que sofre tamanhos problemas sociais, econômicos e políticos é importante para chamar a atenção para a dramaticidade dessa realidade e para que se crie um ambiente de discussão, de mobilização e de apelo à consciência mundial, às autoridades de organismos multilaterais, aos países irmãos para que assumam não uma atitude paternalista, mas solidária para com o continente. E o Brasil tem papel de destaque no FSM e vai estar presente através dos movimentos sociais, de personalidades políticas e da esquerda, como o próprio PCdoB. Lá, haverá um espaço chamado Casa do Brasil, sob a responsabilidade do governo brasileiro, um espaço não só de ponto de encontro da delegação brasileira, como também de convergência entre o país e as representações de países africanos. O governo e as empresas estatais deverão aproveitar a ocasião, inclusive, para realizar acordos de cooperação com os países africanos, em especial o Quênia.




O Instituto Maurício Grabois vai realizar ainda três debates, dois dos quais com a Fundação Perseu Abramo. Que peso tem esses eventos para os defensores da via socialista?


Será através do IMG que vamos garantir a discussão do tema socialismo. Adotamos o lema do fórum  – “outro mundo é possível” – mas vamos além, afirmando que esse outro mundo possível é o socialismo. E o socialismo aparece redivivo nas lutas antiimperialistas atuais e na ação de governos socialistas ou inclinados ao socialismo como Cuba e Venezuela. É importante, no marco dessa diversidade, debater o socialismo no século 21 com entidades congêneres.


O IMG e Fundação Perseu Abramo vão realizar um debate sobre as relações do Brasil com a África. Esperamos uma boa presença de público. Do PCdoB, participa o deputado estadual e membro do Comitê Central, Nivaldo Santana. Acredito que o evento poderá vai sintetizar as preocupações da esquerda brasileira no que diz respeito às relações entre Brasil e África.




Haverá também fóruns importantes como a dos movimentos sociais e contra a guerra…


A assembléia dos movimentos sociais deverá mobilizar todos os movimentos sociais representativos do mundo. Do Brasil, cito, por exemplo, a UNE, a CUT, o MST, a Contag, a Unegro, a UBM, a UJS. Estas entidades deverão participar desse encontro tendo em vista a unidade entre os movimentos e a criação de uma agenda comum de lutas contra o imperialismo. Isso porque o antiimperialismo é a própria essência do espírito da nossa época. A luta antiimperialista está amadurecendo e se desenvolvendo e os movimentos sociais precisam abraçar essa causa.




Ao mesmo tempo,  essa assembléia precisa representar a contra-ofensiva dos movimentos classistas e dos movimentos sociais contra a ofensiva dos países capitalistas que têm um caráter antioperário, anti-social e antipopular. Quando dizemos que o neoliberalismo está em crise, é verdade. Mas, não significa que esteja desaparecendo por si só. Está em crise porque não foi capaz de superar a crise do capitalismo a ainda agregou novos elementos a essa crise. Mas o neoliberalismo, em termos de ação dos governos capitalistas contra o direito dos trabalhadores, continua em plena ofensiva e uma assembléia como essa precisa ser uma contra-ofensiva a essas ações.




Já a assembléia contra a guerra, do qual devem participar o Cebrapaz, o Movimento Brasileiro pela Paz e o Conselho Mundial da Paz, deve representar a contra-ofensiva contra uma política de guerra que ainda está em curso. O imperialismo norte-americano vem sofrendo derrotas seguidas no Iraque e, junto com Israel, foi derrotado na guerra do Líbano, mas continua armando novas ofensivas guerreiras. Ao mesmo tempo, vem fazendo provocações inadmissíveis contra o Irã, a Coréia do Norte, Cuba e Venezuela e continua a política de militarização do planeta através de suas bases militares. Ou seja, a política de guerra continua viva e intensa. A assembléia deve também reforçar a convocação para a Conferência Internacional pela Abolição das Bases Militares Estrangeiras, que acontece em março, no Equador. E o Cebrapaz, uma das entidades mais ativas no FSM, fará, ainda, ao lado do Conselho Mundial da Paz, uma atividade chamada “A luta pela paz contra a guerra imperialista”. O FSM deve servir para unir os movimentos sociais de maneira a potencializar a luta contra o imperialismo.


Veja, abaixo, a programação do Cebrapaz e o IMG









































































Programação de Atividades para o FSM – Nairobi 20/01 a 25/01
DATA Atividade Organização Promotora Período Local
20/jan Abertura   13h30 Uhuru Park
22/jan As relações África-Brasil Instituto Maurício Grabois e Fundação Perseu Abramo 14h30 – 17h *
22/jan A luta pela paz contra a Guerra Imperialista CEBRAPAZ e Conselho Mundial da Paz  17h30-20h *
23/jan A luta pelo socialismo no século 21 Instituto Maurício Grabois  14h30-17h *
23/jan Os resultados da eleição no Brasil e as perspectivas do segundo governo Lula  Instituto Maurício Grabois e Fundação Perseu Abramo 17h30-20h *
24/jan Assembléia Foro de Autoridades Locais Rede FAL 9h Hotel la Mada
24/jan Assembleia dos Mov. Sociais * *
24/jan Assembléia Contra a Guerra * *
25/jan Encerramento * *
*Verifique a hora e o local das atividades no portal do FSM



Para ver o texto da edição de A Classe Operária especial para o FSM, clique aqui