Velho Chico: uma questão humanitária – Messias Pontes
Quando há coragem e determinação política tudo é possível. Agora não temos mais dúvidas da interligação do São Francisco com os rios do Nordeste Setentrional, pois o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está determinado a realizar essa importante obra e j
Publicado 23/01/2007 17:09 | Editado 04/03/2020 16:37
A insensibilidade, a desinformação e até a ma fé dos governos anteriores dos estados banhados pelo Velho Chico, em especial os de Sergipe e Bahia, e até mesmo setores de esquerda e de ambientalistas míopes, atrasaram por demais uma obra que deveria ter sido concluída há quase dois séculos. Afinal, trata-se da segurança quanto à disponibilidade de recursos hídricos para os fins mais nobres e prioritários.
Por fazerem uma oposição raivosa ao governo do presidente Lula, o PFL e setores do PSDB e da extrema esquerda nordestina estão causando um tremendo prejuízo e cometendo uma injustiça sem tamanho aos 12 milhões de irmãos que sofrem as agruras da seca no Nordeste Setentrional – Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Pode-se até se compreender essa irracionalidade, que tem por objetivo não permitir que Lula entre para a história como o presidente que garantiu a transposição. O que não dá para entender é a posição do governador de Sergipe, o petista Marcelo Deda, fazer coro com aqueles.
É até louvável que os governadores de Minas, Sergipe, Bahia e Alagoas lutem pela revitalização do Velho Chico, tão maltratado nas últimas décadas. Porém é oportuno lembrar que são justamente esses estados os responsáveis pela degradação do rio, quer pela destruição das suas matas ciliares, quer por jogarem no seu leito todos os dejetos das cidades ribeirinhas.
É sabido por todos que a água que será subtraída do São Francisco – 26 metros cúbicos por segundo – em nada afetará a navegação, a irrigação e a geração de energia, até porque ela já terá passado por todos os estados e irá desembocar no mar. Alegar que, principalmente no Ceará, há bastante água acumulada nos seus reservatórios não deixa de ser verdade. Porém trata-se de reserva estratégica para garantir o abastecimento nos períodos de seca.
Para alegria nossa, o ministro Pedro Brito, da Integração Nacional, anunciou que as obras vão começar no próximo mês. Um dos mais entusiasmados é o deputado Chico Lopes (PCdoB), um dos coordenadores da Comissão Estadual Pró-transposição das Águas do São Francisco para o Ceará. Segundo o parlamentar comunista, que em 1º de fevereiro assume uma cadeira na Câmara Federal, este momento é decisivo, e “agora, mais do que nunca, temos de acompanhar todo o processo, pois, afinal, é o futuro do Ceará que está em jogo e da transposição depende em grande parte o desenvolvimento sustentável do Nordeste Setentrional”.
Os recursos para o início das obras de transposição, que agora foi batizado de Projeto de Integração do Rio São Francisco, já estão asseguradas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), e já foram transferidos para o Ministério da Defesa R$ 100 milhões, já que as obras serão iniciadas pelo Batalhão de Engenharia do Exército em Cabrobró, em Pernambuco, com a presença já assegurada do presidente Lula, que tem reiteradas vezes afirmado que esse projeto de integração é uma questão humanitária.
Messias Pontes é jornalista