Análise: Como está e para onde vai a economia cubana?
A exportação de bens e serviços se torna a principal atividade comercial de Cuba, que deve ter bom crescimento econômico em 2007. “Em Cuba não se pode fazer o cálculo do PIB sem incluir os avanços sociais como parte significativa da economia. As ativid
Publicado 25/02/2007 16:27
A economia cubana alcançou um crescimento sustentável desde 1995, ano em que se conseguiu deter a abrupta queda de seus índices em face da derrubada do campo socialista.
Durante este período, uma acertada política governamental que incluiu a reorientação da economia, favoreceu a recuperação da balança comercial do país, a ponto que Cuba alcançou em 2006 o mais alto índice de crescimento da América Latina.
Segundo declaração do ministro cubano de Economia e Planejamento, José Luis Rodríguez, no Encontro Internacional sobre Globalização e Problemas de Desenvolvimento, realizado em Havana, as perspectivas para este ano são manter o alto crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Os resultados econômicos e sociais mais significativos dos últimos anos se devem a importantes mudanças estruturais na política econômica e ao aperfeiçoamento das atividades comerciais, buscando maior rentabilidade, com menos consumo.
Setor terciário cresce
A transformação para uma economia baseada nos serviços substituiu o frágil papel desempenhado pela agricultura canavieira na última etapa. Dentro do PIB, os serviços passaram a representar 76% em 2006, enquanto em 1989 era apenas de 55%. Exatamente essa área econômica ocupa quase três quartos das exportações e recebe 68% dos investimentos globais.
Nesse setor terciário, declarou o ministro, o panorama mudou muito, já que se inverteu a tendência tradicional de manter a prioridade da exportação de bens. Atualmente, os serviços são o principal produto de exportação da Ilha e seu aperfeiçoamento garantirá a posição de Cuba no mercado internacional.
Outra transformação operada no comércio internacional do país foi a reorientação geográfica, que em 1989 se centralizava na Europa com 88%, enquanto a América Latina desfrutava de apenas 6% desse intercâmbio. Em 2005, essas cifras eram de 30% para a América Latina e de 35% para o Velho Continente.
Nesses indicadores desempenhou um papel significativo a integração política e econômica com vários países da área, principalmente com a Venezuela, maior parceiro comercial de Cuba. Outros convênios se estabeleceram com Bolívia, Brasil, Argentina e Nicarágua. A China, como grande potência, se mantém em segundo lugar das transações, mas tornou-se um considerável exportador de tecnologias para o país.
Precisamente, as relações comerciais com essas nações e a expansão do crédito externo permitiram a Cuba o desenvolvimento de um programa eletro-energético que eliminou os desagradáveis “apagões” por falta de disponibilidade de energia.
Programas complementares
Realizaram-se ao mesmo tempo projetos de desenvolvimento hidráulico, reforço alimentício para a população, um plano nacional de construção e reparação de moradias; além disso, prevê-se o resgate gradual do transporte.
Alguns produtos-chave da economia cubana como o níquel, o petróleo, o fumo, o turismo e a biotecnologia mantêm um desenvolvimento favorável. Entretanto, a agricultura e a pecuária mostram poucos resultados, devido aos furacões e às secas, mas também à ineficiência na cadeia produtiva e de comercialização no mercado interno.
Ao lado da recuperação econômica – disse o ministro -, houve uma significativa melhoria nos índices sociais mais importantes que tinham sido atingidos pela crise até a primeira metade da década passada.
O ministro afirmou ainda: “Este novo enfoque se tem sustentado na busca dos melhores resultados com o mínimo de recursos, mantendo o princípio de solidariedade social e assegurando o desenvolvimento mediante a melhoria do capital humano indispensável para uma economia baseada no conhecimento”.
Desemprego de 1,9%
Nesse contexto, se concebe o estudo como emprego remunerado para reciclar os membros da sociedade (desempregados temporariamente) para assim, alcançar uma alta qualificação dos trabalhadores.
Em Cuba não se pode fazer o cálculo do PIB sem incluir os avanços sociais como parte significativa da economia. As atividades produtivas garantem os índices de bem-estar necessários para a manutenção da sociedade.
O ano de 2006 fechou com uma taxa de mortalidade infantil de 5,3 em cada mil nascidos vivos e a esperança de vida chega aos 76 anos. O analfabetismo se mantém em 0,2%, e a escolaridade média da população é de nona série.
Também as pensões aumentaram e a construção de moradias alcançou mais de 110 mil unidades. O desemprego foi de 1,9%.
Perspectivas para 2007
O ministro de Economia e Planejamento prognosticou um ritmo de crescimento de 10%, com avanços em todas as áreas produtivas, incluindo a recuperação do setor agropecuário.
A produção de alimentos receberá atenção especial, bem como a exportação de bens e serviços e o incremento do turismo. Um dos setores mais atrasados pela carência de veículos, peças de reposição, combustível e a deterioração das vias de comunicação é o transporte que começará a receber investimentos diretos para melhorar essas dificuldades.
Assinaram-se com a China importantes acordos para a melhoria do transporte de carga e de passageiros, com a importação de ônibus e de locomotivas. Recentemente, firmaram-se com a Venezuela 14 convênios econômicos por um valor total de US$ 1,2 bilhões, o que inclui investimentos em setores importantes como a extração de petróleo em águas cubanas do golfo do México, uma empresa mista para a exploração do níquel e o desenvolvimento do turismo venezuelano para Cuba.
A poupança da energia e dos combustíveis será uma das principais fontes de riqueza do país; mas, para isso, declarou o ministro, é necessário maior eficiência econômica e melhor produtividade do trabalho.