Martinha: mulher, jovem e comunista
No Dia Internacional da Mulher o Vermelho/Ce homenageia todas as mulheres ao registrar a trajetória da jovem sindicalista e militante do PCdoB, Marta Brandão, uma operária dedicada à luta do povo e à emancipação das mulheres.
Publicado 08/03/2007 10:32 | Editado 04/03/2020 16:37
Marta Brandão, tem 35 anos, é diretora CUT/CE. Seu primeiro contato com o PCdoB foi quando trabalhava na fábrica CIONE e sentia na pele o regime de extrema exploração que vivia a categoria. “A gente não tinha nenhum direito, nem alimentação, nem fardamento e até mesmo o comprovante de pagamento do salário era negado. Além disso, na época, 90% da categoria era mulher – hoje ainda chega a 70% – e os patrões não nos respeitavam de jeito nenhum”. Martinha havia largado os estudos para trabalhar e sustentar a filha recém-nascida. Ao buscar o sindicato para enfrentar a exploração patronal encontrou diversos militantes comunistas com os quais passou a conviver e a conhecer as idéias do PCdoB. No partido passou a atuar numa base que reunia cerca de 70 trabalhadores e logo passou a ajudar na organização da categoria fazendo filiações ao sindicato.
Em pouco tempo a jovem castanheira seria eleita diretora do sindicato e passou a ser uma referência da categoria. Martinha considera a experiência no sindicato fundamental e ao voltar para a fábrica depois de dois anos “retornei com melhor condição de enfrentar os patrões e mais poder de argumentação”. Na época viveu uma luta diferente quando os produtores de castanha tentaram exportar o produto in natura para as indústrias da Índia, o que provocaria a demissão de centenas de trabalhadores cearenses. Uma manifestação com mais de seis mil trabalhadores no porto de Fortaleza impediu a exportação. “Foi uma das coisas mais lindas que vivi e aprendi que nossa luta não era só na fábrica, mas também era preciso uma mobilização política maior para garantir nossas vitórias”. Em 1997 Martinha foi eleita presidente do sindicato, onde está há três gestões.
Um partido diferente
“Sempre vi o pessoal do PCdoB na porta da fábrica, apoiando nossa luta. Tinha trabalhadores, estudantes e parlamentares como o Inácio Arruda e o Chico Lopes. Era um pessoal que não queria ser mais do que nós simples operárias e aí percebi que o PCdoB era um partido diferente”. Desta forma Marta Brandão descreve sua simpatia pelo partido que considera responsável por sua formação como militante política, como cidadã, como mulher, mãe e mais recentemente como avó de Raul, de apenas um ano de idade.
Para a jovem sindicalista “no PCdoB percebi que uma trabalhadora como eu é tratada da mesma maneira que um parlamentar ou um professor universitário, somos respeitados da mesma maneira e temos os mesmos direitos.” Martinha integra Comitê Estadual do Ceará, do qual compõe a Comissão Política e o Secretariado, e o Comitê Municipal de Fortaleza, além disso compõe a Comissão Sindical Estadual e ainda atua na Comissão Estadual de Mulheres. Em relação ao Comitê Municipal de Fortaleza chama atenção para a destacada presença das mulheres, maioria tanto na Comissão Política como no Secretariado. “Isso é raro de se ver não apenas nos outros partidos, mas até mesmo no nosso”, afirma a jovem dirigente.
Por Inácio Carvalho