Messias Pontes – PCdoB: 85 anos de lutas e glórias
Fundado em 25 de março de 1922, em congresso realizado no Rio de Janeiro e Niterói, com a participação de nove delegados representando os grupos comunistas de Recife, Porto Alegre, São Paulo, Rio, Niterói e Cruzeiro (SP), o Partido Comunista do Brasil com
Publicado 20/03/2007 18:11 | Editado 04/03/2020 16:37
Nascido com apenas 73 militantes, o PCdoB tem hoje mais de 200 mil filiados, sendo o mais antigo partido político do País e o verdadeiro representante do proletariado brasileiro, sendo, pois, o Partido do Socialismo. Pelas sua intransigente posição em defesa dos trabalhadores em geral, da igualdade social, da soberania nacional e do internacionalismo proletário, sofreu ao longo da sua existência todo tipo de calúnias e perseguições. Porém nunca arredou pé dos seus princípios.
Com exceção do Movimento Tenentista, que na época o Partido não soube compreender a sua importância, todas as grandes batalhas em defesa dos trabalhadores, da democracia e da soberania nacional tiveram a participação ativa dos comunistas. Vale destacar a luta contra a ditadura estadonovista, a campanha pelo envio de tropas brasileiras para lutar contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial, a defesa do monopólio estatal do petróleo que culminou com a criação da Petrobrás em três de outubro de 1953, e a luta contra a ditadura militar.
Por tudo isso o Partido foi tão perseguido e teve os seus principais dirigentes presos, torturados e assassinados, além do exílio de muitos deles que só retornaram com a anistia de agosto de 1979. Foi o PCdoB quem comandou a gloriosa Guerrilha do Araguaia, a maior resistência armado ao regime militar, entre 1972 e 1975. Depois de três cercos militares quando foram utilizados mais de 20 mil homens, o movimento foi aniquilada e quase todos os guerrilheiros presos, barbaramente torturados e assassinados covardemente. Um fato que merece também um destaque especial é a chacina da Lapa, quando foram assassinados de surpresa os dirigentes Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, caso que abordaremos em outro artigo.
A Guerrilha do Araguaia representa uma das páginas mais brilhantes da história dos comunistas brasileiros. Seus membros foram verdadeiros heróis e hoje mártires nacionais, entre eles o cearense Bérgson Gurjão que foi dependurado numa árvore de cabeça para baixo, covardemente torturado e em seguida degolado. Ainda hoje os familiares dos guerrilheiros do Araguaia lutam para conseguir os seus restos mortais para dar-lhes uma sepultura digna.
Nesses 85 anos de luta, vale destacar o heroísmo ímpar de Carlos Nicolau Danielli. Este merece figurar em todos os compêndios de história do Brasil pela sua bravura, determinação e defesa incomum do País e do Partido Comunista do Brasil. Filho de pai comunista, Carlos Danielli começou sua militância aos 15 anos na União da Juventude Comunista. Aos 18 anos filia-se ao PCdoB – idade mínima na época para filiação partidária – e aos 25 já era eleito para o Comitê Central do Partido tal a sua determinação e firmeza política e ideológica, cumprindo com maestria todas as tarefas a ele confiadas.
Durante a Guerrilha do Araguaia, Carlos Danielli dirigia o jornal A Classe Operária e era o elo entre a direção do Partido e a Guerrilha. Com a sua prisão, os generais acreditavam que chegariam até o local onde se concentravam os guerrilheiros, pois sabiam que Danielli sabia de tudo. Quebraram-lhe quase todos os ossos, mas ele sempre repetia que dele os inimigos do povo não arrancariam nada. “Eu sei mas não digo”. Foi torturado até a morte.. Em sua homenagem, dei o seu nome ao meu filho, hoje com 33 anos. É realmente um dos maiores heróis do povo brasileiro, e por isso deve ser reverenciado.
Messias Pontes é jornalista