Ex-ministro de FHC “completa” nomes do PMDB no governo Lula
Ministro da Previdência no governo de Fernando Henrique Cardoso, o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) anunciou, nesta quinta-feira (22), em entrevista à imprensa, que ocupará a pasta da Agricultura. Ele assumirá o lugar de Luís Carlos Guedes Pinto.
Publicado 22/03/2007 20:16
O PMDB já ocupa os ministérios da Integração Nacional (Geddel Vieira Lima), Comunicações (Hélio Costa), Saúde (José Ramos Temporão) e Minas e Energia (Silas Rondeau). O Ministério da Agricultura foi cedido ao PMDB neste segundo mandato, em acordo com a coalizão de partidos que apóiam Lula.
O nome de Stephanes foi indicado para o cargo pela bancada do partido na Câmara, depois que o deputado Odílio Balbinotti (PMDB-PR) desistiu da pasta, no último fim de semana. Balbinotti é investigado pelo Supremo Tribunal Federal.
Logo após o anúncio da desistência de Balbinotti, Michel Temer voltou a se reunir com o presidente Lula e apresentar a ele uma nova lista com nomes de candidatos ao cargo. Integravam a lista, além de Stephane, os deputados Waldemir Moka (MS), Tadeu Filipelli (DF), Eunício Oliveira (CE), Valdir Colatto (SC), Moacir Micheletto (PR) e Fernando Diniz (MG).
Diálogo com ruralistas
Em conversa com jornalistas após o encontro com Lula, Stephanes minimizou as resistências da bancada ruralista ao seu nome. “Eu tenho a disposição do diálogo e da conversa. Estou tranqüilo”, disse. Sobre o fato de ter sido ministro da Previdência, motivo de crítica dos ruralistas, por se tratar de uma área sem relação direta com a agricultura, o deputado disse: “Aquilo foi quase um acidente de percurso. Minha origem é a agricultura.”
Stephanes negou que sua indicação para o cargo tenha sido apadrinhada pelo governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB). “Eu não sou ministro do Paraná”, disse.
Embrapa
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que participou da audiência com Lula, contou que o presidente “falou muito bem” do atual presidente da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Sílvio Crestana, e recomendou a Stephanes sua manutenção.
Temer relatou, ainda, que Lula disse ter escolhido Stephanes pelo currículo dele. “Você tem um passado administrativo confiável. Tenho certeza de que, na Agricultura, vai obter os mesmos resultados que conseguiu em cargos anteriores.” Segundo Temer, Lula fez elogios também ao ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.
Biografia:
Ex-filiado à Arena, o partido de sustentação da ditadura militar (1964-1985), e ministro dos governos Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso, o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) volta ao primeiro escalão do governo como novo ocupante da pasta da Agricultura.
Filho de pequenos agricultores e estudioso do assunto –presidiu a Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural–, o economista de 67 anos assume o cargo após a desistência do correligionário Odílio Balbinotti (PMDB-PR), que renunciou à indicação por responder a processo por falsidade ideológica no Supremo Tribunal Federal.
Stephanes está no sexto mandato de deputado federal, dois deles com o país ainda sob domínio das Forças Armadas. Na legislatura anterior (2003-2006), ele não foi eleito, mas chegou à Câmara em 2005, na vaga de José Borba (PMDB-PR), que renunciou, acusado de envolvimento com o esquema do mensalão.
A carreira de Stephanes na administração pública começou em 1966, quando foi nomeado secretário municipal da Fazenda de Curitiba. Anos depois, já militante da Arena e funcionário do Ministério da Agricultura, elegeu-se pela primeira vez deputado federal, mas pediu licença para se tornar secretário da Agricultura do Paraná.
Em 1983, no PDS, partido que herdou o espólio da Arena, Stephanes se reelegeu, mas acabou fora da Assembléia Constituinte com a reabertura democrática.
Retornou à Câmara pelo PFL, em 1991, e um ano depois se tornou ministro da Previdência do governo Collor, pasta que acumulava também o Trabalho. Ficou no posto até o impeachment do presidente também em 1992. Com a vitória de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994, o paranaense voltou à pasta da Previdência.
Estimulado pelo governador paranaense Roberto Requião, migrou para o PMDB e trabalhou como secretário da Administração, do Planejamento e da Coordenação Geral no governo do Paraná. Deixou a administração estadual apenas no ano passado para voltar à Câmara. Stephanes é casado e tem quatro filhos.
Da redação,
com agências