Cientista faz alerta a deputados e senadores sobre aquecimento global

A temperatura deverá elevar, em média, 0,3º (graus) por década, nas próximas três décadas. Após este período, ela se dará em escala ainda maior e, no final deste século, o clima estará entre 4 a 5º mais que

O alerta foi feito por Manzi com base em estudos e modelos climáticos realizados em todo o mundo e exposto aos deputados e senadores da Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional. Nesta segunda-feira dia 18, a Comissão esteve em Manaus e realizou, na Assembléia Legislativa do Amazonas (ALE), mais uma audiência pública – a primeira ocorreu em Belém (PA). Elas auxiliarão, diz o presidente da Comissão, deputado Eduardo Gomes, na elaboração de uma política nacional de mudanças climáticas.


 


O coordenador do LBA, projeto brasileiro que conta com a interlocução de dezenas de institutos dos Estados Unidos e União Européia, explica ainda que pesquisas têm mostrado que pequenas elevações de temperatura também contribuem para o aumento de casos de doenças tropicais, como a malária. “Precisamos de políticas públicas que busquem reverter esse quadro, tais como o reflorestamento de áreas degradadas para o seqüestro de carbono, exploração seletiva de madeira e o zoneamento da região”.


 


O deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) destacou a recém-criada lei de mudanças climáticas (nº 3.135, de 5 de junho deste ano) do Governo do Amazonas como uma iniciativa que visa o combate mais rigoroso ao desmatamento e de promoção do desenvolvimento sustentável. A deputada Vanessa Grazziotin, presidente da Comissão da Amazônia da Câmara Federal, ressalta a parceria entre as comissões da Amazônia, Mista e do Meio Ambiente para a promoção do debate em torno da temática. “Nosso objetivo é discutir alternativas de desenvolvimento para a Amazônia, que abriga 22 milhões de pessoas”. A deputada Rebeca Garcia (PP-AM) diz que a vinda de parlamentares para a região é fundamental para que estes conheçam a realidade amazônica e as necessidades dos que vivem na região.


 


Estatística da destruição


 


A preocupação do pesquisador Manzi foi reforçada pelos dados estatísticos apresentados pela promotora de Justiça Maria José da Silva Nazaré, da Promotoria Especializada na Defesa do Meio Ambiente, e pelo promotor de Justiça José Roque Nunes Marques, atuante na área há mais de 20 anos. Segundo Maria José, o número de processos criminais registrados pela promotoria dobrou em 2006 em relação a 2005, quando foram contabilizados 445 casos de crimes contra o meio ambiente.


 


“Neste ano, até maio, já são 226 processos, sendo 87 nas regiões Sul e Sudeste do Amazonas, dos quais 72 referentes a desmatamentos”, afirma a promotora, referindo-se à região conhecida como arco do desmatamento no Estado. José Roque denuncia a ausência do Estado na região e que este é um dos grandes problemas, que estimula o avanço dos crimes ambientais. “E isso ocorre através da expansão agrícola, extração ilegal de madeira, pesca predatória, biopirataria e o crescimento desordenado das cidades”.


 


O promotor apresentou, durante sua exposição à Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas do Congresso, o avanço da pecuária na Amazônia, que passou de 1,7 milhão de cabeças em 1964 para 60 milhões quarenta anos depois (2004). Já o desmatamento, o primeiro passo para a introdução do gado e da agricultura, chega a 16% da Amazônia e que caminha 24 mil quilômetros quadrados por ano. “Comemoramos a redução do desmatamento, mas os números ainda são vergonhosos”, aponta o promotor.


 


De Manaus,
Hudson Braga